O Canto do Cisne

Faz quase quatro anos que O Canto do Cisne nos convidou a uma jornada pelo futuro, mas, cá entre nós, há certas histórias que simplesmente se recusam a abandonar a nossa mente. É o tipo de filme que, mesmo depois de a tela escurecer e os créditos rolarem, permanece ali, como um zumbido persistente no pensamento, pedindo que você desvende seus mistérios. Por que revisitar um drama de ficção científica de 2021 agora, em pleno outubro de 2025? Porque, para mim, a verdadeira essência do cinema reside na sua capacidade de fazer perguntas que não têm respostas fáceis, e O Canto do Cisne é um mestre nisso.

A gente é apresentado a Cameron Turner, um pai e marido que ama a sua família com uma devoção quase palpável. A vida, porém, tem dessas ironias cruéis, e ele recebe o diagnóstico de uma doença terminal que ameaça roubá-lo de seus entes queridos. O cenário é um futuro não tão distante, onde a tecnologia, com sua promessa quase divina, oferece uma solução experimental: um clone, um substituto perfeito com suas memórias e personalidade intactas, pronto para assumir seu lugar e poupar sua família do sofrimento da perda. Um adeus sem dor, uma vida sem interrupção para quem fica. Parece utopia, né? Mas a gente sabe que toda utopia esconde uma sombra.

Mahershala Ali, interpretando Cameron, é simplesmente poderoso. Ele não apenas age; ele respira a angústia de um homem em face de uma escolha impossível. Seus olhos, ora repletos de um amor exuberante por Poppy (Naomie Harris, que brilha com uma ternura arrebatadora), ora tomados por uma espécie de nervosismo palpável diante do desconhecido, nos guiam por um labirinto emocional. Ali nos mostra, não apenas conta, o peso que recai sobre os ombros de Cameron. A gente sente a tremedeira nas mãos invisíveis, o suspiro contido, o conflito interno de alguém que quer desesperadamente proteger sua família, mas que também luta com a própria ideia de sua anulação. É uma performance que te deixa ali, questionando a linha tênue entre sacrifício e desistência.

A premissa, com sua dose de ficção científica especulativa, explora a clonagem e a transferência de memória de uma forma que vai além do mero espetáculo visual. O filme nos faz ponderar sobre o que realmente nos define. É a nossa carne, nossos ossos, ou a tapeçaria de memórias implantadas que nos torna quem somos? É aí que a genialidade do roteirista e diretor Benjamin Cleary entra em jogo. Ele cria um ambiente que é ao mesmo tempo asséptico e emocionalmente carregado, onde a tecnologia avança com um zelo quase perturbador, prometendo uma espécie de afterlife substituível para o luto.

AtributoDetalhe
DiretorBenjamin Cleary
RoteiristaBenjamin Cleary
ProdutoresRebecca Bourke, Shea Kammer, Mimi Valdés, Adam Shulman, Jacob Perlin, Mahershala Ali, Jonathan King
Elenco PrincipalMahershala Ali, Naomie Harris, Awkwafina, Glenn Close, Adam Beach
GêneroDrama, Ficção científica
Ano de Lançamento2021
ProdutorasAnonymous Content, Know Wonder, Apple Studios

E a gente precisa falar do elenco de apoio, porque eles são o coração pulsante que dá nuances a essa narrativa. Naomie Harris como Poppy é o âncora emocional de Cameron, e a sua atuação nos faz entender a profundidade do amor que Cameron está tentando preservar. Awkwafina, no papel de Kate, talvez seja a voz mais humana em meio a toda essa tecnologia fria, oferecendo momentos de uma leveza crucial. E Glenn Close, como a Dr. Eve Scott, projeta uma mistura de humanidade e um certo distanciamento clínico que é fundamental para a ambiguidade moral da trama. Ela é a personificação da esperança científica, sim, mas também do perigo de se brincar de deus.

`O Canto do Cisne` navega por águas misteriosas, e é verdade, talvez não se aprofunde tanto em algumas de suas implicações filosóficas mais densas quanto eu gostaria – algo que algumas críticas à época também apontaram. Poderia ter explorado com mais veemência as nuances existenciais do que significa ter uma réplica da sua vida, uma extensão do seu ser que continua vivendo sem você. O que acontece com a alma, com a individualidade, quando se aceita tal solução? Mas, mesmo assim, o que ele entrega é um drama intensamente humano, embalado em um conto futurista que é, acima de tudo, uma história de amor.

A trilha sonora, muitas vezes um hum sutil e ominoso, pontua a tensão interna de Cameron e o suspense ético da narrativa. Você se sente na pele dele, sentindo o peso das suas escolhas, a angústia de saber que, para a sua família, ele ainda estará lá, mas para ele mesmo, o futuro é um silêncio total. É uma despedida disfarçada de permanência, um sacrifício que parece taunting para o próprio indivíduo.

Quando o filme termina, a gente se pega ponderando: qual é o verdadeiro custo de proteger quem amamos da dor? E o que realmente significa viver? O Canto do Cisne não te dá as respostas mastigadas, e talvez seja essa a sua maior força. Ele te provoca a pensar, a sentir e, quem sabe, a valorizar ainda mais cada instante presente com as pessoas que você ama. Em 2025, a mensagem de O Canto do Cisne continua tão relevante e comovente quanto em 2021. É um lembrete esperançoso e, ao mesmo tempo, um alerta sobre o futuro que estamos construindo.

Trailer

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