Sabe aquele momento em que a gente se vê rolando a lista de filmes, buscando algo que preencha a noite sem exigir demais do cérebro, mas que ainda assim entregue uma dose honesta de adrenalina e uma pitada de mistério? É para esses momentos, eu diria, que obras como O Atirador: Missão Secreta foram feitas. E é exatamente por isso que me pego aqui, desvendando as camadas desse “B-flick” que, para ser bem franco, me surpreendeu em alguns aspectos.
Não sou de julgar um livro pela capa, ou melhor, um filme pelo orçamento de blockbuster. Na verdade, tenho um carinho especial por essas produções que, com menos recursos, muitas vezes precisam ser mais criativas, mais diretas ao ponto, e dependem mais da paixão da equipe do que dos efeitos especiais mirabolantes. O Atirador: Missão Secreta, dirigido e roteirizado por Oliver Thompson, lançado originalmente em 2022, encaixa-se perfeitamente nessa categoria, prometendo ação e um enredo que, embora simples, mexe com temas pesados.
A premissa, você vai ver, é instigante: Brandon Beckett (Chad Michael Collins), um nome já conhecido para os aficionados da franquia “Sniper”, se vê numa encruzilhada moral. Quando um agente federal, daqueles que deveriam proteger a lei, se torna o elo corrupto numa rede de tráfico sexual humano, Beckett decide que é hora de agir por conta própria. “Desonesto”, como diz a sinopse, mas com uma bússola moral apontando para o lado certo. Ele se une a aliados que parecem ter saído de um manual de personagens “badass” de filmes de ação: o Agente Zero (Ryan Robbins), da Segurança Nacional, e a enigmática assassina Lady Death (Akimoto Sayaka). Juntos, eles precisam desmascarar o verme da federação e desmantelar essa organização criminosa asquerosa.
E, tá, eu sei o que você está pensando: “tráfico sexual humano” é um tema delicado e pesado demais para um “B-flick”. E você está certo. O filme não se aprofunda na dor e no horror de forma explícita, o que talvez seja um acerto para o tipo de produção que é, mas o utiliza como um gatilho moral fortíssimo para as ações dos protagonistas. É a faísca que acende o pavio da indignação e da vingança, transformando Beckett de um atirador de elite em um justiceiro.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Oliver Thompson |
Roteirista | Oliver Thompson |
Produtor | Bay Dariz |
Elenco Principal | Chad Michael Collins, Ryan Robbins, 秋元才加, Brendan Sexton III, Josh Brener, Dennis Haysbert, Jocelyn Hudon, David MacInnis, Paul Essiembre, Erik Athavale |
Gênero | Ação, Thriller, Mistério |
Ano de Lançamento | 2022 |
Produtora | Destination Films |
Chad Michael Collins, como Brandon Beckett, já é um veterano do papel e traz uma familiaridade que ajuda a ancorar a narrativa. Ele não precisa de grandes discursos para mostrar a seriedade da sua missão; a determinação transparece em seu olhar, no modo como segura a arma. É o tipo de ator que entende o peso do seu personagem numa franquia e o entrega com uma competência discreta, mas eficaz. Ao seu lado, Ryan Robbins como Zero é o contraponto perfeito: um agente com um nome que grita “codinome maneiro”, e que traz uma energia mais jovial e um certo senso de humor para o trio. Mas quem realmente rouba a cena, ou pelo menos a atenção, é Akimoto Sayaka como Lady Death. A personagem é envolta em um ar de mistério e perigo, e Sayaka a interpreta com uma quietude letal que faz você querer saber mais sobre ela. É uma performance que mostra, e não apenas conta, o quão letal ela pode ser, seja pela precisão de seus movimentos ou pela intensidade de seus poucos, mas impactantes, diálogos.
E o elenco de apoio? Ah, o elenco de apoio é a cereja do bolo para quem, como eu, gosta de reconhecer rostos familiares que abrilhantam produções como essa. Brendan Sexton III como Gildie entrega um vilão que, apesar de talvez não ser o cérebro por trás de tudo, tem uma presença ameaçadora. E ter Dennis Haysbert, a voz inconfundível do Presidente Palmer de “24 Horas”, como Gabriel Stone, empresta uma autoridade inegável a cada cena em que aparece, mesmo que seu papel seja mais conciso. É um toque que eleva a credibilidade do filme.
A crítica do MovieGuys, “Simple but fun. That how I’d characterise this decidedly ‘B’ flick. Sniper Rogue Mission won’t ever set the world on fire but the acting is solid, with established TV actors and its story, which…”, acertou em cheio. O Atirador: Missão Secreta não é um filme que reinventa a roda do gênero ação/thriller. Não espere grandes reviravoltas que farão você questionar sua própria existência. Mas o que ele faz, ele faz bem. A direção de Oliver Thompson é funcional, mantendo um ritmo constante que não deixa a peteca cair. As cenas de ação são diretas, sem excessos, e focadas no que um filme sobre atiradores deve ter: precisão e estratégia, misturadas com confrontos corpo a corpo que têm uma certa crueza satisfatória.
O “mistério” do gênero, aqui, reside mais em quem é o agente corrupto e como desvendá-lo do que em um quebra-cabeça complexo. Mas a perseguição é tensa o suficiente para manter você colado na tela, especialmente quando nossos protagonistas, sendo “desonestos”, precisam confiar apenas em seus instintos e em seus aliados, sem as redes de segurança habituais das agências governamentais. Há uma certa satisfação em ver heróis agindo fora das linhas para fazer o que é certo, não é mesmo? É uma fantasia que, de vez em quando, nos serve bem.
No fim das contas, O Atirador: Missão Secreta é um daqueles filmes que você assiste sem grandes expectativas e sai com uma sensação agradável de ter sido entretido. Ele abraça sua identidade de “filme B” com orgulho, usando o talento de seu elenco para compensar onde o orçamento talvez não permitisse extravagâncias. Não é para ser dissecado em aulas de cinema, mas é um sólido exemplar do seu gênero. Uma tarde chuvosa, um balde de pipoca e O Atirador: Missão Secreta podem ser uma combinação surpreendentemente boa. É um lembrete de que nem todo filme precisa ser uma obra-prima para ser, bom, divertido. E às vezes, é só isso que a gente precisa.