Na Mira do Perigo: Liam Neeson e a fronteira da moralidade
Quase quatro anos após seu lançamento, Na Mira do Perigo continua a ecoar nas discussões sobre a violência na fronteira entre EUA e México, e não apenas pela presença imponente de Liam Neeson. O filme, um thriller de ação com pinceladas dramáticas, acompanha Jim, um fazendeiro viúvo que vive em uma pequena e isolada propriedade no Arizona, quando se depara com Miguel, um garoto mexicano fugindo de um cartel implacável. A partir desse encontro casual, surge uma jornada tensa e inesperada na qual Jim se torna, contra a própria vontade, o protetor de Miguel. A trama não revela muito além disso, mas a jornada é tão eletrizante quanto os tiroteios que pontuam a narrativa.
A direção de Robert Lorenz, um colaborador frequente de Clint Eastwood, imprime ao filme um ritmo sólido, construindo a tensão gradualmente. Apesar da familiaridade do gênero, a atmosfera desértica e a violência implacável criam um cenário visualmente marcante e claustrofóbico, contrastando com a vastidão do cenário. A fotografia é impecável, captando a beleza desolada do deserto e a crescente ameaça que paira sobre os personagens. O roteiro, co-escrito por Lorenz, Kravitz e Charles, apesar de não reinventar a roda, cumpre seu papel de forma eficiente, entregando diálogos concisos e uma trama linear que prende a atenção. Não há grandes reviravoltas inesperadas, mas a previsibilidade não diminui o impacto do drama que se desenrola.
Neeson, como sempre, é a força motriz do filme. Sua interpretação de Jim, um veterano de guerra solitário e taciturno, é contida, mas eficaz. Ele transmite a angústia de um homem assombrado pelo passado e a relutância em se envolver em novas batalhas, enquanto sua capacidade de ação permanece intacta. Jacob Perez, no papel de Miguel, se mostra um parceiro à altura, retratando a fragilidade e a força de um jovem em circunstâncias extremas com naturalidade. As atuações de Katheryn Winnick e Teresa Ruiz, como Sarah e Rosa respectivamente, embora com menos destaque, contribuem para a coesão da narrativa. Destaque também para a atuação de Sean A. Rosales, que personifica de forma convincente a face implacável do Cartel.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Robert Lorenz |
| Roteiristas | Robert Lorenz, Danny Kravitz, Chris Charles |
| Produtores | Mark Williams, Warren T. Goz, Eric Gold, Tai Duncan, Robert Lorenz |
| Elenco Principal | Liam Neeson, Jacob Perez, Katheryn Winnick, Teresa Ruiz, Sean A. Rosales |
| Gênero | Ação, Drama, Thriller |
| Ano de Lançamento | 2021 |
| Produtoras | Sculptor Media, Zero Gravity Management, Cutting Edge Group, Stonehouse Motion Pictures, Voltage Pictures |
Contudo, Na Mira do Perigo não está isento de defeitos. A trama, por vezes, se mostra um pouco previsível e a exploração dos personagens secundários poderia ser mais profunda. A relação entre Jim e Miguel, embora seja o coração do filme, poderia ter sido desenvolvida com mais nuances emocionais. Apesar desses pontos fracos, o filme não falha em apresentar uma temática relevante: a violência transnacional e as consequências da guerra nas vidas dos indivíduos. A jornada de Jim, movida por um senso de responsabilidade moral inesperada, nos confronta com a complexidade das questões humanitárias que permeiam a fronteira entre os EUA e o México.
Em suma, Na Mira do Perigo é um thriller de ação competente e envolvente. Apesar de não ser revolucionário, entrega exatamente o que promete: uma história emocionante, impulsionada pela performance de Liam Neeson e por uma fotografia belíssima. Para aqueles que buscam entretenimento sem grandes pretensões artísticas, o filme é uma escolha satisfatória e acessível em plataformas digitais. A recomendação é para aqueles que apreciam o gênero, e para quem busca um retrato visceral, ainda que superficial, de um problema social urgente e complexo. Vale a pena assistir, se você não se importar com a ausência de grandes surpresas.




