Ah, o Natal! Para mim, uma época de aconchego, canela e, vamos ser sinceros, uma maratona quase olímpica de filmes temáticos. E, se você é como eu, provavelmente tem uma relação de amor e, ocasionalmente, uma pitada de irritação com o universo dos filmes natalinos da Hallmark. Eles têm uma fórmula, sim, mas, poxa, às vezes acertam em cheio. Foi exatamente com essa mistura de expectativa e um leve ceticismo que me sentei para revisitar, alguns anos depois, O Natal dos Mitchell 2: A Competição, que chegou ao Brasil em julho de 2022, mas acendeu as luzes da tela gringa no Natal de 2021.
Por que escrever sobre uma continuação de um filme de Natal, você pergunta? Bem, porque a vida real é feita de segundas chances, de dinâmicas familiares que se estendem e de personagens que, surpreendentemente, a gente acaba querendo saber como estão. E “O Natal dos Mitchell 2” não é apenas mais um pisca-pisca na árvore; ele mergulha de cabeça em alguns dos dilemas mais deliciosos e universais das festas de fim de ano: a rivalidade entre irmãos e a busca pelo “Natal perfeito”.
Imagine só a cena: Mike Mitchell (o sempre charmoso Robert Buckley) está sonhando com um Natal dos sonhos. Sabe aquele clichê, mas que no fundo todo mundo quer um pouquinho? Paz, sossego, talvez um chocolate quente sem pressa… Mas, como sempre acontece nas melhores comédias românticas natalinas, o universo tem outros planos para ele. E esses planos vêm na forma de um reality show de decoração de Natal. Já consigo sentir o cheiro de pinho e o suor frio na nuca de Mike, né?
A reviravolta que faz a gente prender a respiração (ou revirar os olhos com um sorriso) é que ele não vai competir contra um estranho qualquer. Não, meu amigo, ele vai ter que encarar seu próprio irmão, Brandon (interpretado com um brilho malandro por Jonathan Bennett). E aí, a coisa desanda de um jeito que só uma competição familiar em rede nacional poderia fazer. Essa dinâmica de rivalidade fraternal é o coração pulsante do filme. Não é aquela briga feia, de rancor profundo; é aquela cutucada que só um irmão sabe dar, aquele querer provar que é melhor, mas no fundo, lá no fundo mesmo, um amor incondicional.
Atributo | Detalhe |
---|---|
Diretor | Rich Newey |
Roteirista | Erin Rodman |
Produtor | Charles Cooper |
Elenco Principal | Robert Buckley, Ana Ayora, Jonathan Bennett, Brad Harder, Treat Williams, Sharon Lawrence, Michelle Harrison, Matthew James Dowden, Teryl Rothery, Chris Gauthier |
Gênero | Romance, Drama, Cinema TV |
Ano de Lançamento | 2021 |
Produtoras | Hallmark Media, Front Street Pictures |
Rich Newey, o diretor, consegue orquestrar essa bagunça festiva com uma leveza que é a marca registrada do gênero, mas sem deixar de lado os pequenos dramas que dão tempero à história. A Erin Rodman, a roteirista, foi esperta ao tecer a trama com diálogos que parecem saídos da mesa de Natal da nossa própria casa – sabe, aquelas farpas que voam entre uma fatia de peru e outra? É tudo muito humano, muito palpável.
E o elenco? Ah, o elenco é o que dá a alma a essa competição. Robert Buckley e Jonathan Bennett têm uma química que salta da tela. A gente acredita na rivalidade deles, mas também torce para que se abracem no final, porque é assim que família funciona, não é? E Ana Ayora, como Andi Cruz, é aquele porto seguro, o olhar de fora que nos ajuda a contextualizar a loucura. Não posso deixar de mencionar a participação dos pais, Bill e Phylis Mitchell, vividos por Treat Williams e Sharon Lawrence, que trazem uma base sólida e um toque de calor familiar. É lindo ver a matriarca e o patriarca, com suas próprias histórias e expectativas, navegando na tempestade que os filhos criaram.
Mas o que realmente me pegou neste filme, e o que o diferencia de muitos outros no mar infindável de produções natalinas, é a maneira como ele abraça a diversidade. A presença de Brandon e Jake (Brad Harder) e o tema LGBT no Natal da família Mitchell é mais do que um detalhe; é uma camada de normalidade e representatividade que faz toda a diferença. Não é um tema jogado ali; é parte integrante da teia familiar, tratada com a mesma naturalidade e carinho que qualquer outra relação no filme. Isso, para mim, é o verdadeiro presente da Hallmark, mostrando que o amor e a família vêm em todas as formas e cores, e que o espírito natalino é para todos.
O Natal dos Mitchell 2: A Competição é um drama temperado com romance, claro, mas é acima de tudo uma ode à família e à inevitável, mas muitas vezes divertida, complexidade das relações entre irmãos. É sobre o que acontece quando a gente tenta controlar demais as coisas, e como a vida, ou um reality show de decoração, nos lembra que o verdadeiro espírito do Natal não está na perfeição dos enfeites, mas na bagunça calorosa de quem amamos.
Eu sei, a essa altura você deve estar pensando que eu sou uma romântica incurável por filmes de Natal. E talvez eu seja. Mas o que me atrai em filmes como este é justamente a capacidade de, por debaixo de tanto glitter e previsibilidade, tocar em emoções genuínas. Ele me fez rir, me fez sentir um calorzinho no peito e, mais importante, me lembrou que, não importa o quão caótica a competição, a família sempre vence no final. E você, já pensou em qual seria sua maior loucura de Natal?