O Vendedor Chinês: Uma Aventura Épica que Mergulha em Águas Turbulentas
Passados sete anos da sua estreia no Brasil, em 13 de novembro de 2018, O Vendedor Chinês continua a me intrigar. Não se trata de um filme perfeito, longe disso. Mas sua ambição, o seu descarado e, em alguns momentos, delicioso, caráter B-movie, o tornam uma experiência cinematográfica singular que merece uma análise mais aprofundada. O longa acompanha um negociador chinês em uma jornada perigosa pela África, envolvendo um grande contrato de telecomunicações, corrupção desenfreada, e a ameaça iminente de uma guerra civil. No centro dessa trama explosiva, encontramos o choque de culturas e interesses que resultam em alianças e traições inesperadas. Essa sinopse, aliás, é a parte mais tranquila da história.
A direção de Tan Bing, compartilhada com Sholom Gelt no roteiro, é o ponto mais questionável do filme. Em certos momentos, a ação é frenética e visualmente impactante, com sequências de perseguição e tiroteios que lembram, em sua energia bruta, os clássicos de ação dos anos 80. Por outro lado, há momentos em que a direção se perde em uma narrativa confusa e uma edição que, em algumas passagens, beira a incoerência. A ambição visual não sempre é acompanhada por uma clareza narrativa igual.
No entanto, o elenco é uma força motriz, com atuações que compensam, em parte, as falhas da direção. Li Dongxue, no papel principal, entrega uma performance convincente, transmitindo a resiliência e a astúcia necessárias para um personagem em tal situação. Mike Tyson e Steven Seagal, apesar de seus papéis tipicamente estereotipados, conseguem trazer uma certa aura de carisma e, sim, até um toque de bizarrice que funciona incrivelmente bem no tom geral do filme. Sua presença, digamos, “estranhamente” potencializa a aura de filme de ação pulp que a obra busca imprimir. Janicke Askevold e Li Ai também contribuem com performances sólidas, adicionando nuances à complexidade do enredo.
Atributo | Detalhe |
---|---|
Diretor | Tan Bing |
Roteiristas | Tan Bing, Sholom Gelt |
Produtor | Li dean |
Elenco Principal | 李東學, Mike Tyson, Janicke Askevold, Steven Seagal, Li Ai |
Gênero | Ação, Thriller |
Ano de Lançamento | 2017 |
Os pontos fortes de O Vendedor Chinês residem justamente na sua audácia. O filme não se leva a sério demais, abraçando um tom que oscila entre o sério e o hilário de forma quase intencional. As cenas de ação são exageradas, mas efetivas; as reviravoltas na trama são previsíveis, mas mantém o ritmo agitado. É neste “defeito” que reside sua maior qualidade. Não há subterfúgios narrativos sofisticados, mas a energia pura e o descaro da produção fazem com que a experiência seja envolvente e, por vezes, até memorável.
Por outro lado, o roteiro, como mencionei, peca em alguns momentos pela falta de coesão e profundidade. Algumas subtramas ficam soltas, e o desenvolvimento de certos personagens poderia ser mais explorado. A mensagem do filme, que se concentra na exploração e nas consequências da ganância, fica submersa na ação quase desenfreada, tornando-se secundária. Poderia ter sido mais sutil e, paradoxalmente, impactante.
Em resumo, O Vendedor Chinês é um filme que não se propõe a ser uma obra-prima cinematográfica. Ele é, na verdade, um exemplo peculiar de cinema de ação, que abraça seus defeitos como qualidades, oferecendo uma aventura frenética e, em certos aspectos, memorável. Recomendo-o para quem busca uma experiência cinematográfica divertida, sem grandes pretensões artísticas, mas com uma pitada de ação exagerada e um elenco com nomes interessantes. Se você está procurando um thriller político sofisticado e cheio de nuances, procure outro filme. Mas se você quiser uma noite de entretenimento descompromissado, O Vendedor Chinês pode te surpreender.