Matilda, a Espalha Brasas

Matilda, a Espalha Brasas: Um Brilho Mágico Que Resiste ao Tempo e à Maldade

Em um cenário cinematográfico onde, tantas vezes, a originalidade parece um recurso em extinção, existem joias raras que pulsam com uma vitalidade inesgotável. E, acreditem, em 17 de setembro de 2025, quase três décadas após sua estreia original nos Estados Unidos em 1996 – e um pouco mais de 28 anos desde que chegou aos cinemas brasileiros em 24 de janeiro de 1997 – Matilda, a Espalha Brasas continua sendo uma dessas preciosidades que precisamos agarrar com força. Não é apenas um filme, é um manifesto sobre o poder do intelecto, da bondade e da imaginação contra a mais pura e ridícula tirania.

Para quem ainda não embarcou nesta aventura (e, por favor, se você faz parte desse grupo, corra para alguma plataforma de streaming agora mesmo!), a história nos apresenta Matilda Wormwood. Uma criança de inteligência prodigiosa, com uma sede insaciável por conhecimento e um coração imenso, que, por ironia do destino, nasceu em uma família onde a ignorância e a superficialidade reinam absolutas. Seus pais, Harry e Zinnia Wormwood, são figuras tão auto-centradas que a existência da filha parece um mero inconveniente – a ponto de se esquecerem de matriculá-la na escola. A vida de Matilda é uma luta diária para sobreviver à indiferença e à mesquinharia, encontrando refúgio nos livros e, eventualmente, descobrindo que possui um dom extraordinário: a telecinese. Quando finalmente é enviada à Crunchem Hall, uma escola que mais se assemelha a uma prisão, ela se depara com a doce e compreensiva Senhorita Honey e a aterrorizante e despótica diretora Agatha Trunchbull. É nesse caldeirão de emoções e injustiças que Matilda precisa usar toda a sua coragem e seus recém-descobertos poderes para proteger seus colegas e encontrar seu próprio lugar no mundo.

A Direção Brilhante de Danny DeVito: Equilíbrio Entre o Sombrio e o Lúdico

Atributo Detalhe
Diretor Danny DeVito
Roteiristas Nicholas Kazan, Robin Swicord
Produtores Danny DeVito, Liccy Dahl, Stacey Sher, Michael Shamberg
Elenco Principal Mara Wilson, Danny DeVito, Rhea Perlman, Embeth Davidtz, Pam Ferris
Gênero Comédia, Família, Fantasia
Ano de Lançamento 1996
Produtoras Jersey Films, TriStar Pictures

A primeira coisa que salta aos olhos em Matilda é a maestria com que Danny DeVito, tanto na cadeira de diretor quanto interpretando o hilário (e detestável) Harry Wormwood e narrando a trama, conseguiu traduzir a essência caótica e mágica de Roald Dahl para a tela. Muitos cineastas tentaram adaptar as obras do autor britânico, mas poucos alcançaram a perfeição de DeVito. Ele não tem medo de mergulhar na escuridão inerente às histórias de Dahl – a crueldade infantil, o abandono, a tirania adulta –, mas o faz com um senso de humor tão particular, tão absurdamente cômico, que o resultado é uma obra que é ao mesmo tempo perturbadora e deliciosamente engraçada.

A estética visual do filme é vibrante, quase cartunesca, com cores saturadas e cenários que parecem saídos de uma ilustração. Isso serve para amplificar o contraste entre o mundo opressor dos adultos e a imaginação vívida de Matilda. A direção de DeVito é precisa, com um ritmo que nunca permite que o espectador se sinta entediado, oscilando entre momentos de tensão genuína e explosões de riso. É uma verdadeira aula de como criar um filme familiar que respeita a inteligência de seu público, sem subestimar as crianças nem entediar os adultos.

Um Roteiro Que Captura a Alma de Dahl

Nicholas Kazan e Robin Swicord merecem aplausos de pé por um roteiro que se mantém incrivelmente fiel ao espírito do livro de Dahl, ao mesmo tempo em que o adapta com inventividade para a linguagem cinematográfica. A estrutura narrativa é envolvente, e a forma como os elementos de fantasia se entrelaçam com a crítica social é primorosa. Sim, há uma dose generosa de comédia familiar, mas por trás das gargalhadas, há uma reflexão profunda sobre o abuso de poder, a importância da educação e a busca por um lar afetivo. A adaptação conseguiu pegar a veia “anti-instituição” de Dahl e transformá-la em algo acessível e cativante, tornando os vilões caricaturas memoráveis, mas sem diminuir a seriedade das dificuldades enfrentadas por Matilda.

Um Elenco de Ouro: Performances que Ficaram na História

O que seria de Matilda sem seu elenco estelar?

Mara Wilson, no papel titular, é simplesmente fenomenal. Sua Matilda é uma força da natureza, uma criança que, apesar de todo o abuso e negligência, irradia inteligência, resiliência e uma bondade inabalável. Ela consegue transmitir a sabedoria de uma alma antiga presa em um corpo jovem, e sua telecinese é mais uma extensão de sua vontade do que um truque barato. Sua performance é o coração e a alma do filme.

Mas, para cada luz, há uma sombra igualmente brilhante – ou, nesse caso, assustadora. Pam Ferris como Agatha Trunchbull é uma obra-prima de vilania cômica. Trunchbull não é apenas má; ela é grotesca, exagerada e, por isso mesmo, inesquecível. Ferris encarna a diretora com uma intensidade física e vocal que a torna aterrorizante para as crianças na tela e para o público, mas também incrivelmente divertida de assistir. A risada de Trunchbull, seus métodos punitivos (a “Caixa de Tortura”, o “Esticador”) e sua aversão por crianças são lendários. É o tipo de vilão que amamos odiar e que faz o triunfo de Matilda ser ainda mais doce.

Danny DeVito e Rhea Perlman, como Harry e Zinnia Wormwood, entregam performances exageradas, perfeitas para os pais caricaturais da história. Eles são tão absurdos em sua egoísta ignorância que se tornam cômicos, mas a forma como negligenciam Matilda é, no fundo, profundamente triste, enfatizando a “infância difícil” e o “trauma infantil” que a protagonista enfrenta.

E, claro, Embeth Davidtz como a Senhorita Honey. Ela é a personificação da compaixão e da gentileza, o farol de esperança na vida de Matilda. Davidtz traz uma doçura e uma vulnerabilidade que contrastam maravilhosamente com a ferocidade de Trunchbull e a apatia dos Wormwoods, criando uma das mais belas relações professor-aluno do cinema.

Forças e Fraquezas: Um Brilho Quase Impecável

Entre os pontos fortes de Matilda, destaco a capacidade do filme de ser atemporal. Sua mensagem de empoderamento, a celebração do conhecimento e a importância de desafiar a injustiça ressoam tão fortemente hoje quanto em 1996. A direção de DeVito é inventiva, o roteiro é inteligente e o elenco é impecável. É uma comédia familiar que transcende o gênero, com momentos de fantasia pura, drama e uma crítica social afiada – um “excelente filme familiar com alguma crítica social no meio”, como bem aponta uma das críticas da época. É um lembrete de que a magia pode surgir mesmo nos lugares mais áridos.

Se eu tivesse que procurar por pontos fracos, talvez pudesse argumentar que o tom sombrio de certas cenas, especialmente as que envolvem a Trunchbull, pode ser um pouco intenso para crianças muito pequenas. No entanto, essa é uma característica de Roald Dahl, e o filme o abraça plenamente. Para mim, essa “ousadia” em não suavizar demais a maldade é, na verdade, uma das suas maiores virtudes, pois torna a jornada de Matilda ainda mais impactante e a vitória final mais significativa.

Temas e Mensagens: Muito Além da Magia

Matilda é um filme rico em temas: a disfuncionalidade das relações parentais (e o “relacionamento pai-filho” que devia existir mas não existe), o “prodígio infantil” que precisa lutar para ser reconhecido, a importância da educação e dos “professores” na vida de uma criança, e o confronto eterno entre o bem e o mal. A narrativa celebra a singularidade e a inteligência, mostrando que o conhecimento é uma arma poderosa contra a ignorância. É uma ode aos livros, à imaginação e à crença de que podemos mudar nosso próprio destino.

O filme aborda a “trauma infantil” de forma sutil, mas eficaz, e mostra como a resiliência e a capacidade de encontrar uma “família escolhida” (Miss Honey) podem curar feridas profundas. A jornada de Matilda é sobre encontrar voz, encontrar seu lugar no mundo e, sim, usar seus poderes (sejam eles mágicos ou intelectuais) para fazer a diferença.

Conclusão: Um Tesouro Cinematográfico Que Você PRECISA Re(visitar)

Matilda, a Espalha Brasas não é apenas um filme, é uma experiência. É um daqueles longas-metragens que ficam gravados na memória, que nos fazem rir, nos emocionam e nos inspiram. Vê-lo hoje, em 2025, é um lembrete nostálgico de uma era de ouro do cinema familiar, onde a ousadia e a profundidade não eram sacrificadas em nome de uma suposta segurança para o público infantil.

Este é um filme que envelheceu como um bom vinho, e sua mensagem de que, com inteligência, coragem e um pouco de magia, podemos derrubar os gigantes mais assustadores, continua sendo tão relevante quanto sempre. Se você nunca o viu, sua missão está dada. Se já viu, é a hora perfeita para revisitar esta joia e se deixar envolver novamente por sua magia. Matilda é um filme essencial, um favorito pessoal que merece cada uma das estrelas que lhe dou, e um clássico que, sem dúvida, continuará encantando novas gerações por muitos e muitos anos. Segurem firme essa joia, porque filmes como Matilda são raros.

Trailer

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