Nas Terras Perdidas: Uma jornada épica que se perde no caminho?
Paul W. S. Anderson, o mestre por trás da franquia Resident Evil, nos presenteou em 17 de abril de 2025 com Nas Terras Perdidas, uma aventura de fantasia que prometeu uma jornada épica pelas selvas sombrias e moralmente ambíguas das Terras Perdidas. O filme, estrelado por Milla Jovovich como a temida feiticeira Gray Alys e Dave Bautista como seu guia Boyce, acompanha a dupla em uma missão arriscada: ajudar uma rainha desesperada a conquistar o poder da mudança de forma. Mas a busca por magia e poder raramente é um caminho linear, e Nas Terras Perdidas não foge à regra, embarcando em uma exploração complexa de bem e mal, dívida e recompensa, amor e perda.
A premissa é fascinante. Uma sociedade futurista, opressora e teocrática, em que uma rainha, interpretada por Amara Okereke, busca desesperadamente um poder que talvez a salve – ou a condene. A escolha de Anderson de situar a trama nesse cenário distópico, quase bíblico, poderia gerar uma reflexão poderosa sobre poder, fé cega e opressão. Porém, a execução é onde o filme tropeça.
A direção de Anderson, que geralmente se destaca em cenas de ação visceral, aqui parece sem foco. A grandiosidade prometida pela sinopse se dilui em uma sucessão de sequências de ação que, apesar de bem coreografadas (aqui temos que reconhecer o talento de Anderson), carecem de impacto emocional. A câmera, embora competente tecnicamente, raramente se aprofunda na atmosfera densa e misteriosa que o cenário merecia. Faltou a Anderson explorar de verdade o potencial visual das Terras Perdidas. Teríamos uma experiência cinematográfica bem mais rica.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Paul W. S. Anderson |
Roteirista | Constantin Werner |
Produtores | Constantin Werner, Jeremy Bolt, Dave Bautista, Jonathan Meisner, Milla Jovovich, Paul W. S. Anderson |
Elenco Principal | Milla Jovovich, Dave Bautista, Arly Jover, Amara Okereke, Fraser James |
Gênero | Ação, Fantasia, Aventura |
Ano de Lançamento | 2025 |
Produtoras | Constantin Film, Spark Productions |
O roteiro de Constantin Werner, enquanto apresenta personagens interessantes, erra na construção narrativa. A trama, embora ambiciosa, se perde em subplots e desvios que pouco contribuem para o arco principal. A jornada de Alys e Boyce se sente às vezes desprovida de um norte claro, vagando entre momentos de ação frenética e diálogos expositivos que soam artificiais. A promessa de uma fábula explorando temas complexos é parcialmente cumprida, mas a profundidade desejada se perde na pressa narrativa.
E o elenco? Milla Jovovich e Dave Bautista carregam a trama nos ombros, com performances competentes, embora seus personagens permaneçam ligeiramente subdesenvolvidos. A química entre eles funciona, gerando alguns momentos de genuína empatia, mas não salva o filme da sua própria incoerência. O restante do elenco entrega performances razoáveis, com destaque para Arly Jover.
Os pontos fortes do filme residem, sem dúvida, no design de produção e na estética visual. Algumas cenas, principalmente aquelas que se passam nas Terras Perdidas, são verdadeiramente deslumbrantes, compensando, em parte, as deficiências da narrativa. A trilha sonora também contribui para criar uma atmosfera adequada, ainda que não seja memorável.
Por outro lado, a fragilidade do roteiro é um ponto fraco inegável. A promessa de uma exploração profunda dos temas centrais, embora presente, fica aquém das expectativas. A sensação é de que Nas Terras Perdidas tinha o potencial para ser um filme memorável, mas acabou se tornando uma experiência visualmente interessante que falha em engajar emocionalmente o público.
Nas Terras Perdidas, então, é um filme irregular. Um filme que, após o lançamento, deixou a crítica dividida, como se pode notar nos poucos trechos disponíveis. Concordo com os críticos que sentiram que a trama não conseguiu prender a atenção, mas discordo da avaliação negativa em relação ao elenco – há talento em cena. É uma pena, pois a oportunidade de criar uma saga de fantasia memorável foi perdida em meio a um roteiro confuso e uma direção que, apesar de sua competência técnica, falha em transmitir a magia necessária. Recomendo Nas Terras Perdidas apenas para aqueles que apreciam filmes de fantasia com grandes efeitos visuais e não se importam com um roteiro um pouco fraco. A experiência fica na casa do “assistível”, mas não do memorável.