O Sol de Riccione

Ah, o verão. Essa época mágica que parece esticar as horas, diluir as responsabilidades e acender um fogo diferente nas relações. Quem é que nunca sentiu a pele queimar sob um sol inclemente enquanto o coração palpitava, talvez por um olhar, um toque despretensível que prometia um universo inteiro? É essa nostalgia, essa efervescência de emoções à flor da pele, que me puxou para as areias de Riccione, ou melhor, para a tela onde O Sol de Riccione desdobra suas histórias.

Lançado em 2020, num ano em que a própria ideia de uma summer vacation despreocupada parecia um luxo distante para muitos de nós, esse filme de Niccolò Celaia e Antonio Usbergo chega como um lembrete vívido da intensidade juvenil. Não é uma obra-prima que reinventa a roda, mas, olha, nem todo filme precisa ser uma revolução cinematográfica para tocar a gente. Às vezes, o que a alma pede é apenas um mergulho refrescante, e O Sol de Riccione entrega exatamente isso: um splash de verão italiano com tudo o que ele tem de bom e de caótico.

A trama, à primeira vista, é descaradamente clichê: um grupo de adolescentes em Riccione, naquela idade em que cada beijo é um tratado, cada briga uma hecatombe. Amizades se estreitam, amores nascem e morrem num piscar de olhos de quem ainda está aprendendo a lidar com as próprias ondas emocionais. Mas o charme do filme não tá na originalidade do enredo, e sim na forma como ele sente essa juventude. Sabe aquele cheiro de protetor solar misturado com maresia e uma pitada de suor adolescente? É mais ou menos a atmosfera que os diretores conseguem criar, nos transportando direto para o calçadão vibrante da costa adriática.

No centro desse turbilhão, temos um elenco que consegue carregar a leveza e o peso dessas primeiras experiências. Cristiano Caccamo, no papel de Ciro, traz aquele ar de galã descolado, o cara que parece ter todas as respostas, mas que, no fundo, também se emaranha nos próprios nós do coração. Em contraste, Saul Nanni vive Marco, talvez um pouco mais hesitante, um retrato fiel de quem tá descobrindo a própria voz em meio ao coro das expectativas. E é nessa dança de personalidades que o filme se apoia.

Atributo Detalhe
Diretores Niccolò Celaia, Antonio Usbergo
Roteiristas Enrico Vanzina, Ciro Zecca, Caterina Salvadori
Produtor Andrea Occhipinti
Elenco Principal Cristiano Caccamo, Saul Nanni, Andrea Roncato, Lorenzo Zurzolo, Ludovica Martino
Gênero Comédia, Romance
Ano de Lançamento 2020
Produtoras Lucky Red, New International

Lorenzo Zurzolo, com Vincenzo, consegue um feito e tanto: entregar a vulnerabilidade de um garoto que, por trás da pose, tá apenas buscando seu lugar no mundo e, quem sabe, um amor que o veja de verdade. E Ludovica Martino, como Camilla, não é apenas um interesse amoroso; ela tem suas próprias ambições, suas dúvidas, seu brilho. É gente de verdade, com sonhos de verão e receios de que a estação termine, sabe? A forma como esses jovens atores se conectam, as faíscas que saltam ou as pontes que se constroem entre eles, é o verdadeiro tempero.

E como ignorar a presença de Andrea Roncato como Gualtiero? Ele é o toque de sabedoria – ou, pelo menos, de experiência – no meio daquele bando de hormônios à solta. Gualtiero é o adulto que observa, talvez com um sorriso nostálgico, talvez com um suspiro cansado, os dramas que já viveu em outras roupagens. A interpretação de Roncato é um respiro, uma âncora que nos lembra que essas paixões de verão são cíclicas, eternas, e sempre um pouco ridículas e maravilhosas ao mesmo tempo. Ele não só atua, ele é a voz daquele verão que já passou, mas que nunca se apaga de vez na memória.

Os roteiristas, Enrico Vanzina, Ciro Zecca e Caterina Salvadori, conseguem equilibrar a comédia com um romance que, embora previsível em muitos aspectos, nunca cai no piegas demais. Existem diálogos que poderiam facilmente ser ouvidos em qualquer grupo de amigos na praia, discussões banais que escondem anseios gigantescos. Não é um tratado profundo sobre a psique adolescente, mas é uma janela honesta para as suas esquisitices e para a beleza de se apaixonar pela primeira vez sob um sol escaldante.

A produção de Andrea Occhipinti, através da Lucky Red e New International, faz um trabalho impecável em nos vender a imagem de um verão italiano idealizado, mas ainda assim palpável. A fotografia é luminosa, os takes da praia e das festas noturnas te convidam a sentir a areia nos pés e a brisa no rosto. Não há um momento sequer que não exale calor, juventude e aquela sensação agridoce de que tudo aquilo, por mais intenso que seja, tem data pra acabar.

E é aí que O Sol de Riccione se destaca para mim. Não é sobre o que acontece, mas sobre como a gente se sente assistindo. É como desenterrar uma caixa de fotos antigas das suas próprias férias de summer vacation, onde cada imagem, mesmo que granulada e meio desbotada, te lembra de um suspiro, de um segredo sussurrado à beira-mar, de um coração que, por mais bobo que parecesse, batia com uma força que jamais se repetiria da mesma forma. O filme não te conta uma história, ele te convida a reviver a sua própria, com a trilha sonora de um verão italiano. E quem é que não gosta de um convite desses, né?

Trailer

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