O Terror Assombra a Tela: Uma Análise de O Meme do Mal
Dois anos se passaram desde que O Meme do Mal aterrissou nas plataformas digitais, e ainda me pego pensando em sua premissa intrigante e, ao mesmo tempo, frustrante execução. O filme acompanha Asha e seu irmão mais novo, Kamran, enquanto lutam contra um meme aterrador que se manifesta na vida real, alimentado pela histeria dos seus pais. A ideia central, explorar a fronteira nebulosa entre a realidade e o mundo digital, é sedutora e repleta de potencial. No entanto, apesar de um início promissor, o filme não consegue sustentar o ritmo e a tensão, culminando num final que, para ser gentil, é decepcionante.
A direção de John Ross, que também assina o roteiro, apresenta uma estética visual competente, explorando a atmosfera claustrofóbica da casa da família Chaudhry com eficácia. A paleta de cores escuras e a iluminação estratégica contribuem para a construção da crescente sensação de pavor. No entanto, a narrativa se perde em um turbilhão de sustos baratos e momentos de terror gratuitos, em detrimento do desenvolvimento de personagens e da exploração mais profunda dos temas propostos.
As atuações são um ponto misto. Sara Wolfkind demonstra talento como Asha, transmitindo a angústia e o desespero da personagem de forma convincente. Shannyn Sossamon e Usman Ally, como os pais, Leah e Amir, entregam performances eficazes ao retratar a fragilidade e o medo que a situação impõe. Já Callan Farris, como Kamran, é quem fica devendo. Sua atuação, embora funcional, carece da profundidade emocional necessária para se conectar com o público.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | John Ross |
| Roteirista | John Ross |
| Produtores | Arbi Pedrossian, Dawn Fanning Moore, David D. Moore, Vindhya Sagar |
| Elenco Principal | Sara Wolfkind, Shannyn Sossamon, Usman Ally, Callan Farris, Tate Moore |
| Gênero | Terror |
| Ano de Lançamento | 2022 |
| Produtora | 20th Digital Studio |
A primeira parte do filme funciona excepcionalmente bem. O ritmo é ágil, a tensão é palpável, e a premissa original prende a atenção. A analogia entre a histeria coletiva causada pelo meme e o medo ancestral, a incapacidade de separar a realidade da ficção, é inteligentemente trabalhada. A crítica à internet e sua capacidade de amplificar o medo e a paranoia é sutil, mas eficaz nos primeiros 75 minutos. Porém, o terceiro ato desmorona, o roteiro se perde em explicações desnecessárias e o terror psicológico dá lugar a uma série de eventos fantasmagóricos despropositados, que descaracterizam o desenvolvimento da narrativa até então.
Se O Meme do Mal brilha em sua premissa e alguns momentos de tensão bem-construídos, ele tropeça em sua resolução apressada e pouco convincente. A mensagem sobre o poder da desinformação e a vulnerabilidade da mente humana perante o medo fica submersa em um mar de efeitos especiais pouco inspirados e escolhas narrativas questionáveis. O filme parece se afastar de uma exploração mais profunda dos temas sociais e psicológicos para se dedicar a sustos superficiais, o que acaba comprometendo o impacto geral da obra.
Comparando-o com outros filmes do gênero, como “O Babadook”, O Meme do Mal não atinge o mesmo nível de complexidade e profundidade temática. Embora a inspiração seja evidente, a execução não acompanha a ambição. É uma pena, pois a premissa original tinha um potencial gigantesco.
Recomendo O Meme do Mal apenas para aqueles que apreciam filmes de terror com uma abordagem mais conceitual e estão dispostos a perdoar algumas falhas narrativas em nome de uma boa ideia inicial. Para os fãs de terror psicológico mais exigentes, talvez seja melhor buscar outras opções. Apesar de suas falhas, o filme se mantém em minha memória, principalmente pela angústia inicial, servindo como um lembrete do quanto uma boa ideia pode ser comprometida por uma execução problemática.




