O Colecionador de Ossos: Um thriller que te deixa com os ossos gelados (mas não sempre satisfeito)
Lançado em 1999, O Colecionador de Ossos chegou aos cinemas brasileiros em 28 de janeiro de 2000, prometendo um thriller policial tenso e inteligente. Mais de 25 anos depois, em 2025, ainda é um filme que se discute, e a minha revisitação recente me deixou com algumas reflexões, algumas positivas, outras… nem tanto. A trama acompanha a caçada a um assassino em série que deixa como assinatura um pequeno fragmento ósseo de cada vítima. A detetive Amelia Donaghy, uma policial determinada, encontra-se em apuros e busca a ajuda do brilhante, porém tetraplégico, especialista em criminologia forense Lincoln Rhyme. Juntos, eles embarcam em uma corrida contra o tempo para decifrar as enigmáticas pistas e impedir o próximo crime.
A Força da Dupla e a Inércia do Roteiro
Denzel Washington e Angelina Jolie, no auge de suas carreiras, entregam atuações sólidas, o que ajuda a carregar o filme em seus momentos mais fracos. Washington, como Rhyme, é um show de atuação, incorporando a frustração e o gênio do personagem com maestria. Jolie equilibra a energia e a determinação de Donaghy com uma fragilidade que a torna humana e empática. O elenco de apoio, com Queen Latifah e Michael Rooker, também contribui positivamente, embora alguns personagens fiquem pouco desenvolvidos.
Entretanto, a direção de Phillip Noyce, apesar de competente, não consegue tirar o máximo proveito do roteiro de Jeremy Iacone. O suspense, apesar de presente, é por vezes previsível, e o desenvolvimento de certos aspectos da investigação parece atropelado. A construção do psicopata, o verdadeiro coração do filme, oscila entre momentos de genuína tensão e outros que parecem apressados demais. A ambientação na cidade de Nova Iorque é bem aproveitada, especialmente nas cenas de perseguição em táxis que contribuem para a atmosfera frenética da trama.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Phillip Noyce |
Roteirista | Jeremy Iacone |
Produtores | Louis A. Stroller, Martin Bregman, Michael Bregman |
Elenco Principal | Denzel Washington, Angelina Jolie, Queen Latifah, Michael Rooker, Michael McGlone |
Gênero | Drama, Mistério, Thriller, Crime |
Ano de Lançamento | 1999 |
Produtoras | Universal Pictures, Columbia Pictures |
O Gosto Amargo do Final
O filme se destaca pela atmosfera sombria e claustrofóbica que envolve os personagens, principalmente Rhyme em sua casa adaptada, e a tensão gerada pela investigação policial. A música de Craig Armstrong, mencionada por alguns críticos em 2000, ainda hoje contribui para essa atmosfera de suspense. Apesar disso, o roteiro falha em explorar a fundo algumas das potencialidades da história. O relacionamento entre Rhyme e Donaghy, que poderia ser mais trabalhado, se torna um ponto de atrativo menor que a própria investigação.
A revelação da identidade do assassino, um ponto crucial de qualquer thriller policial, acaba sendo um tanto anti-climática. Embora a explicação do modus operandi faça sentido dentro da narrativa, a falta de profundidade psicológica do vilão impede que o espectador compreenda a verdadeira motivação por trás de seus atos. É uma critica que ainda hoje ecoa entre os fãs do filme.
Um Legado em Preto e Branco
O Colecionador de Ossos não é um filme ruim; longe disso. Washington e Jolie carregam a película nas costas, mas o roteiro apresenta falhas que impedem que o longa alcance o nível de excelência que poderia ter alcançado. Há momentos de suspense genuíno e uma ótima performance do elenco principal. No entanto, a previsibilidade de alguns elementos da trama e a revelação pouco impactante do assassino diminuem o impacto final.
Apesar de suas imperfeições, O Colecionador de Ossos ainda é um filme que vale a pena assistir, principalmente para aqueles que apreciam thrillers policiais clássicos. A atmosfera sombria e as atuações convincentes compensam, em parte, as deficiências do roteiro. Recomendo-o, mas com a ressalva de que a experiência não será totalmente perfeita. A expectativa, comparando-o com outros thrillers de sua época, certamente precisa ser temperada. Em 2025, ele ocupa um espaço interessante na filmografia de seus protagonistas e na história dos thrillers policiais, mais pelo que poderia ter sido do que pelo que de fato é.