Oliver e Sua Turma

Oliver & Sua Turma: Uma Ode à Infância (ou um Gato em Apuros?)

Em 22 de setembro de 2025, revisito, com um misto de nostalgia e ceticismo, o clássico animado de 1988, Oliver & Sua Turma. Mais de três décadas depois de seu lançamento, o filme continua a gerar discussões, e eu me encontro no meio dessa encruzilhada, dividido entre a lembrança afetiva e a lente crítica mais experiente do cinéfilo que me tornei.

A história é simples, mas eficaz: um gatinho órfão, Oliver, navega pelas ruas de Nova Iorque, encontrando uma família improvável em um bando de vira-latas espertos e charmosos. Quando uma menina rica, Jenny, adota Oliver, uma aventura eletrizante se inicia com o sequestro da menina e a subsequente busca por sua salvação, liderada por nosso pequeno herói felino e seus companheiros caninos. É uma trama clássica, de boas contra más, com doses generosas de perseguições, risadas e momentos de ternura.

A direção de George Scribner é competente, construindo uma narrativa fluida que equilibra o humor com os momentos de suspense, mesmo que às vezes a animação apresente uma certa rigidez, característica da época. O roteiro, assinado por Jim Cox, James Mangold e Tim Disney, é um acerto e fracasso simultâneo: adaptado de forma frouxa do clássico de Dickens, Oliver Twist, ele descarta a complexidade e a escuridão da obra original, optando por uma abordagem familiar e alegre, às vezes até exageradamente açucarada. Essa escolha, embora tenha garantido a classificação PG e o sucesso junto ao público infantil na época, acaba por diluir a força dramática do enredo.

O elenco de dubladores é um ponto alto, com atuações que dão vida a cada personagem, mesmo com a distância temporal. Joey Lawrence como Oliver é encantador, Billy Joel como Dodger, o líder dos vira-latas, carrega um carisma indiscutível e a química entre os dubladores é evidente. Porém, como quase toda animação dessa década, a qualidade do áudio está datada em alguns momentos.

O filme apresenta momentos memoráveis: as cenas de perseguição são dinâmicas, as músicas são cativantes e a relação entre Oliver e Jenny é sincera e comovente. A caracterização dos animais é um triunfo, cada um com sua personalidade marcante, representando desde a lealdade dos cães até a ternura do gatinho. Por outro lado, a simplificação excessiva da história original, a ausência de profundidade em alguns personagens secundários e o final previsível são pontos fracos consideráveis. A crítica da época refletiu parte dessa ambiguidade, com alguns elogiando a animação vibrante e a música cativante, enquanto outros criticaram a falta de profundidade e a excessiva simplificação do material original.

Oliver & Sua Turma explora temas como família, amizade e a importância da lealdade, mas, ao optar por um tom tão leve, acaba transmitindo essas mensagens de forma superficial. É um filme que, por um lado, resgata a inocência da infância e a magia da animação, enquanto, por outro, demonstra a dificuldade da Disney em transpor histórias complexas para o público infantil sem perder elementos cruciais.

Então, em 2025, o que posso dizer de Oliver & Sua Turma? É um filme que, para um adulto, pode parecer um tanto açucarado e previsível. Mas se você busca uma animação familiar para assistir com as crianças, ou se quer uma viagem nostálgica à sua infância, ele pode te proporcionar bons momentos. Não espere uma obra-prima da animação, mas sim um produto divertido e inofensivo, repleto de personagens memoráveis. Recomendo-o, sobretudo, a quem busca um filme leve e despretensioso para uma tarde em família. Se você busca um filme que aborde temas pesados com profundidade, procure em outro lugar. Mas se quer um abraço de nostalgia e uma dose de diversão familiar, Oliver e sua turma pode ser a sua escolha.