Kiki: Uma Bruxinha que Encontra a Si Mesma nas Nuvens de Coroação
Ontem, 18 de setembro, finalmente pude assistir O Serviço de Entregas da Kiki, lançamento no Brasil de um clássico da animação japonesa que, sinceramente, demorou demais para chegar por aqui. A sinopse é simples: uma jovem bruxa, em seu ano de independência obrigatória, luta para se adaptar a uma nova cidade enquanto tenta sobreviver com seu serviço de entregas aéreas. Mas essa descrição, tão breve, não faz justiça à riqueza e complexidade emocional presente nesse longa-metragem do Studio Ghibli.
A direção de Hayao Miyazaki, também responsável pelo roteiro, é simplesmente brilhante. A atmosfera mágica é palpável, desde a vibrante cidade costeira até a solidão da floresta onde Kiki se refugia em seus momentos de dúvida. A construção de personagens é impecável. Kiki, apesar de sua magia, é uma adolescente com as angústias e inseguranças comuns à idade, tornando-a incrivelmente relacionável, mesmo para aqueles que nunca voaram de vassoura. A relação dela com Jiji, seu gato falante, é uma das melhores representações de amizade interespécies que já vi em animação. A dublagem original, em japonês, certamente possui seu encanto, mas a versão brasileira também soube capturar a essência das personagens.
Os pontos fortes do filme são muitos. A animação, apesar dos quase 35 anos, continua deslumbrante. A beleza dos cenários, a expressividade dos personagens, tudo colabora para uma experiência visualmente rica e inesquecível. A trilha sonora é outro destaque, complementando perfeitamente a atmosfera mágica e nostálgica da narrativa. É um filme que respira encanto e fantasia, mas sem perder o pé no realismo das emoções humanas. A jornada de amadurecimento de Kiki é o coração da história, uma viagem para além da magia, rumo ao autoconhecimento e à descoberta do próprio talento.
Mas nem tudo são flores em Coroação. O ritmo, em alguns momentos, pode parecer um pouco lento para espectadores acostumados com narrativas mais frenéticas. A resolução de alguns conflitos, embora satisfatória, talvez pudesse ser mais explorada. E, apesar de adorar a personagem de Tombo, sua importância na trama poderia ser melhor integrada, evitando uma leve sensação de desconexão em partes da história.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Hayao Miyazaki |
Roteirista | Hayao Miyazaki |
Produtores | Hayao Miyazaki, 鈴木敏夫, 田中栄子 |
Elenco Principal | Minami Takayama, 佐久間レイ, Kappei Yamaguchi, 戸田恵子, Mieko Nobusawa |
Gênero | Animação, Família, Fantasia |
Ano de Lançamento | 1989 |
Produtoras | Studio Ghibli, Nibariki, Studio Fuga, Tokuma Shoten, Nippon Television Network Corporation |
No entanto, essas pequenas falhas são facilmente superadas pelas qualidades presentes em O Serviço de Entregas da Kiki. O filme explora temas universais: a busca pela independência, a importância da amizade, a superação da insegurança, e a descoberta do próprio lugar no mundo. É uma história que ressoa em diferentes idades e gerações, oferecendo uma mensagem inspiradora e atemporal. Há uma sinceridade comovente em sua abordagem, que transcende a barreira da fantasia e fala diretamente ao coração. A relação entre Kiki e Osono, por exemplo, demonstra a importância dos laços afetivos construídos além da família biológica.
Em resumo, O Serviço de Entregas da Kiki é uma obra-prima da animação. Um filme mágico, encantador e profundamente humano, que certamente deixará uma marca em sua memória. Recomendo fortemente a todos, especialmente aos fãs de animação e aqueles que buscam uma história que seja ao mesmo tempo encantadora e profundamente significativa. A espera pela estreia no Brasil valeu a pena. Disponível em breve em plataformas digitais, não perca a chance de embarcar nessa aventura.