Morte no Nilo

Morte no Nilo: Um Passeio de Luxo e Sangue pelo Rio

Três anos se passaram desde que Kenneth Branagh nos presenteou com sua visão de Assassinato no Expresso do Oriente, e em 2022, chegamos finalmente ao Nilo, palco de mais um mistério de Agatha Christie adaptado para as telas. Neste longa-metragem, acompanhamos o brilhante Hercule Poirot em férias no Egito, onde um assassinato brutal a bordo de um luxuoso navio de cruzeiro interrompe a aparente harmonia de uma viagem de sonhos. A jovem e rica Linnet Ridgeway é encontrada morta, e cabe a Poirot desvendar os segredos e as mentiras de cada um dos passageiros para encontrar o culpado. Um elenco estrelar, cenários deslumbrantes e o charme inegável de Branagh como Poirot são a isca perfeita para uma trama repleta de suspense, mas será que a isca fisga?

A direção de Branagh, também responsável pelo roteiro adaptado por Michael Green, é visualmente deslumbrante. O Egito é retratado com uma riqueza de detalhes, capturando a opulência e o exotismo da década de 1930. As cores vibrantes e a fotografia impecável criam uma atmosfera quase onírica, contrastando com a escuridão que se instala com o crime. Entretanto, a narrativa sofre um pouco de lentidão em alguns momentos. A construção da atmosfera, embora belíssima, às vezes prevalece sobre o ritmo da investigação. O filme se arrasta em algumas partes, construindo a tensão de forma mais gradual do que talvez alguns espectadores esperem de um thriller.

O roteiro, por sua vez, apresenta uma trama intrigante, com muitos suspeitos e motivos plausíveis. Mas, assim como a direção, ele pecou por alguns desvios. Ao tentar aprofundar a psicologia de Poirot – o que é compreensível, dado o sucesso do filme anterior – acaba-se diluindo a energia da investigação principal. Algumas reviravoltas são previsíveis, e a resolução, embora satisfatória, não me deixou com aquela sensação de impacto que outros mistérios do mestre do crime me proporcionaram. A abordagem de Green em relação ao material original também é uma questão que divide opiniões; alguns podem criticar o quanto ele se afasta do livro, enquanto outros apreciarão a liberdade criativa que ele tomou.

Atributo Detalhe
Diretor Kenneth Branagh
Roteirista Michael Green
Produtores Kenneth Branagh, Kevin J. Walsh, Judy Hofflund, Ridley Scott
Elenco Principal Kenneth Branagh, Tom Bateman, Annette Bening, Russell Brand, Ali Fazal
Gênero Mistério, Crime, Thriller
Ano de Lançamento 2022
Produtoras The Mark Gordon Company, Genre Films, 20th Century Studios, Scott Free Productions

O elenco é um dos grandes trunfos do filme. Branagh, como Poirot, continua impecável, dominando a tela com sua elegância e carisma. Annette Bening, Ali Fazal e Tom Bateman entregam atuações sólidas e memoráveis, dando vida aos personagens complexos e cheios de nuances. Entretanto, alguns personagens secundários poderiam ter tido um pouco mais de tempo em cena para desenvolver seus arcos narrativos de forma mais satisfatória. O ponto fraco, no entanto, reside nos personagens, e não nas atuações, que se mostram boas, mas limitadas pelo roteiro.

Morte no Nilo explora temas de riqueza, luxúria, vingança e justiça, todos intrinsecamente ligados às complexas dinâmicas entre os personagens. A película também toca em questões de privilégio e desigualdade, ainda que de forma sutil, contrastando a opulência dos ricos com a realidade de outros personagens. O filme, no entanto, não chega a aprofundar essas questões, preferindo focar no mistério central. Eu esperava, talvez ingenuamente, uma exploração mais completa das implicações sociais e morais que permeiam a trama.

Em conclusão, Morte no Nilo é um filme visualmente deslumbrante com um elenco de peso e uma história intrigante. Mas, a lentidão narrativa e a previsibilidade em alguns momentos prejudicam a experiência. A busca por aprofundar a psicologia de Poirot acaba por tirar o foco da investigação propriamente dita. É um filme assistível, principalmente para quem aprecia adaptações de Agatha Christie ou gosta de mistérios de assassinato bem filmados, mas não chega a ser uma obra-prima. Para mim, um pouco abaixo do anterior, Assassinato no Expresso do Oriente. Recomendo o filme, mas com uma ressalva: não espere uma obra-prima, e sim um passeio visualmente delicioso por um mistério com pitadas de drama humano. A experiência, como um cruzeiro pelo Nilo, pode ser agradável, mas sem a emoção de uma descoberta verdadeiramente surpreendente.

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