Missing and Alone

A perda é um buraco que a gente nunca preenche de verdade, não é mesmo? É um vazio que muda a forma como a luz entra na nossa vida, alterando as cores de tudo ao redor. Eu sei disso, e você provavelmente também, de uma forma ou de outra. É por isso que histórias como a de Missing and Alone, que chegou ao Brasil em 2022, me pegam tão fundo. Não é apenas um thriller sobre um desaparecimento; é uma exploração dolorosa e visceral da vulnerabilidade que a gente sente quando o chão cede debaixo dos nossos pés, especialmente quando se trata dos nossos filhos. É um filme que me fez apertar a mão no sofá, pensando no pavor que seria ver um pedaço do meu mundo simplesmente sumir.

Dirigido por Shelagh Carter e roteirizado por Katherine Andrews, Missing and Alone não se propõe a reinventar a roda dos thrillers de TV, mas sim a girá-la com uma intensidade que poucos conseguem. A premissa é simples e, por isso mesmo, universalmente aterrorizante: Shannon Baker (interpretada com uma crueza palpável por CindyMarie Small), ainda em luto pela morte do marido, vê sua vida desmoronar novamente quando sua filha adolescente, Chloe (Megan Best), desaparece. E aqui está o cerne da questão: não é só o sumiço, mas a percepção de que Chloe estava mudando, se distanciando, criando uma fenda que, agora, se transformou em um abismo intransponível.

A beleza — ou talvez a crueldade — do roteiro de Andrews está em nos colocar bem na pele de Shannon. Nós sentimos a cada cena a mistura sufocante de culpa e desespero. Será que ela falhou em notar os sinais? Será que a distância de Chloe era mais do que a rebeldia adolescente esperada? CindyMarie Small entrega uma performance que transcende o papel de “mãe em perigo”. Seus olhos carregam o peso da perda recente, e agora, a angústia de uma busca incansável. Não há grandes discursos, mas sim pequenos tremores nas mãos, um olhar perdido no vazio que grita mais alto do que qualquer palavra. Ela não apenas interpreta a dor; ela a encarna.

Megan Best, como Chloe, é a chama que acende todo esse inferno. Mesmo que sua presença seja, por boa parte do filme, sentida mais pela ausência, os flashbacks e as descrições de seu comportamento nos dão uma jovem complexa, talvez confusa, talvez mais encrencada do que Shannon jamais imaginou. A dinâmica entre mãe e filha é crucial, e o filme explora bem a linha tênue entre a superproteção parental e o desejo de independência dos adolescentes. Quem de nós, pais ou filhos, não se viu nesse cabo de guerra?

AtributoDetalhe
DiretorShelagh Carter
RoteiristaKatherine Andrews
ProdutorCary Davies
Elenco PrincipalCindyMarie Small, Megan Best, Verity Marks, Alex Poch-Goldin, Amy Groening, Lisa Bell, Gino Anania, Evan Martin, Jesse Nobess, Karl Thordarson
GêneroThriller, Cinema TV
Ano de Lançamento2021
ProdutorasNeshama Entertainment, MarVista Entertainment

Shelagh Carter, na direção, opta por uma abordagem que prioriza a atmosfera e o suspense psicológico sobre a ação frenética. Ela nos submerge na solidão de Shannon, usando planos fechados que acentuam sua claustrofobia emocional. As cores são muitas vezes pálidas, quase lavadas, refletindo o estado de espírito da protagonista. Não há tempo para respirar, para se afastar da agonia. Cada nova pista, cada beco sem saída, é um soco no estômago, e Carter se certifica de que a câmera esteja lá para sentir cada impacto junto com Shannon. É um lembrete vívido de que o maior terror muitas vezes não vem de monstros, mas da incerteza e da impotência.

O elenco de apoio também contribui para a tapeçaria de tensões. Alex Poch-Goldin como Pete, o cunhado que tenta apoiar Shannon, e Lisa Bell como a Detetive Aikman, que navega entre a empatia e a fria lógica policial, adicionam camadas de realismo. Verity Marks, como Mackenzie, a amiga de Chloe, é a ponte para o mundo adolescente, cheia de segredos e lealdades testadas.

Produzido por Neshama Entertainment e MarVista Entertainment, Missing and Alone se encaixa perfeitamente no nicho do cinema de TV que, por vezes, é injustamente subestimado. Ele prova que não é preciso um orçamento blockbuster para contar uma história envolvente e emocionalmente ressonante. Ele joga com os nossos medos mais primários, com a fragilidade dos laços familiares e com a incansável busca por respostas quando o impensável acontece.

Ao final, Missing and Alone não me deixou com a sensação de ter visto apenas mais um filme. Deixou-me com a respiração um pouco presa e o coração apertado, revivendo a ideia de que a vida, por mais que a gente tente controlar, pode virar de ponta-cabeça em um instante. E que a força de uma mãe, quando sua cria está em perigo, é uma força da natureza, capaz de mover montanhas – ou de desvendar mistérios sombrios. É um lembrete sutil, porém poderoso, de que o amor e o medo andam de mãos dadas, tecendo as histórias mais intrincadas da nossa existência. Vale a pena ser visto, não só pelo suspense, mas pela humanidade crua que pulsa em cada quadro.

Trailer

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