Existir é, por si só, um ato de coragem. Viver, então, é uma dança intrincada entre o caos e a ordem, entre a escuridão que por vezes nos engole e a luz que nos lembra de seguir em frente. Talvez seja por isso que, mesmo passados três anos do seu lançamento em 2022, O Método de Stutz ressoa em mim com uma força que poucos filmes conseguem manter. Não é apenas uma obra cinematográfica; é um espelho, um convite e, para muitos de nós, um alívio.
Eu me sinto compelido a revisitar esta conversa íntima não só porque o cinema tem o poder de nos fazer sentir menos sozinhos, mas porque o diretor e protagonista, Jonah Hill, nos entrega algo raro: a vulnerabilidade crua de quem está em busca de si mesmo. Não é todo dia que um artista de Hollywood nos convida para dentro do seu consultório, para a cadeira ao lado do seu terapeuta, desvendando não só as suas próprias fragilidades, mas também um caminho para lidar com as nossas. Isso, para mim, é o ponto de partida de uma coragem admirável, digna de ser explorada.
Jonah Hill, o ator que conhecemos por papéis que transitam entre a comédia explosiva e o drama pungente, assume aqui a dupla função de diretor e paciente. E é nessa dualidade que a magia acontece. Não é um documentário impessoal sobre a vida de um psiquiatra renomado, Phil Stutz; é uma imersão na mente de alguém que busca, com a ajuda de Stutz, encontrar as “ferramentas” para navegar pelas inevitáveis dores da existência. Você sente o peso das expectativas do Jonah, o cansaço visível em seus olhos, mas também a centelha de esperança que cada sessão com Stutz acende. É como ver alguém aprender a nadar em águas turbulentas, não sem medo, mas com uma crescente confiança em suas braçadeiras.
O que Stutz nos apresenta não é uma terapia tradicional, daquelas que demoram anos para descascar camadas e mais camadas. Não, Stutz é prático. Ele oferece o que chama de “As Ferramentas”: técnicas visuais, simples e diretas, projetadas para serem usadas agora, no calor do momento. Ele não te ensina a fugir da dor, mas a abraçá-la, a dançar com ela. Pense em algo como a “Corrente de Pérolas”, que nos lembra que cada ação, por menor que seja, é uma pérola que se junta à corrente da nossa vida, mesmo que imperfeita. Ou a “Parte Sombria”, essa entidade que nos assombra, mas que, paradoxalmente, tem um papel crucial no nosso desenvolvimento. Não é sobre eliminar o problema, mas sobre entender que ele faz parte do pacote da vida, e que há um jeito de não deixar que ele nos paralise. Stutz nos mostra que a vida não é um destino, mas uma jornada constante de aperfeiçoamento e aceitação.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Jonah Hill |
| Produtores | Chelsea Barnard, Alison Goodwin, Diane Becker, Mark Monroe, Matt Dines, Joaquin Phoenix, Melanie Miller, Jonah Hill |
| Elenco Principal | Jonah Hill, Phil Stutz |
| Gênero | Documentário |
| Ano de Lançamento | 2022 |
| Produtoras | Strong Baby Productions, Fishbowl Films, Diamond Docs, Valentine |
A linguagem de Stutz é direta, por vezes até irreverente, mas sempre empática. Ele fala sobre a “Força da Vida”, essa energia bruta que nos impulsiona, e nos lembra que a autoestima não vem de ser perfeito, mas de se importar o suficiente para agir. É um pragmatismo que desarma, que corta o ruído das autossabotagens e nos coloca de frente com a responsabilidade de construir a nossa própria vida, um tijolo de cada vez. E Jonah, sentado ali, à frente da câmera que ele próprio controla, é o nosso avatar nessa jornada. Ele ri, questiona, se frustra e, por vezes, se cala, absorvendo as palavras de um homem que, apesar de enfrentar seus próprios desafios de saúde, irradia uma resiliência contagiante.
É inevitável não pensar na produção por trás de um projeto tão singular. Nomes como Chelsea Barnard, Alison Goodwin, Diane Becker, Mark Monroe, Matt Dines, Melanie Miller, e até mesmo Joaquin Phoenix, como produtores, junto com as produtoras Strong Baby Productions, Fishbowl Films, Diamond Docs e Valentine, nos dão uma pista do calibre de profissionais envolvidos em trazer essa conversa à tela. Mas, acima de tudo, sinto que a “direção” aqui foi mais uma curadoria de um momento genuíno. Jonah Hill não apenas dirigiu Phil Stutz; ele dirigiu a si mesmo, e essa honestidade é o que cimenta a autenticidade do filme.
Em um mundo onde a saúde mental ainda é, para muitos, um tabu, O Método de Stutz surge como um farol. É um lembrete de que todos nós lidamos com os mesmos demônios – medo, incerteza, a busca por significado. E que, talvez, a chave não seja lutar contra eles até a exaustão, mas sim encontrar as ferramentas certas para enfrentá-los, um dia de cada vez, com um pouco mais de consciência e compaixão por nós mesmos. Ver o filme hoje, em 2025, é ter a certeza de que a mensagem de Stutz não apenas perdura, mas se torna ainda mais vital, mais necessária. Porque, afinal, não é sobre ser perfeito, é sobre estar em movimento. E isso, meu amigo, é uma das maiores lições que o cinema pode nos dar.




