Sabe, de vez em quando, a gente se depara com um filme que não tem a pretensão de revolucionar o cinema, mas que chega na hora certa, com a energia certa, e te lembra por que a gente ama sentar no sofá e simplesmente rir. Foi exatamente essa a sensação que tive, lá em dezembro de 2022, quando Natal (Ao Vivo) desembarcou nas telas brasileiras. E cá estamos nós, em 2025, e a lembrança daquele caos natalino continua fresca, me puxando para escrever sobre ele.
Por que Natal (Ao Vivo)? Bem, eu tenho um fraco por comédias que se passam no Natal, especialmente aquelas que subvertem um pouco a doçura excessiva da época. E essa aqui, ah, essa entrega uma dose cavalar de competição insana temperada com a magia (e o estresse) das festas de fim de ano. Imagine só: uma festa de Natal da empresa, luzes piscando, gorros de Papai Noel por todo lado, e, no meio de tudo isso, dois ex-melhores amigos que estão se digladiando como leões por uma vaga cobiçada num programa matinal de TV. É a receita perfeita para o desastre e, claro, para a gargalhada.
A trama nos joga no meio da rivalidade entre Belén (interpretada com um carisma contagiante por Regina Pavón) e Lucio (o sempre divertido Jesús Zavala). Eles não são só concorrentes; são uma daquelas duplas que têm uma história, uma faísca que não se apaga, seja de amizade, de rivalidade ou, quem sabe, algo mais. Essa tensão inicial é o motor do filme, e o roteiro de Constanza Boquet faz um trabalho esperto ao usar essa dinâmica para criar desafios cada vez mais absurdos e, francamente, hilários.
Os tais “desafios loucos e extravagantes” são o coração da comédia. Não se trata apenas de diálogos rápidos ou situações embaraçosas – embora tenha muito disso. O diretor Salvador Suárez Obregón orquestra uma série de sequências que poderiam muito bem ser provas de um game show natalino bizarro. Pense em decorações de Natal que viram obstáculos, concursos de canto que viram duelos épicos, ou até mesmo um presépio que serve de palco para uma sabotagem criativa. Não vou estragar as surpresas, mas a forma como a equipe de produção da MarVista Entertainment, sob a batuta de César Rodríguez e Mauricio Argüelles, transformou o cenário corporativo numa arena de batalha festiva é digna de nota. Você não só vê a competição, você sente a urgência e a maluquice de cada prova, quase como se o cheiro de pinho artificial e chocolate quente estivesse invadindo sua sala.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Salvador Suárez Obregón |
Roteirista | Constanza Boquet |
Produtores | César Rodríguez, Mauricio Argüelles |
Elenco Principal | Harold Azuara, Regina Pavón, Jesús Zavala, Francisco De La Reguera, Ligia Uriarte |
Gênero | Comédia |
Ano de Lançamento | 2022 |
Produtora | MarVista Entertainment |
E o elenco? Ah, o elenco é o que eleva a aposta aqui. Regina Pavón e Jesús Zavala têm uma química inegável. A Belén de Pavón é aquela pessoa que, por fora, exala confiança e uma pitada de teimosia, mas você vê nos olhos dela a ânsia de provar seu valor. Já o Lucio de Zavala transita entre a picardia de um rival e a nostalgia de um amigo perdido com uma facilidade impressionante. Essa dança entre a rivalidade e uma certa afeição tácita é o que dá profundidade à comédia, impedindo que ela caia no clichê da “competição pura e simples”.
Mas não são só eles que brilham. Harold Azuara, como Javi, entrega momentos de pura comédia de apoio, sendo o alívio cômico perfeito em meio ao furacão Belén-Lucio. E Francisco De La Reguera como Mike, e Ligia Uriarte como Renata, completam o time de personagens que adicionam camadas de humor e drama à trama. A atuação deles é um exemplo clássico de “mostrar, não contar”: vemos a frustração de Mike, a astúcia de Renata, não porque o filme nos diz, mas porque suas expressões, seus diálogos, suas reações falam por si.
Claro, Natal (Ao Vivo) não é uma obra-prima que vai mudar sua vida. É uma comédia de Natal, afinal. Mas, dentro do seu gênero, ela acerta em cheio. Ela não se leva tão a sério, mas leva a sério a ideia de que a ambição e a rivalidade podem ser hilárias, especialmente quando misturadas com o espírito das festas de fim de ano. É um filme que reconhece a dualidade da vida – a competição feroz pelo sucesso e a importância dos laços humanos, mesmo os que parecem desgastados pelo tempo.
Então, se você, como eu, procura algo para reviver aquela sensação de uma boa comédia natalina que não tem medo de ser um pouco extravagante e cheia de personalidade, Natal (Ao Vivo) continua sendo uma ótima pedida. É um convite para rir do absurdo da vida corporativa, da doçura disfarçada da rivalidade e, claro, de como o Natal pode ser… uhm… ao vivo e a cores, com todos os seus desafios e encantos. Uma lembrança de que, às vezes, a melhor maneira de celebrar é se permitindo uma boa dose de risada e um pouco de caos organizado.