Os Miseráveis: Uma Ópera de Lágrimas e Esperança (ou a Adaptação que Merece um Segundo Olhar em 2025)
Doze anos se passaram desde que a adaptação cinematográfica de Les Misérables, de Tom Hooper, chegou aos cinemas brasileiros em 1º de fevereiro de 2013. E, olhando para trás, percebo que o filme merece mais do que uma simples revisão; merece uma profunda reconsideração. A obra, baseada no romance de Victor Hugo e no aclamado musical da Broadway, é uma experiência avassaladora, capaz de te deixar exausto, emocionado e pensando nela dias depois. Na sua essência, acompanhamos Jean Valjean, um ex-prisioneiro lutando pela redenção em meio à França conturbada do século XIX, enquanto é implacavelmente perseguido pelo policial Javert. Seu caminho cruza com Fantine, uma mãe desesperada, e a jornada por resgatar sua filha Cosette, compõe o coração da história.
Uma Direção ousada e Atributos de Elenco Estrela
Tom Hooper, o diretor conhecido por seu trabalho em “O Discurso do Rei”, optou por uma abordagem audaciosa: as canções do musical são interpretadas ao vivo, sem playback. Essa escolha, que inicialmente gerou receios, acaba sendo um dos pontos mais fortes do longa. A crudeza da performance vocal, a emoção palpável em cada nota, transmite uma autenticidade brutal e emocionante. É como se estivéssemos espiando um ensaio intenso, e não uma performance ensaiada milimetricamente. Isso torna as cenas musicais ainda mais poderosas, mais visceralmente impactantes.
O elenco, um verdadeiro time de estrelas, entrega atuações memoráveis. Hugh Jackman encarna a jornada de redenção de Valjean com uma força e sensibilidade tocantes. Russell Crowe, apesar das críticas que recebeu na época (e que eu considero injustas, em parte), entrega um Javert de complexidade surpreendente, demonstrando a humanidade por trás da rigidez de seu personagem. Anne Hathaway, com sua performance como Fantine, arranca lágrimas – e, francamente, é uma das atuações mais fortes e impactantes que já vi no cinema. A química entre os atores, apesar de alguns momentos que poderiam ter sido mais desenvolvidos, funciona organicamente, principalmente a relação entre Valjean e Cosette (Amanda Seyfried), que evolui naturalmente ao longo da narrativa. Sacha Baron Cohen, em um papel muito diferente do que usualmente interpreta, completa o quadro de excelência do elenco.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Tom Hooper |
Roteiristas | William Nicholson, Herbert Kretzmer, Alain Boublil |
Produtores | Tim Bevan, Eric Fellner, Cameron Mackintosh, Debra Hayward |
Elenco Principal | Hugh Jackman, Russell Crowe, Anne Hathaway, Amanda Seyfried, Sacha Baron Cohen |
Gênero | História, Drama |
Ano de Lançamento | 2012 |
Produtoras | Universal Pictures, Working Title Films, Cameron Mackintosh Ltd., Relativity Media, Working Title Films |
Pontos Fortes, Fracos e uma Mensagem Atemporal
O filme, não obstante suas qualidades, tem seus defeitos. O ritmo, em alguns momentos, pode se tornar um pouco cansativo; a duração extensa do filme pode testar a paciência de alguns espectadores. A trama, naturalmente complexa devido à sua origem literária, poderia ter sido melhor organizada em alguns pontos, tornando a narrativa mais fluida. Mas estes pontos negativos são ofuscados pelas virtudes. A fotografia impecável, a direção de arte rica em detalhes, a trilha sonora inesquecível – tudo isso contribui para a imersão na atmosfera sombria e apaixonada da França do século XIX.
A mensagem do filme, no entanto, transcende o tempo. Os Miseráveis é uma reflexão profunda sobre redenção, justiça, compaixão e a persistência da esperança em meio à injustiça e à miséria. A discussão sobre pobreza, a desigualdade social, a exploração e a corrupção – temas inerentes à obra original – ressoam com a mesma força em 2025 como ressoavam em 1862, data da publicação do romance de Victor Hugo.
Conclusão: Uma Obra-Prima com Nuances
Apesar de suas imperfeições, Os Miseráveis (2012) continua sendo uma experiência cinematográfica inesquecível. A ousadia de Hooper, as atuações excepcionais e a força da narrativa original resultam em um filme que, apesar de suas quase três horas de duração, nunca deixa o espectador entediado. Recomendo fortemente a visualização, especialmente para aqueles que apreciam musicais, dramas históricos e histórias de redenção. Se você ainda não o viu, prepare-se para uma montanha-russa emocional – e se já viu, talvez seja a hora de uma revisitação. O filme merece o tempo, a atenção e, com certeza, as suas lágrimas. Em resumo, uma obra-prima com nuances, que merece ser redescoberta pelo público em 2025.