Mark, Mary & Outras Pessoas: Um Romance Moderno Que Nos Pega de Surpresa (e de Guarda Baixa)
Há filmes que você assiste e esquece. Há filmes que você assiste e discute com os amigos no dia seguinte. E há filmes como Mark, Mary & Outras Pessoas, que ficam com você, fermentando em seu cérebro, muito depois dos créditos finais. Lançado em 2021 e chegando aos cinemas brasileiros em 21 de julho de 2022, este longa-metragem, dirigido e escrito por Hannah Marks, é uma bomba-relógio emocional disfarçada de comédia romântica. Quatro anos depois de seu lançamento, ainda estou pensando nele, e isso, para mim, já diz muito.
A sinopse, sem spoilers, é simples: Mark e Mary se apaixonam perdidamente, casam-se, e então Mary propõe algo que vai abalar as bases do relacionamento deles. O que se segue é uma exploração honesta e, por vezes, desconcertante, das complexidades do amor, da monogamia e da modernidade. É um filme sobre escolha, sobre comunicação (ou a falta dela) e sobre a luta incessante para encontrar a felicidade em um mundo que raramente simplifica as coisas.
A direção de Hannah Marks é um ponto alto. Ela consegue equilibrar o humor, às vezes sarcástico e mordaz, com momentos de vulnerabilidade crua e comovente. A câmera acompanha os personagens com uma intimidade que nos aproxima da sua insegurança e dos seus medos, sem jamais ser invasiva. A escolha estética, leve e naturalista, funciona perfeitamente para criar um ambiente autêntico, principalmente em cenas ambientadas em Los Angeles, que transpiram a energia e a atmosfera da cidade.
Atributo | Detalhe |
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Diretora | Hannah Marks |
Roteirista | Hannah Marks |
Produtores | Kelly Williams, Hannah Marks, Jonathan Duffy, Brendan Walter, Jon Lullo |
Elenco Principal | Ben Rosenfield, Hayley Law, Nik Dodani, Odessa A'zion, Matt Shively |
Gênero | Comédia, Drama, Romance |
Ano de Lançamento | 2021 |
Produtoras | Ten Acre Films, Crush Pictures, Bee-Hive Productions, Sweet Blood Films, Ranch Hand Entertainment |
O roteiro, também assinado por Marks, é inteligente e perspicaz. Não se trata apenas de uma narrativa sobre a não-monogamia; é uma análise complexa das expectativas que colocamos nos relacionamentos, das pressões sociais e da dificuldade de se comunicar honestamente com o parceiro. Os diálogos são realistas, cheios de gaguejos, hesitações e frases incompletas – exatamente como as conversas reais.
As atuações são excelentes. Ben Rosenfield e Hayley Law transmitem uma química palpável e convincente como Mark e Mary. Eles conseguem nos fazer acreditar na paixão avassaladora do início do relacionamento, assim como na fragilidade e na confusão que seguem a proposta de abrir o casamento. O elenco de apoio, com destaque para Nik Dodani e Odessa A”zion, também entrega performances sólidas, adicionando camadas de complexidade a essa teia de relacionamentos.
Os pontos fortes do filme são sua honestidade brutal e sua recusa em oferecer respostas fáceis. Mark, Mary & Outras Pessoas não é um filme que vai te dizer o que pensar sobre a não-monogamia, mas te força a refletir sobre seus próprios valores e crenças sobre o amor e os relacionamentos. Essa profundidade emocional é o que o torna tão memorável. Por outro lado, alguns podem achar o ritmo um pouco lento, principalmente em certas cenas que se prolongam mais do que o necessário.
O filme explora temas relevantes para os millennials e a geração Z, como a pressão por uma vida perfeita nas redes sociais e a busca por autenticidade em um mundo cada vez mais superficial. A mensagem central parece ser a de que a felicidade não está em um modelo de relacionamento pré-determinado, mas na comunicação honesta e no esforço contínuo para se entender e entender o parceiro.
Em resumo, Mark, Mary & Outras Pessoas é um filme que me surpreendeu, tanto pelos momentos hilários quanto pelos profundamente emocionantes. Embora algumas pessoas possam achar o filme lento ou previsível em alguns pontos, a honestidade e a complexidade dos personagens, aliadas à direção segura e às atuações convincentes, tornam este longa uma experiência inesquecível. Se você procura um filme que te faça pensar, sentir e, talvez, até mesmo questionar suas próprias convicções sobre o amor, eu recomendo fortemente Mark, Mary & Outras Pessoas. Acho que, em 2025, ele ainda permanece como um filme surpreendentemente relevante e tocante. Vale a pena assistir, e repensar, mais de uma vez.