Next Exit

Ah, “Next Exit”. Sabe, de vez em quando, a gente se depara com um filme que grita para ser dissecado, não por sua grandiosidade óbvia ou pelo burburinho incessante, mas pela forma sutil e inesperada com que ele se aninha na gente, cutucando aquelas perguntas que preferimos guardar no fundo da gaveta. Este filme de Mali Elfman, lançado em 2022, é exatamente essa joia rara para mim. Ele não é uma explosão de efeitos especiais ou um drama pesado que te arrasta para o abismo; não, ele é mais como um sussurro, uma conversa íntima sobre o que acontece depois daqui, e, ironicamente, sobre como vivemos agora.

Eu, particularmente, sempre tive uma fascinação mórbida (e talvez um tanto filosófica) com o conceito de mortalidade. Não a morte em si, mas a dança constante entre a finitude e a nossa busca incessante por significado. “Next Exit” entra nessa dança com uma elegância desarmante, misturando ficção científica, comédia, drama e um romance quase acidental, criando um coquetel que é ao mesmo tempo excêntrico e profundamente humano.

A premissa, pra ser sincero, é daquelas que te pegam de surpresa. Imagina só: dois estranhos infelizes, Rose (Katie Parker) e Teddy (Rahul Kohli), atravessam os Estados Unidos. Não é uma viagem de férias, tá? Eles estão indo para participar de um experimento radical sobre a vida após a morte, conduzido por uma cientista brilhante e um tanto enigmática, a Dra. Stevensen, interpretada com uma dose perfeita de pragmatismo e um quê de isolamento por Karen Gillan. Parece algo saído de um episódio de “Black Mirror”, eu sei, mas a Elfman tece a narrativa de um jeito que a ciência-ficção serve apenas como pano de fundo para uma jornada muito mais interna.

O coração pulsante do filme são esses dois, Rose e Teddy. Katie Parker, como Rose, carrega uma melancolia que você pode quase sentir, um cansaço da vida que é palpável. Seus olhos, muitas vezes, parecem perdidos em pensamentos distantes, como se ela já estivesse meio caminho andando para o “próximo estágio”. Rahul Kohli, por outro lado, traz para Teddy uma camada de vulnerabilidade por trás de um exterior inicialmente mais… descolado, talvez. Ele tem um charme que desarma, mas também uma ferida que o empurra para essa viagem inusitada. Observar a dinâmica entre eles se desenrolar, de dois completos estranhos dividindo um carro e um propósito tão extremo, é o grande prazer aqui. Não é um romance de cinema óbvio, com fogos de artifício e declarações grandiosas. É algo mais silencioso, mais real: a forma como eles lentamente se abrem um para o outro, as piadas internas que surgem, as pequenas gentilezas, os momentos de silêncio que dizem mais do que qualquer diálogo. É como ver duas plantas murchas, em vasos separados, serem colocadas lado a lado e, aos poucos, encontrarem um jeito de enroscar suas folhas.

Atributo Detalhe
Diretora Mali Elfman
Roteirista Mali Elfman
Produtores Narineh Hacopian, Derek Bishe, Lindsay Helms, Joel Nevells
Elenco Principal Katie Parker, Rahul Kohli, Rose McIver, Karen Gillan, Tongayi Chirisa
Gênero Ficção científica, Comédia, Drama, Romance
Ano de Lançamento 2022
Produtoras Helmstreet Productions, No Traffic For Ghosts, XYZ Films

Mali Elfman, tanto na direção quanto no roteiro, mostra uma sensibilidade notável. Ela não tem medo de mergulhar em questões pesadas – arrependimento, luto, a busca por redenção – mas o faz com uma leveza inesperada. A comédia surge em momentos genuínos, em reações que a gente teria na vida real diante do absurdo. É uma risada que alivia, que nos lembra que mesmo no limiar da existência, ainda há espaço para o humor. E o drama? Ah, ele vem em ondas, como as paisagens que Rose e Teddy atravessam, momentos de introspecção que te fazem apertar os olhos e pensar na sua própria bagagem.

O elenco de apoio é outro ponto alto. Karen Gillan, como eu disse, dá vida a uma cientista que é fascinante em sua obstinação. Ela não é vilã, nem heroína, apenas uma mulher obcecada por uma pergunta. Rose McIver, como Heather, e Tongayi Chirisa, como o Padre Jack, trazem outras perspectivas e complexidades para a tapeçaria da história, cada um contribuindo com uma peça vital para o quebra-cabeça existencial que o filme propõe.

“Next Exit” é, acima de tudo, uma meditação sobre a conexão humana. No final das contas, o experimento científico quase se torna secundário ao que acontece entre as pessoas. É sobre encontrar um propósito – ou pelo menos um companheiro – quando você sente que não tem mais nada a perder. É sobre a beleza efêmera da jornada, as pequenas paradas ao longo do caminho, os olhares trocados, as mãos que se tocam, as histórias que compartilhamos. É sobre a ideia de que, talvez, o “próximo estágio” não seja um lugar físico ou um estado pós-vida, mas sim a capacidade de viver plenamente o presente, mesmo quando o futuro parece incerto.

Três anos depois de seu lançamento, em 2022, “Next Exit” ainda ressoa comigo de uma forma muito particular. Ele me lembra que filmes não precisam gritar para serem ouvidos. Às vezes, os mais potentes são aqueles que sussurram, que te convidam a sentar, a respirar e a refletir sobre o grande mistério que é a vida, e o que significa estar realmente vivo, mesmo quando se está a caminho do seu “próximo destino”. É uma experiência cinematográfica que, eu garanto, vai te acompanhar muito depois que os créditos subirem.

Trailer

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