Não Olhe: Um Gêmeo Maligno e uma Exploração Incompleta do Eu
Não Olhe, filme de terror e fantasia de 2018 dirigido por Assaf Bernstein, apresenta a história de Maria Brennan, uma adolescente reclusa e alienada que encontra consolo em seu reflexo, onde descobre sua versão maligna, Airam. Essa gêmea sombria oferece apoio e validação, culminando em uma troca de identidades e uma liberação explosiva de sexualidade e violência. A premissa, embora intrigante, infelizmente não se concretiza totalmente na tela.
A atuação de India Eisley é o ponto alto do filme. Ela consegue, com impressionante sutileza, apresentar duas personalidades distintas, capturando a vulnerabilidade de Maria e a agressividade de Airam. Eisley carrega o filme em seus ombros, e seu talento é inegável, mesmo diante de um roteiro que às vezes a deixa na mão. O restante do elenco, com nomes como Jason Isaacs e Mira Sorvino como os pais de Maria, oferecem atuações sólidas, mas que se limitam ao papel de suporte, sem grandes oportunidades de brilhar.
A direção de Bernstein apresenta uma estética visualmente interessante, explorando o simbolismo do espelho e a dualidade das protagonistas. No entanto, o roteiro, também escrito por Bernstein, falha em desenvolver totalmente as nuances da história. A premissa de um gêmeo maligno, um arquétipo clássico da literatura e do cinema, poderia ter sido explorada com maior profundidade psicológica, mergulhando nas raízes da alienação de Maria e no significado da liberação violenta de Airam. O filme se perde em momentos de suspense superficial, perdendo a oportunidade de criar um estudo de personagem mais rico e complexo.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Assaf Bernstein |
Roteirista | Assaf Bernstein |
Produtores | Assaf Bernstein, Dana Lustig, Brad Kaplan, Giora Kaplan |
Elenco Principal | India Eisley, Jason Isaacs, Mira Sorvino, Penelope Mitchell, John C. MacDonald |
Gênero | Terror, Thriller, Fantasia |
Ano de Lançamento | 2018 |
Produtoras | Buffalo Gal Pictures, Primary Wave Entertainment, Dana Lustig Productions, MFM, Ace in the Hole Productions, Voltage Pictures |
Um dos maiores problemas de Não Olhe reside em seu final. Ele se apressa a resolver o conflito, deixando pontas soltas e uma sensação de incompletude. Concordo com alguns comentários que li, de que o filme “começou bem, mas deixou a desejar no final”. A promessa inicial de uma exploração profunda da psicologia de Maria e Airam não é cumprida, optando por um fechamento apressado e insatisfatório.
Apesar de suas falhas, o filme não é completamente sem méritos. A atmosfera opressiva e a performance de Eisley o tornam um relógio, digamos, “tolerável”, que funciona como uma escapadela de entretenimento leve. A exploração da identidade e da autodescoberta, mesmo que superficial, se mostra interessante, ainda que mal explorada. A premissa é promissora e suscita discussões sobre a pressão social e a busca por identidade na adolescência.
Em resumo, Não Olhe é um filme de terror com potencial desperdiçado. A atuação brilhante de India Eisley e alguns momentos de suspense são os pontos positivos, mas o roteiro fraco e o final apressado impedem que o filme alcance seu pleno potencial. Recomendo-o apenas para aqueles que buscam um filme de terror leve e com uma performance marcante, mas não esperem uma obra-prima. Minha nota final: duas estrelas e meia, o mesmo que alguns críticos. Uma pena, pois poderia ter sido algo bem melhor.