O Troll da Montanha: Uma Fera de Efeitos Especiais, um Monstro de Roteiro?
Confesso, cheguei a O Troll da Montanha com certa expectativa. Lançado em 01 de dezembro de 2022 no Brasil, o filme norueguês prometia uma boa dose de ação e fantasia, resgatando a mitologia nórdica para a tela grande. Três anos depois, olhando para trás, a experiência se revela… complexa. É um filme que, assim como o próprio troll, deixa uma marca – mas não necessariamente a que se esperava.
A sinopse é simples: uma explosão nas montanhas acorda uma criatura lendária, colocando Oslo em risco. Uma paleontologista destemida, Nora Tidemann (Ine Marie Wilmann, com uma performance competente, mas sem brilhar), é recrutada para lidar com a situação. A premissa é clássica, e funciona como ponto de partida para um desfile de efeitos especiais que, devo admitir, são o grande trunfo do longa. As cenas de destruição, com o troll gigantesco devastando a paisagem urbana, são de tirar o fôlego. A equipe de efeitos visuais realmente se superou, criando uma criatura convincente e assustadora, que justifica, em parte, o ingresso.
Porém, a beleza visual se esvai quando analisamos o roteiro de Espen Aukan. A história, embora não totalmente desinteressante, peca pela previsibilidade. A trama se desenrola de forma linear e pouco surpreendente, sem grandes reviravoltas ou momentos de genuína tensão dramática. O diretor Roar Uthaug, conhecido por seu trabalho em “A Onda”, não consegue aqui extrair o máximo potencial da premissa, deixando a narrativa um tanto superficial. A dinâmica entre os personagens, embora funcional, carece de profundidade emocional. Senti falta de uma exploração mais rica das lendas nórdicas, que poderiam ter adicionado mais camadas à história. Os diálogos, em alguns momentos, soam forçados e pouco naturais, o que compromete o investimento emocional do espectador.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Roar Uthaug |
Roteirista | Espen Aukan |
Produtores | Espen Horn, Kristian Strand Sinkerud |
Elenco Principal | Ine Marie Wilmann, Kim S. Falck-Jørgensen, Mads Sjøgård Pettersen, Gard B. Eidsvold, Anneke von der Lippe |
Gênero | Fantasia, Ação, Aventura |
Ano de Lançamento | 2022 |
Produtora | Motion Blur |
Comparando com o frequentemente citado “Trollhunter”, como fiz em uma pesquisa prévia para esta crítica, percebo que a escala é realmente diferente. O Troll da Montanha busca o espetáculo de grande orçamento, mas talvez tenha se perdido na ambição. Enquanto “Trollhunter” se beneficiava da atmosfera mais contida e da dinâmica do grupo de caçadores, este filme se perde em sua própria grandiosidade, deixando a narrativa em segundo plano.
Há momentos de brilho. A atuação de Kim S. Falck-Jørgensen como Andreas Isaksen, o militar pragmático, é uma das mais sólidas do elenco. Mas, infelizmente, esses momentos são eclipsados pelas falhas do roteiro. A tentativa de construir temas sobre o impacto ambiental e o choque entre a natureza e a civilização fica muito na superfície, sem a profundidade que o tema merece. A mensagem, se é que há uma mensagem central, se perde no meio da destruição em escala épica.
Em resumo, O Troll da Montanha é um filme de efeitos especiais impressionantes que entrega exatamente o que promete no quesito visual. Entretanto, a fraqueza da narrativa e a falta de profundidade em seus personagens e temas o tornam um entretenimento descartável. No fim das contas, a experiência é tão efêmera quanto o próprio rastro de destruição deixado pelo troll gigante. Recomendo apenas para quem busca um filme de ação e aventura com efeitos visuais de primeira linha, sem exigir muito da trama ou dos personagens. A expectativa por uma obra-prima da mitologia nórdica na tela grande, infelizmente, não é atendida. Se você busca algo mais consistente, procure em outros lugares, pois esta aventura, apesar de visualmente chamativa, se torna uma montanha que vale a pena apenas escalar por suas vistas panorâmicas, não por sua trilha interior.