Meu Nome é Vingança

Meu Nome é Vingança: Uma Vingança Incompleta?

Em 2022, Meu Nome é Vingança chegou aos cinemas brasileiros prometendo uma explosão de ação e suspense. A premissa era simples, mas eficaz: uma adolescente, Sofia, tem sua vida brutalmente virada de cabeça para baixo após um crime implacável, desencadeando uma jornada implacável de vingança que se estende por quase duas décadas. O filme acompanha a trajetória desta jovem, mostrando como a perda a transforma e a força que encontra para enfrentar os responsáveis pela tragédia que abalou sua família. Sem revelar muito, posso dizer que o roteiro brinca com a linha tênue entre justiça e vingança, culminando em um final que, para alguns, poderá ser tão satisfatório quanto controverso.

A direção de Cosimo Gomez, embora competente em construir cenas de ação visualmente impactantes, peca um pouco na sutileza. A narrativa, apesar de sua estrutura linear, sofre alguns momentos de ritmo irregular, com algumas passagens arrastadas que contrastam com a velocidade frenética das sequências de ação. O roteiro, assinado por Sandrone Dazieri, Andrea Nobile e o próprio Gomez, apresenta alguns clichês do gênero, mas consegue, em sua maior parte, equilibrar os elementos de thriller psicológico com a explosão de violência esperada pelo público. Ainda assim, a sensação que me ficou foi a de um roteiro que poderia ter explorado mais a profundidade emocional de Sofia, e o trauma psicológico, resultante da violência sofrida, ficando um pouco em segundo plano.

Ginevra Francesconi, no papel de Sofia, entrega uma performance convincente. Ela transmite a fragilidade e a resiliência da personagem com uma naturalidade que a torna palpável. Alessandro Gassmann, como Santo, adiciona uma camada de mistério e complexidade ao filme, sua presença sendo uma força gravitacional que move a trama para frente. O restante do elenco oferece atuações sólidas, contribuindo para a construção de um universo crível, ainda que com personagens, em alguns casos, um pouco caricatos.

O filme encontra sua força na premissa central: a jornada de Sofia. A busca por justiça e o peso da vingança, são elementos que ressoam profundamente. Entretanto, Meu Nome é Vingança tropeça em alguns pontos. A comparação com “Leon: O profissional”, embora inevitável, se mostra válida apenas superficialmente. Enquanto o filme de Luc Besson construiu um laço emocional profundo entre os personagens, Meu Nome é Vingança não alcança a mesma dimensão de humanidade, apresentando, em alguns pontos, uma violência gratuita e um desenvolvimento dos vilões pouco explorado.

A mensagem do filme é ambígua. Ele nos apresenta o ciclo de violência, a dor da perda e a busca por justiça, mas não oferece uma resposta definitiva sobre a validade da vingança. Essa ambivalência, no entanto, pode ser interpretada como um dos pontos fortes da obra, deixando ao espectador a tarefa de refletir sobre as escolhas morais dos personagens e as consequências de seus atos.

Concluindo, Meu Nome é Vingança, visto em 2025, demonstra um potencial que, infelizmente, não é totalmente explorado. Embora apresente uma narrativa interessante e atuações competentes, o filme peca em alguns aspectos do roteiro e direção, deixando uma sensação de que poderia ter sido muito mais. Recomendo o filme para aqueles que apreciam thrillers de ação com uma pitada de drama, mas aviso que as expectativas devem ser moderadas. Não se trata de uma obra-prima, mas também não é um filme descartável. A sua força reside em sua premissa e no trabalho da protagonista, algo que, ainda que insuficiente para resgatá-lo completamente de suas falhas, garante um entretenimento razoável para uma noite de cinema. A recepção crítica mista em seu lançamento, observada com o passar dos anos, parece ter se consolidado em uma avaliação consensual de um filme mediano, mas com boas doses de ação e suspense.