Midsomer Murders: Um Banquete de Assassinatos com um Toque de Pastelaria Inglesa
Confesso: sou viciado em Midsomer Murders. Desde 1997, ano de seu lançamento original, a série acompanha minha vida, e, se depender de mim, continuará a fazê-lo por muitas décadas. Sei que muitos consideram a série um programa “confortável”, previsível até, e talvez seja essa previsibilidade calculada que a torna tão irresistível. Afinal, quem não gosta de um bom mistério, com pitadas generosas de excentricidade inglesa e uma resolução impecavelmente elaborada, antes de partir para a próxima dose de assassinatos?
A sinopse é simples, quase infantil: um detetive experiente, acompanhado de um jovem sargento, investiga assassinatos nas pitorescas, porém, mortais vilas de Midsomer. Mas a simplicidade é enganosa. A série, ao longo de suas muitas temporadas, teceu uma complexa teia de personagens recorrentes, dramas familiares e segredos obscuros que se desdobram com uma elegância que se assemelha a uma dança mortífera de valsa.
Um Passeio pelos Campos de Girassóis Sangrentos
A direção da série, ao longo dos anos, encontrou um equilíbrio entre a atmosfera pacata das paisagens inglesas e a tensão crescente dos crimes. A fotografia, muitas vezes glorificando a beleza idílica de Midsomer, cria um contraste perturbador com a violência dos assassinatos, aumentando a sensação de choque e surpresa. O roteiro, por vezes previsível em sua estrutura geral, surpreende com sua criatividade ao apresentar os métodos de assassinato, muitas vezes elaborados e relacionados aos hobbies, profissões ou crenças das vítimas. Lembro de um episódio em particular, envolvendo um colecionador de insetos… ainda tenho pesadelos.
Atributo | Detalhe |
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Criadores | Anthony Horowitz, Caroline Graham |
Elenco Principal | Neil Dudgeon, Nick Hendrix, Fiona Dolman, Annette Badland |
Gênero | Crime, Drama, Mistério |
Ano de Lançamento | 1997 |
Produtoras | Bentley Productions, ITV, BBC |
As atuações são consistentemente sólidas. Neil Dudgeon, como o DCI John Barnaby, encarna a personificação do detetive perspicaz e um tanto excêntrico que todos nós amamos odiar, de maneira quase perfeita. A química com seus parceiros, que foram vários ao longo dos anos, também sempre funcionou bem. A inclusão de Fiona Dolman como Sarah Barnaby, acrescentando uma dinâmica familiar, é uma inteligente forma de humanizar o detetive e aprofundar a série. Nick Hendrix como o DS Jamie Winter, o atual parceiro, mantém a tradição com maestria.
Flores, Segredos e um Toque de Previsibilidade
Os pontos fortes de Midsomer Murders são inegáveis: a atmosfera envolvente, a escrita inteligente, os personagens memoráveis e a capacidade de manter o suspense, mesmo com um formato já estabelecido. Porém, não se trata de uma obra-prima isenta de defeitos. A previsibilidade, como alguns críticos acertadamente apontam, é um ponto fraco, principalmente a obsessão pela pista religiosa como chave para resolver os mistérios – algo sobre o qual eu, particularmente, discordo. Não é o fator “religioso” em si que me incomoda, mas sim a sua repetição quase estereotipada.
Contudo, essa previsibilidade também é parte do charme. É como sentar e apreciar um bom chá inglês: você sabe que terá conforto e um ritual reconfortante. Para mim, isso não é algo negativo, ao contrário, fortalece a atmosfera e a experiência de assistir à série. Além disso, mesmo com a previsibilidade, o desenvolvimento da trama e os personagens mantém a série surpreendente.
A mensagem por trás do Chá e dos Assassinatos
A série, apesar de sua aparência leve, explora temas interessantes: a hipocrisia da sociedade inglesa, a opressão em pequenas comunidades e as tensões entre tradição e modernidade. Ela demonstra que a beleza idílica esconde frequentemente segredos obscuros e rivalidades mortais. Em outras palavras, Midsomer Murders é uma metáfora da vida em si. Uma fatia de bolo perfeitamente decorada que esconde um creme de veneno.
Conclusão: Uma Dose Regular de Mistério
Em 2025, após quase três décadas no ar, Midsomer Murders continua sendo uma opção de entretenimento de qualidade. Sim, ela pode ser previsível para alguns. Sim, existem algumas falhas. Mas para mim, isso não diminui o prazer de sentar-me no sofá, em uma tarde chuvoso, e perder-me nos campos de girassóis e nos assassinatos intrincados de Midsomer. Recomendo a série, sem hesitar, a qualquer um que busque um programa envolvente, com uma pitada de humor inglês e muito, mas muito sangue. Afinal, quem não gosta de um bom mistério com um cadáver bem posto na paisagem?