O Caixão de Vidro: Um Terror Assombrado pela Beleza
Confesso que cheguei a O Caixão de Vidro com certo ceticismo. Terror tailandês? Já vi alguns… digamos, interessantes. Mas a sinopse, com essa promessa de vingança, de um passado que não se deixa enterrar, me fisgou. E, para minha surpresa, o filme entregou – e muito mais do que eu esperava. Lançado em 2025, este longa-metragem, dirigido por Vathanyu Ingkawiwat, transcende o puro susto para nos entregar uma exploração perturbadora da culpa, do luto e da natureza volátil do desejo humano.
A trama gira em torno de Lunthom, cuja morte inesperada abre caminho para um relacionamento antes clandestino. Mas o descanso não é concedido tão facilmente, pois o corpo de Lunthom, em seu inquietante caixão de vidro, retorna para assombrar aqueles que pensavam tê-la esquecido. Não vou detalhar além disso para evitar spoilers – a atmosfera opressiva e os momentos de puro terror são melhores desfrutados sem conhecimento prévio.
A direção de Ingkawiwat é impecável. A construção da tensão é gradual, magistral. Ele utiliza a fotografia com maestria, explorando sombras e contrastes para criar uma atmosfera claustrofóbica, que se intensifica com a presença constante do caixão de vidro – uma peça cênica brilhante, quase um personagem em si. A trilha sonora, discreta mas efetiva, aumenta a sensação de apreensão que permeia todo o filme.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Vathanyu Ingkawiwat |
| Roteiristas | Nut Nualpang, Nattamol Peanthanom, Nattapot Potchumnean, Weerasu Worrapot |
| Produtores | Nattapong Suriya, Kanta Kaljareuk |
| Elenco Principal | วรนุช ภิรมย์ภักดี, ธนเวทย์ สิริวัฒน์ธนกุล, อรัชพร โภคินภากร, Kampanath Ruangkittivilas, Pornchanok Sintanaporn |
| Gênero | Drama, Terror |
| Ano de Lançamento | 2025 |
| Produtoras | M Studio, Global Ink Studios |
O roteiro, assinado por uma equipe talentosa, equilibra com sucesso os elementos de suspense, drama e terror. A construção dos personagens é convincente, principalmente a de Lunthom, interpretada com força e fragilidade por Voranuch Bhirombhakdi. A atuação de Thanaveth Siriwattanakul como Cheev e de Arachporn Pokinpakorn como Rossukhon também merece destaque, ambos transmitindo com naturalidade a ambiguidade moral de seus personagens. A atuação sutil e eficiente de Kampanath Ruangkittivilas como o xamã e Pornchanok Sintanaporn como Took adiciona camadas adicionais de complexidade à trama.
No entanto, O Caixão de Vidro não está isento de falhas. Em alguns momentos, o ritmo parece oscilar, e algumas reviravoltas previsíveis poderiam ter sido melhor trabalhadas. Apesar disso, os pontos fortes superam em muito os fracos. A exploração do tema da vingança, transcendo o mero desejo de justiça, e a análise das consequências das escolhas morais são temas densos e inquietantes, explorados com sensibilidade e profundidade. A película questiona a própria ideia de justiça e o peso do passado, deixando o espectador refletindo muito depois dos créditos finais.
Para quem gosta de terror psicológico que vai além do jump scare, O Caixão de Vidro é uma experiência cinematográfica obrigatória. Apesar de alguns pequenos deslizes, o filme brilha pela direção segura, atuações excepcionais e uma história que te prende do início ao fim. É um filme que não se esquece facilmente, e sua beleza sombria e seus momentos perturbadores o deixarão com aquela sensação desconfortável e deliciosa que todo bom filme de terror deve proporcionar. Recomendo fortemente sua exibição nas plataformas digitais, desde que você esteja preparado para uma experiência verdadeiramente perturbadora.




