Monica, O My Darling

Três anos. Já se passaram três anos desde que Monica, O My Darling desembarcou nas nossas telas em 2022, e ainda assim, aqui estou eu, revirando meus pensamentos sobre este filme como quem desenterra uma joia rara num monte de pedras. Por que falar dele agora, em pleno outubro de 2025? Porque certas obras se recusam a ser esquecidas, sabe? Elas se alojam na memória, não só pela sua trama intrincada, mas pela audácia de sua voz, pelo riso que provocam e pelo incômodo que plantam. E “Monica” faz tudo isso com uma elegância despretensiosa que me fascina até hoje.

Você já se pegou pensando naquelas tramas onde o “assassinato perfeito” é o Santo Graal, o objetivo máximo? Pois é, Vasan Bala, com o roteiro afiado de Yogesh Chandekar, não só nos joga de cabeça nesse universo, mas o faz com um sorriso maroto no canto da boca. O filme segue Jayant Arkhedkar, interpretado por um Rajkummar Rao que, convenhamos, nasceu para dar vida a esses personagens complexos e moralmente ambíguos. Jayant é um especialista em robótica, um gênio, mas com uma ambição que o empurra para um plano tão diabólico quanto covarde – o tal assassinato perfeito. E o mais interessante é como essa ambição o faz ver o universo do crime de colarinho branco como um campo de brincadeira pequeno demais para ele. É quase um “eu sou grande demais para esta sala” levado ao extremo, com consequências letais.

O que me prendeu em Monica, O My Darling não foi apenas a promessa de um mistério bem arquitetado, mas a maneira como ele mistura gêneros com a naturalidade de um artista misturando tintas na paleta. É crime, sim, e dos bons, com reviravoltas que fazem a gente prender a respiração. Mas, caramba, é hilário! O sarcasmo permeia cada diálogo, cada situação bizarra, transformando momentos de tensão em gargalhadas nervosas. E por baixo de tudo isso, existe um drama palpável, a luta pela sobrevivência que não se limita apenas ao corpo, mas à alma dos personagens. Como não se identificar com a urgência de escapar de uma teia que você mesmo teceu, mesmo que seus métodos sejam totalmente questionáveis?

Rajkummar Rao, como Jayant, é um espetáculo à parte. Ele não apenas interpreta um homem inteligente, mas mostra a inteligência nos pequenos gestos, no olhar calculista, na forma como seu corpo trai seu nervosismo por trás de uma fachada de controle. Suas mãos, talvez um pouco tensas quando ele acha que ninguém está olhando, contam mais sobre seu estado de espírito do que qualquer monólogo interno. E Huma Qureshi, no papel-título de Monica Machado, é a força gravitacional que puxa tudo para si. Ela é magnética, perigosa e, ao mesmo tempo, estranhamente vulnerável. Monica não é apenas uma vítima ou um catalisador; ela é um ciclone, e Qureshi a entrega com uma intensidade que faz cada cena dela ser um evento.

AtributoDetalhe
DiretorVasan Bala
RoteiristaYogesh Chandekar
ProdutoresSanjay Routray, Sarita Patil
Elenco PrincipalRajkummar Rao, Huma Qureshi, Radhika Apte, Sikandar Kher, Bagavathi Perumal
GêneroCrime, Comédia, Drama, Mistério
Ano de Lançamento2022
ProdutoraMatchbox Shots

E o que seria de um plano diabólico sem aliados improváveis e uma boa dose de oposição? Radhika Apte, como a ACP Vyjayanti Naidu, entra em cena como o fio de Ariadne que tenta desembaraçar o novelo de crimes. Ela é astuta, perspicaz e tem uma presença em tela que equilibra a extravagância dos outros personagens. Não é a policial clichê, ela tem camadas, uma inteligência afiada que a gente sente no ar. Sikandar Kher e Bagavathi Perumal, como Nishikant Adhikari e Arvind Manivannan, respectivamente, completam essa orquestra de malandragem e desespero, adicionando um tempero a mais à comédia dramática. Eles são as peças que encaixam de forma inesperada, adicionando mais caos e, por que não, um toque de humanidade distorcida à equação.

A produção da Matchbox Shots, com Sanjay Routray e Sarita Patil na frente, nos entrega um filme que visualmente é tão instigante quanto sua narrativa. Há uma atenção aos detalhes que eleva a experiência, desde o design de produção até a cinematografia que brinca com sombras e cores para realçar o clima de mistério e a pitada de humor negro. Vasan Bala orquestra essa dança entre o riso e o suspense com a maestria de quem entende que a vida, afinal, é essa bagunça linda e aterrorizante.

O que me faz voltar a Monica, O My Darling é a sua ousadia em não se levar tão a sério enquanto lida com temas seríssimos. É uma prova de que um filme pode ser cerebral e ainda assim se permitir a um bom e velho sarcasmo. Ele te faz questionar os limites da ambição, a fragilidade da moral e a imprevisibilidade da existência. E te faz rir, mesmo quando você sabe que não deveria. Três anos depois, ainda ecoa na minha cabeça a pergunta retórica que o filme parece sussurrar: “Será que o assassinato perfeito existe, ou é apenas mais uma ironia do destino?” Eu diria que o filme, por si só, é uma obra-prima de ironia. E isso, meu amigo, é algo que eu sempre vou apreciar.

Trailer

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