Natal no Palácio

Um conto de Natal gelado: resenha de Natal no Palácio

Sete anos se passaram desde que Natal no Palácio estreou em 2018, e ainda me pego pensando neste filme de Natal, um exemplar peculiar do gênero que conseguiu, de alguma forma, me encantar e me irritar em medidas quase iguais. A premissa é simples: Katie, uma ex-patinadora olímpica, é contratada para treinar uma princesa real para uma apresentação de Natal no palácio. Esperem romance, gelo, e uma pitada generosa de drama familiar real – porque, claro, a vida de uma princesa não é um conto de fadas 24/7.

Merritt Patterson, como Katie, consegue equilibrar o profissionalismo atlético com um toque de vulnerabilidade que torna a personagem simpática. Ela não é apenas uma instrutora; é uma mulher com suas próprias lutas e aspirações, o que adiciona uma camada de profundidade a um papel que facilmente poderia ter sido unidimensional. Já Andrew Cooper, como o Rei Alexander, entrega uma performance competente, mas que talvez pecasse por uma certa falta de carisma que o gênero exige. Brittany Bristow e Nicholas Banks, como os personagens secundários Jessica e Nicholas respectivamente, cumprem seus papéis com eficácia, funcionando como contrapontos adequados aos protagonistas. A veterana Geraldine Fitzgerald como a Tia Patricia rouba algumas cenas, com sua interpretação cheia de nuances e um toque de humor ácido.

Peter Hewitt, na direção, optou por uma abordagem segura e tradicional. Nada de experimentação cinematográfica aqui, o que, por um lado, garante uma experiência confortável ao espectador. Por outro, falta um certo toque distintivo que faria Natal no Palácio realmente se destacar da multidão de filmes natalinos. O roteiro, assinado por Joie Botkin e Rick Garman, segue a fórmula familiar dos filmes natalinos, com seus clichês previsíveis e seus momentos de redenção agridoce. Apesar da previsibilidade, o roteiro consegue construir uma dinâmica interessante entre os personagens, principalmente entre Katie e a princesa (cujo nome eu esqueci, sinceramente, a personagem não é tão marcante assim). A interação entre os personagens é, de fato, o ponto alto do filme.

Um dos maiores trunfos de Natal no Palácio reside em sua capacidade de explorar, ainda que superficialmente, os temas da família, da tradição e da pressão social. A princesa, envolta em responsabilidades reais e expectativas familiares sufocantes, encontra em Katie uma aliada inesperada. Esse desenvolvimento, embora um tanto batido, funciona bem o suficiente para proporcionar um bom coração aquecido ao público. Porém, é exatamente aqui que o filme peca. A profundidade dos temas é sacrificada em prol da narrativa ágil e previsível, deixando a sensação de que poderia ter explorado tais temas com mais nuance.

No que concerne aos seus pontos fracos, a previsibilidade já mencionada é a mais evidente. A trama é tão previsível quanto a neve em um filme de Natal. Ainda assim, Natal no Palácio tem um charme que o torna agradável de assistir. A fotografia é bonita, as locações são encantadoras, e a trilha sonora funciona como um abraço aconchegante. Em resumo: um filme previsível mas com boas performances, que não reinventa a roda, mas serve como um passatempo agradável para uma noite fria de inverno.

Apesar das suas falhas, eu recomendaria Natal no Palácio para quem busca um filme leve e relaxante para assistir durante a temporada natalina. Ele não vai revolucionar o gênero, mas oferece um entretenimento despretensioso e acolhedor, ideal para um “filme de segunda tela” ou mesmo para um encontro descontraído com a família. A experiência, no fim das contas, é tão doce e aconchegante quanto uma xícara de chocolate quente em uma tarde de inverno. Se você não esperar um grande cinema, mas sim um escape aconchegante, Natal no Palácio vai te entregar exatamente isso.