Monstrous: Um Santuário de Medos Subaquáticos (e Incompletos)
Confesso, ao me aproximar de Monstrous, longa-metragem de 2022 dirigido por Chris Sivertson, minhas expectativas eram modestas. A sinopse – uma mulher fugindo de um ex-marido abusivo que encontra um novo horror em um ambiente isolado – soava como mais um thriller de sobrevivência, desses que, vamos ser francos, raramente nos surpreendem. Mas, a presença de Christina Ricci, sempre uma força da natureza no cinema, me convenceu a dar uma chance. E, bem, Monstrous acabou sendo… algo. Algo que permanece comigo, não pela sua excelência indiscutível, mas por sua estranha capacidade de intrigar e frustrar em medidas iguais.
A história acompanha Laura (Ricci) e seu filho Cody (Santino Barnard) enquanto escapam de uma situação doméstica terrível para refugiar-se em uma propriedade isolada, aparentemente pacata, no interior. No entanto, o sossego rural logo se torna palco de um terror de proporções inimagináveis, ligado a um segredo sombrio que assombra o local e as águas que o circundam. É uma premissa que evoca, sem exatamente alcançar, a atmosfera claustrofóbica e a tensão crescente de clássicos do gênero.
A direção de Sivertson é competente, construindo a atmosfera com eficácia. Ele sabe como brincar com a escuridão e o silêncio, criando uma sensação constante de apreensão. A fotografia contribui para essa atmosfera opressiva, utilizando tons escuros e a imensidão ameaçadora do cenário natural para criar uma sensação de isolamento e pavor. Entretanto, a narrativa, escrita por Carol Chrest, peca por ser um tanto previsível e, infelizmente, incompleta. Há pontas soltas, mistérios que não são totalmente desvendados, e uma sensação geral de que a história poderia ter sido mais explorada, mais desenvolvida. A ideia de um terror aquático, algo que prometia um toque de originalidade, fica, no final das contas, subdesenvolvida.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Chris Sivertson |
| Roteirista | Carol Chrest |
| Produtores | Sasha Yelaun, Johnny Remo, B.I. Rosen, Robert Yocum |
| Elenco Principal | Christina Ricci, Santino Barnard, Don Baldaramos, Colleen Camp, Lew Temple |
| Gênero | Terror, Mistério, Thriller |
| Ano de Lançamento | 2022 |
| Produtoras | Burning Sky Films, Snakebyte Productions and Entertainment Group, Willow Pictures, Scarlett Pictures, Tip-Top Productions, Skipstone Pictures |
As atuações são um ponto alto. Christina Ricci, como sempre, entrega uma performance poderosa e visceral, transmitindo a fragilidade e a força de uma mãe lutando para proteger seu filho. Santino Barnard também se destaca como Cody, demonstrando uma maturidade incomum para sua idade diante da situação extrema. O restante do elenco cumpre seu papel de forma satisfatória, especialmente Lew Temple, que adiciona uma nota de intriga e suspeita à trama.
Um dos maiores problemas de Monstrous, em minha opinião, é a sua ambivalência. Ele tenta equilibrar o drama da violência doméstica com o terror sobrenatural, mas falha em integrar esses elementos de forma harmoniosa. Os dois enredos correm em paralelos, sem uma interação significativa que pudesse adicionar complexidade ou profundidade à trama. As metáforas, relacionadas ao isolamento social e ao trauma, ficam no nível da superfície, faltando uma exploração mais aprofundada. É aqui que o filme se mostra, como muitos críticos observaram desde 2022, como um thriller de mistério mediano e incompleto.
Monstrous não é um filme ruim, longe disso. Ele tem seus momentos de suspense efetivo e apresenta algumas atuações sólidas. Porém, a falta de coesão na narrativa, a falta de exploração de seu potencial e a sensação de final inacabado são falhas consideráveis. A ideia do terror aquático, embora intrigante, fica pouco desenvolvida e se torna um elemento mais decorativo do que fundamental na história.
Em resumo, se você procura um thriller de suspense com atuações competentes e uma atmosfera sombria, pode dar uma chance a Monstrous. No entanto, não espere uma obra-prima do terror; em setembro de 2025, posso afirmar que a recepção foi, no mínimo, mista, e a experiência, embora em certos momentos envolvente, deixa a desejar. Seja honesto consigo mesmo, e talvez rebaixe suas expectativas antes de dar o play. Acho que é melhor apreciá-lo como um estudo de caso de um potencial não realizado, mais do que uma obra completa de arte cinematográfica. Só não espere que o monstro seja tão assustador quanto o próprio processo de produção incompleto do filme.




