O Estranho Mundo de Jack

Sabe, há filmes que a gente simplesmente carrega na alma. Para mim, O Estranho Mundo de Jack é um desses. Já se passaram mais de trinta anos desde que Jack Skellington, o Rei das Abóboras, pisou pela primeira vez na minha tela (e na sua, provavelmente, em 1993, tanto lá fora quanto aqui no Brasil). E posso te dizer: o tempo, que às vezes é tão cruel com as obras de arte, só fez este filme brilhar ainda mais.

Lembro-me da primeira vez que vi aquela criatura esguia, com seu esqueleto elegantemente sinistro, caminhando pelos bosques noturnos, as luzes da Cidade do Halloween deixando um rastro de familiaridade macabra para trás. Era o final de ano, e eu, como tantos, estava mergulhada na expectativa das festas. Mas, de repente, surgiu essa história, essa fantasia animada que ousava misturar o conforto do Natal com a deliciosa estranheza do Dia das Bruxas. É uma premissa tão audaciosa que, se você parar para pensar, é quase um sacrilégio. E é exatamente por isso que funciona tão bem.

Jack, para quem talvez não tenha tido o prazer de se aventurar por este mundo, é o mestre incontestável do Dia das Bruxas. Ele orquestra os sustos, a magia e a diversão assustadora como ninguém. Mas, vejam só, até reis precisam de uma pausa. A repetição cansa, a rotina esvazia. E é nesse ponto de esgotamento criativo que Jack, numa caminhada sem rumo pelos bosques, tropeça em algo que irá virar seu mundo (e o nosso) de cabeça para baixo: o portal para a Cidade do Natal.

Ah, a Cidade do Natal! O contraste é gritante, quase um choque sensorial. Do ar gélido de outono e das abóboras flamejantes da sua casa, Jack é arremessado para um universo de neve fofa, luzes cintilantes e uma alegria que ele nunca sequer imaginou. Ele vê o Papai Noel (ou, como ele o chama carinhosamente, o “Papai Cruel”), os duendes, os presentes… Mas, e aqui reside a nuance que tanto me cativa, Jack não compreende o Natal. Ele o admira, ele se fascina pela estética, pela euforia. Ele vê a forma, mas a essência do espírito natalino lhe escapa, como fumaça entre os dedos de um esqueleto.

AtributoDetalhe
DiretorHenry Selick
RoteiristaCaroline Thompson
ProdutoresTim Burton, Denise Di Novi, Don Hahn
Elenco PrincipalDanny Elfman, Chris Sarandon, Catherine O'Hara, William Hickey, Glenn Shadix
GêneroFantasia, Animação, Família
Ano de Lançamento1993
ProdutorasTouchstone Pictures, Skellington Productions

E é aí que a confusão começa, a deliciosa e bem-intencionada confusão. Jack, com a paixão ardente de um recém-convertido, decide que a Cidade do Halloween pode (e deve!) fazer seu próprio Natal. Imagine a cena: fantasmas embrulhando presentes, vampiros decorando árvores, monstros ensaiando canções natalinas. É hilário, é macabro, é puro gênio. E tudo isso ganha vida através da técnica de stop motion que Henry Selick, o diretor, comanda com uma maestria que, convenhamos, está longe de ser “OKish”, como um trecho de crítica que li por aí sugeria. Cada movimento, cada expressão dos personagens esculpidos é um testemunho da paciência e da arte por trás dessa forma de animação. Os detalhes são de tirar o fôlego, a fluidez é surpreendente para uma técnica tão laboriosa. É um espetáculo visual que se recusa a envelhecer.

Mas, como em toda boa história, há uma voz da razão, um presságio ambulante. Sally, a boneca de trapos criada pelo excêntrico Dr. Finkelstein, é a bússola moral de Jack. Seus olhos grandes e expressivos, costurados com uma melancolia premonitória, tentam alertá-lo. Ela vê as catástrofes antes que aconteçam, sente o perigo no ar, sabe que a boa intenção de Jack está pavimentando o caminho para um inferno festivo. A atuação de Catherine O’Hara, que dá voz a Sally (e também à travessa Shock), é sublime, transmitindo uma vulnerabilidade e inteligência que nos fazem torcer por ela, por sua sabedoria tão ignorada.

E enquanto Jack e os cidadãos da Cidade do Halloween estão ocupados sequestrando o Papai Noel para que Jack possa assumir o papel, a trilha sonora de Danny Elfman se encarrega de costurar cada cena, cada emoção. Elfman não apenas dá voz cantada a Jack (uma performance vocal que é puro carisma), mas ele é a alma musical do filme. As músicas são um misto perfeito de lirismo sombrio e alegria inocente, com letras que se aprofundam na psique de Jack, em sua busca por algo mais. Elas nos carregam por esta aventura como um trenó desgovernado, mas sempre com uma melodia viciante.

O Estranho Mundo de Jack é, em sua essência, uma ode à busca por identidade, um mergulho na beleza da diferença e um lembrete agridoce de que nem sempre nossas melhores intenções produzem os melhores resultados. Não é um filme “preto e branco”, onde Jack é um vilão. Ele é um esqueleto entusiasmado, um líder que ama seu povo e que genuinamente acredita estar “salvando o Natal” ao dar-lhe um toque de horror festivo. E essa é a beleza da complexidade humana (ou, nesse caso, esquelética). É um filme de família que abraça o lado sombrio com um sorriso de abóbora, que flerta com o “christmas horror” sem nunca perder a ternura.

Trinta e dois anos depois de seu lançamento, em 20 de outubro de 2025, enquanto o Dia das Bruxas se aproxima e os primeiros flocos de Natal já começam a aparecer nas vitrines, a magia de O Estranho Mundo de Jack permanece intacta. É um clássico atemporal que continua a nos ensinar sobre a alegria de encontrar algo novo e a importância de realmente compreendê-lo antes de tentar reinventá-lo.

E você, qual é a sua cena favorita quando Jack tenta fazer o Natal? Conta pra mim nos comentários!

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