Não Me Diga Adeus

O cheiro de gasolina misturado com o ar fresco de uma manhã na estrada. A paisagem que corre pela janela, um borrão verde e marrom. A trilha sonora que nos acompanha, talvez um pouco alta demais. Se você já se jogou em uma road trip, sabe do que eu tô falando, né? É uma daquelas experiências que a gente guarda, não só pelos lugares que visitamos, mas pelas conversas inesperadas, pelos silêncios que dizem mais que mil palavras e, principalmente, por quem está ao nosso lado. E é exatamente essa a essência que me puxou para Não Me Diga Adeus, o filme de 2022 que, mesmo depois de três anos, ainda ecoa aqui dentro.

Sabe, eu tenho um carinho especial por histórias que mergulham na complexidade das relações familiares. A vida não é um conto de fadas, e os laços que nos unem aos nossos pais, aos nossos filhos, são cheios de altos e baixos, de momentos de pura alegria e de dores que parecem rasgar a alma. É por isso que quando um filme se propõe a explorar essa tapeçaria com a delicadeza e a crueza necessárias, eu paro para prestar atenção. E Não Me Diga Adeus, dirigido com uma sensibilidade notável por Hannah Marks e roteirizado por Vera Herbert, faz exatamente isso.

A trama, à primeira vista, parece simples: um pai solteiro, Max (interpretado com uma profundidade tocante por John Cho), e sua filha adolescente, Wally (a revelação Mia Isaac), pegam a estrada. Mas, como toda boa jornada, essa tem suas reviravoltas. Por trás da aparente aventura, esconde-se uma urgência silenciosa, uma corrida contra o tempo que transforma cada pôr do sol, cada parada improvisada, em algo precioso e agridoce. É uma história que nos lembra que, muitas vezes, as maiores aventuras são as que nos levam para dentro de nós mesmos, e para dentro do coração de quem amamos. E, cara, a gente descobre que, às vezes, a vida nos joga um balde de água fria, um diagnóstico que muda tudo, e de repente, a única coisa que resta é o agora.

Max, no filme, é um daqueles personagens que a gente sente a dor na pele. John Cho entrega uma performance que é um primor de contenção. Seus olhos, muitas vezes, parecem carregar o peso do mundo, um mar de tristeza escondido atrás de um sorriso forçado para a filha. Ele não precisa gritar ou fazer grandes cenas para nos mostrar o desespero e o amor incondicional que ele sente. É na forma como ele estende a mão para Wally enquanto ela dorme no carro, na maneira como ele tenta desesperadamente criar memórias perfeitas, que a gente vê a complexidade do seu dilema. Ele está construindo uma ponte de momentos felizes sobre um abismo de dor, e isso é dilacerante de assistir.

Atributo Detalhe
Diretora Hannah Marks
Roteirista Vera Herbert
Produtores Donald De Line, Leah Holzer, Peter Saraf, Marc Turtletaub
Elenco Principal John Cho, Mia Isaac, Kaya Scodelario, Josh Thomson, Jemaine Clement
Gênero Drama
Ano de Lançamento 2022
Produtoras Big Beach, De Line Pictures, Amazon Studios

E Wally? Ah, Wally! Mia Isaac é um furacão de emoções adolescentes. Rebelde, sim, mas não de uma forma clichê. Sua rebeldia é um escudo, uma armadura contra o mundo e, talvez, contra a verdade que ela sente, mas ainda não consegue articular. A evolução da relação pai e filha é o coração pulsante do filme. No início, eles são quase estranhos, com diálogos curtos e cheios de farpas. Mas à medida que a estrada se estende, e as camadas de medo e frustração começam a cair, eles se reconectam de uma forma linda e inevitável. É a troca de olhares, um riso compartilhado após um momento tenso, o simples ato de um pai e uma filha comendo hambúrgueres em uma beira de estrada que nos dizem tudo. Não é sobre o destino, é sobre o caminho que eles percorrem juntos, e a forma como eles redescobrem o amor um pelo outro.

Os personagens secundários, embora menos explorados, também adicionam um tempero especial. Kaya Scodelario como Annie, Josh Thomson como Guy Connelly e Jemaine Clement como Dale Angelo, cada um à sua maneira, oferecem breves janelas para outras vidas, outros problemas, lembrando que a vida de Max e Wally não é a única que se desenrola ali. Eles servem como espelhos, catalisadores ou simplesmente como um alívio cômico necessário nos momentos mais pesados, ajudando a quebrar a tensão sem desviar o foco da dupla principal.

A equipe de produção, incluindo Big Beach, De Line Pictures e Amazon Studios, sob a batuta de produtores como Donald De Line e Peter Saraf, conseguiu um feito e tanto. Eles deram vida a uma história que poderia facilmente cair no melodrama, mas que, nas mãos de Hannah Marks e Vera Herbert, se eleva a algo muito mais sutil e real. A direção de Marks é sensível, optando por planos mais íntimos, que nos colocam dentro do carro com Max e Wally, sentindo cada solavanco da estrada e cada tremor emocional. A fotografia, por sua vez, captura a beleza melancólica do interior do país, transformando a paisagem em mais um personagem, um testemunho silencioso da jornada deles.

No fim das contas, Não Me Diga Adeus não é um filme apenas sobre terminal illness, ou sobre uma road trip épica. É, sobretudo, um estudo profundo sobre a father daughter relationship, sobre a força do amor familiar diante do inevitável. É sobre como a vida continua, mesmo quando o tempo parece estar acabando, e sobre a importância de abraçar cada momento, cada conversa, cada risada. É um daqueles filmes que te faz querer ligar para seus pais, ou para seus filhos, e simplesmente dizer “eu te amo”, sem rodeios, sem esperar por uma ocasião especial. Porque, no fundo, a gente sabe que a única certeza que temos é o agora, e o amor que cultivamos nele. E isso, meu amigo, vale cada minuto. Vale cada lágrima.

Trailer

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