O Macaco: Uma Farra Sangrenta Que Deixa a Gostinho de Querer Mais
Lançado em 06 de março de 2025, O Macaco chegou aos cinemas brasileiros prometendo uma mistura explosiva de terror e comédia negra, uma receita que, na prática, entregou um resultado… curioso. Dirigido e roteirizado por Osgood Perkins, o longa acompanha dois irmãos gêmeos, separados por anos, que se veem forçados a confrontar um passado sombrio personificado em um macacão de brinquedo amaldiçoado. A premissa, em si, é intrigante, e a promessa de um mergulho no terror sobrenatural com toques de humor ácido me deixou ansioso para assistir. Após sua exibição, no entanto, a experiência ficou pairando em um território ambíguo, um misto de satisfação e insatisfação que me faz pensar no filme dias depois.
A trama gira em torno de um objeto amaldiçoado que, aos poucos, revela sua natureza sinistra e as consequências de um passado negligenciado. Sem entrar em spoilers, direi apenas que o roteiro utiliza a dinâmica entre os irmãos gêmeos, brilhantemente interpretados por Theo James (em um trabalho de dualidade impecável, diga-se de passagem), como o fio condutor de uma narrativa que, por vezes, se entrega a um ritmo frenético, em outras, se perde em divagações que, embora interessantes, não agregam muito à trama principal. Tatiana Maslany, como Lois, entrega uma performance sólida, porém em segundo plano, em comparação à performance central de James. Já Christian Convery e Colin O’Brien, como os irmãos mais jovens, cumprem bem seus papéis, estabelecendo um contraste eficaz com as versões adultas de seus personagens.
Osgood Perkins demonstra maestria em certos momentos, principalmente nas cenas mais viscerais. A violência gráfica, presente em boa parte do filme, não é gratuita; ela é funcional na construção da atmosfera de pavor e, surpreendentemente, em alguns momentos, até mesmo cômica. A direção de arte é impecável, transmitindo com fidelidade a atmosfera sombria e opressiva, principalmente nas cenas que se passam em Maine. Entretanto, a combinação de terror, comédia e drama familiar, às vezes, parece forçada, resultando em uma mistura desequilibrada que dificulta a imersão completa do espectador. A transição entre os tons é abrupta, um ponto mencionado por alguns críticos e com o qual concordo. Existem momentos de puro terror que se dissipam tão rápido que a experiência se torna irregular e um pouco frustrante.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Osgood Perkins |
Roteirista | Osgood Perkins |
Produtores | Dave Caplan, Chris Ferguson, Brian Kavanaugh-Jones, James Wan |
Elenco Principal | Theo James, Tatiana Maslany, Christian Convery, Colin O'Brien, Adam Scott |
Gênero | Terror, Comédia |
Ano de Lançamento | 2025 |
Produtoras | Atomic Monster, C2 Motion Picture Group, Range Media Partners, Oddfellows Entertainment, The Safran Company, Stars Collective |
O filme, com seus 90 minutos de duração, apresenta-se como uma montanha-russa de emoções, que infelizmente não consegue manter a velocidade e o suspense constantes. A trama, por vezes, se perde em detalhes desnecessários e personagens secundários pouco desenvolvidos. Alguns diálogos poderiam ser mais eficazes, outros são completamente dispensáveis. Por outro lado, a ideia de um objeto amaldiçoado que traz à tona os pecados do passado é classicamente eficaz e é usada com criatividade, apesar das inconsistências.
O Macaco não está isento de defeitos, principalmente no que diz respeito ao equilíbrio entre seus gêneros. A crítica de que o filme “perde o interesse nos personagens humanos” é pertinente, principalmente no ato final. O foco na criatura sobrenatural acaba eclipsando o desenvolvimento dos personagens, o que é uma pena, considerando o potencial da trama. Apesar disso, a direção, a fotografia e as atuações são pontos altos. A utilização de recursos visuais, como a constante presença de tambores e o uso estratégico da linguagem corporal, contribuem significativamente para a construção da atmosfera de suspense. A cena com o restaurante japonês, por exemplo, é memorável e magistral.
A mensagem do filme, embora não seja explicitamente declarada, gira em torno da importância do perdão e da reconciliação familiar, especialmente no contexto de um passado traumático. A relação conturbada entre os irmãos gêmeos, o distanciamento do pai e a ausência da figura materna são temas importantes que permeiam a narrativa.
No fim das contas, O Macaco é um filme que me deixou dividido. Apesar dos seus problemas narrativos e de ritmo, a criatividade da premissa e alguns momentos brilhantes de terror e comédia negra o tornam uma experiência memorável, embora irregular. Recomendo a sua exibição para aqueles que apreciam filmes de terror com uma pitada de humor negro e que não se importam com algumas inconsistências narrativas. Se você procura um filme de terror impecável, talvez este não seja a melhor opção; contudo, se procura uma experiência cinematográfica diferente e cheia de momentos memoráveis, com cenas de gore e um toque de comédia macabra, dê uma chance a O Macaco. Ele te deixará certamente com uma sensação de “que diabos foi isso?”. E, quem sabe, você até curta essa sensação. A cena pós-créditos, aliás, é imperdível!