O Lendário Cão Guerreiro

Ah, os filmes de animação. Para mim, eles sempre foram mais do que meros desenhos na tela; são janelas para mundos onde o impossível dança com o palpável, onde lições complexas se desdobram em cores vibrantes e personagens inesquecíveis. E, convenhamos, num mar de sequências e reboots previsíveis, encontrar uma joia que realmente acende a chama da criatividade é um verdadeiro presente. É por isso que, mesmo três anos após seu lançamento em 2022, O Lendário Cão Guerreiro ainda ressoa na minha memória, um título que, à primeira vista, pode parecer apenas mais uma aventura para a garotada, mas que, na verdade, entrega muito mais do que promete.

Quem diria que uma história sobre um cão tentando ser um samurai numa cidade de gatos seria tão… sagaz? O cerne da trama é delicioso em sua simplicidade e, ao mesmo tempo, surpreendentemente denso. Hank (com a voz perfeitamente desajeitada de Michael Cera), um beagle com mais coragem que sorte, encontra-se num Japão feudal onde felinos de todos os tipos dominam, e, por consequência, cães são… bem, o inimigo natural. A premissa de um azarão se disfarçando de temível samurai para salvar uma vila de gatos que o odeia é ouro puro para a comédia, e o filme soube lapidá-lo com maestria.

O que me prendeu de verdade foi a forma como O Lendário Cão Guerreiro não fugiu de temas mais espinhosos, embrulhando-os numa capa de humor e aventura que o torna acessível para todas as idades. Há uma alegoria escancarada sobre preconceito e a superação de barreiras interespécies que ecoa discussões muito humanas sobre “racismo”, sim, mas não de uma forma pesada ou didática. Pelo contrário, o filme aborda essa desconfiança e ódio irracional com uma leveza que desarma, transformando a intolerância em algo tão ridículo quanto os próprios vilões que a propagam. Ver os gatos, com seus narizes empinados e sua superioridade felina autodeclarada, aprenderem a ver Hank não como “o cão”, mas como um indivíduo corajoso, é uma jornada tocante.

E o elenco de vozes? Ah, essa é uma sinfonia à parte. Michael Cera, com sua voz que evoca uma vulnerabilidade adorável, é o Hank ideal. Você sente a cada sílaba o nervosismo do personagem, seu desejo desesperado de agradar e sua surpresa ao descobrir sua própria força. Samuel L. Jackson, como o ranzinza, mas sábio, Jimbo, é o mentor relutante que todos nós precisamos. Sua entrega de linhas é impecável, injetando uma gravidade cômica que eleva cada cena em que participa. Mas o verdadeiro show aqui, para mim, é Ricky Gervais como o vilão Ika Chu. O sujeito é um tirano, implacável em seu plano de varrer a vila do mapa, mas Gervais o imbui de uma arrogância tão deliciosa e um timing cômico tão afiado que você se pega rindo dos planos mais maquiavélicos dele. E Mel Brooks como o Shogun? É a cereja do bolo, um aceno respeitoso ao gênio cômico que inspirou tanto deste filme (sim, estou olhando para você, “Banzé no Oeste”).

Atributo Detalhe
Diretores Rob Minkoff, Chris Bailey, Mark Koetsier
Roteiristas Ed Stone, Nate Hopper
Produtores Adam Nagle, Guy Collins, Peter Nagle, Susan Purcell, Yair Landau, Damien Simonklein, Rob Minkoff
Elenco Principal Michael Cera, Samuel L. Jackson, Ricky Gervais, Kylie Kuioka, Mel Brooks
Gênero Animação, Aventura, Comédia, Família
Ano de Lançamento 2022
Produtoras Flying Tigers Entertainment, Aniventure, HB Wink Animation, Cinesite Animation, Align, GFM Animation, Brooksfilms Ltd., Mass Animation, Blazing Productions, Paramount Pictures, Nickelodeon Movies

A direção de Rob Minkoff, Chris Bailey e Mark Koetsier, juntamente com o roteiro de Ed Stone e Nate Hopper, consegue orquestrar uma experiência visualmente deslumbrante e narrativamente envolvente. As paisagens japonesas, os duelos de samurai (mesmo que um seja um cão desajeitado e o outro um gato rabugento), as cenas de sumo… tudo é executado com um esmero que faz jus à rica estética do Japão. Mas o que mais me impressiona é como a animação consegue fazer rir alto, com gags visuais e diálogos afiados que você não espera num filme familiar. Há momentos genuinamente hilários, alguns tão absurdos que você se pega soltando uma gargalhada no meio da sala, e outros com um humor mais sutil que te faz sorrir internamente. E sim, fiquem para as cenas pós-créditos; são a recompensa perfeita para quem apreciou a jornada.

Olhando para trás, em 2025, O Lendário Cão Guerreiro não é apenas um filme que assisti, mas uma experiência que me fez refletir. Ele pegou uma premissa simples, infundiu-a com um elenco de vozes estelar e uma animação vibrante, e a elevou com camadas de humor e comentários sociais. É o tipo de filme que prova que a animação, mesmo quando mira no público infantil, pode ser inteligente, divertida e, o mais importante, profundamente humana. É uma aventura que, de forma gloriosamente ridícula, celebra a aceitação, a coragem e a capacidade de encontrar um herói onde menos se espera. E, no fim das contas, não é isso que buscamos em todas as nossas histórias favoritas? Um lembrete de que até um cão sem sorte pode mudar o mundo, um miado e um latido de cada vez.

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