Matrimilhas: Uma Comédia Romântica que Decola, Mas Não Sempre Aterra Suavemente
Três anos se passaram desde que Matrimilhas pousou nas plataformas digitais em 2022, e confesso que só agora, em setembro de 2025, encontrei tempo para me dedicar a essa comédia romântica argentina que tanto me intrigava. A premissa é simples, quase ingênua: um casal, Belén e Federico, interpretados com carisma por Luisana Lopilato e Juan Minujín, respectivamente, vê sua relação desgastada encontrar uma inusitada faísca de vida em um aplicativo que premia boas ações com “matrimilhas”, um sistema de pontos que pode ser trocado por viagens e experiências. O gancho é promissor, a ideia de gamificar o casamento é divertida, e a promessa de uma jornada leve e bem-humorada é cumprida, em partes.
Um Voo com Turbulências
A direção de Sebastián De Caro é competente, conduzindo a narrativa com ritmo ágil e um bom senso de timing cômico. As cenas são bem construídas, os diálogos, apesar de algumas previsibilidades, fluem naturalmente e há uma clara preocupação em construir uma atmosfera calorosa e familiar. O roteiro de Daniel Cúparo, Gabriel Korenfeld e Rocío Blanco, no entanto, é onde o filme encontra suas maiores turbulências. A premissa, por mais criativa que seja, se mostra um pouco rasa em sua exploração. A ideia central do aplicativo como catalisador de mudanças na relação é promissora, mas poderia ter sido explorada com mais profundidade e sutileza. A trama se apoia em situações um tanto caricatas, quase estereotipadas, o que, apesar de gerar risos, impede que o filme alcance um nível de profundidade emocional mais significativo.
As atuações, por sua vez, são o ponto forte de Matrimilhas. Lopilato e Minujín demonstram ótima química na tela, transmitindo com naturalidade a complexidade da relação de seu casal. A dinâmica entre eles carrega boa parte do filme nas costas, e felizmente, eles conseguem entregar uma performance convincente e envolvente. As atrizes coadjuvantes, Betiana Blum, Andrea Rincón e Cristina Castaño, também contribuem para o bom humor e a riqueza da narrativa, acrescentando nuances importantes aos personagens secundários.
Atributo | Detalhe |
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Diretora | Sebastián De Caro |
Roteiristas | Daniel Cúparo, Gabriel Korenfeld, Rocío Blanco |
Produtores | Fernando Abadi, Esteban Mentasti, Hori Mentasti |
Elenco Principal | Luisana Lopilato, Juan Minujín, Betiana Blum, Andrea Rincón, Cristina Castaño |
Gênero | Romance, Comédia |
Ano de Lançamento | 2022 |
Produtoras | Buffalo Films, Tieless Media |
Pontos Altos e Baixos de uma Trajetória
O filme acerta ao retratar com humor e sensibilidade as dificuldades inerentes a um relacionamento de longo prazo. A competição insana pela conquista de “matrimilhas” é uma metáfora divertida (embora previsível) para os problemas de comunicação e a falta de atenção que podem minar um casamento. A mensagem subjacente sobre a importância de cultivar a conexão e o afeto é clara e, mesmo na sua simplicidade, relevante.
No entanto, a transição da comédia para momentos mais dramáticos é, em alguns pontos, brusca e pouco convincente. A obsessão do casal pelo aplicativo, que deveria ser o motor central da comédia, muitas vezes se transforma em um recurso narrativo previsível e pouco original. O roteiro perde oportunidades de explorar com mais nuances o impacto psicológico dessa obsessão e suas consequências.
Um Destino Divertido, Mas Não Inesquecível
No geral, Matrimilhas é um filme divertido e leve, ideal para uma sessão despretensiosa de cinema. É uma comédia romântica que cumpre sua função de entreter, mas que não se destaca por originalidade ou profundidade. Sua recepção inicial, se me lembro bem, foi bastante positiva entre o público, mas não gerou grandes debates entre a crítica especializada, caindo no limbo dos filmes agradáveis, porém esquecíveis. Apesar de alguns tropeços narrativos, as atuações e a direção garantem um nível de qualidade acima da média das comédias românticas contemporâneas. Recomendo Matrimilhas para quem busca um entretenimento leve e despretensioso, mas aviso que não espere uma obra-prima cinematográfica. Um filme ideal para uma tarde de domingo, acompanhado de pipoca e boas risadas. Mas não espere se lembrar dele daqui a um ano.