Os Odiados do Casamento

Os Odiados do Casamento: Uma Comédia Familiar que Causa Efeito Cascata

Confesso que cheguei a Os Odiados do Casamento com expectativas moderadas. Comédias familiares, especialmente aquelas que giram em torno de casamentos, correm o risco de cair na fórmula previsível e batida. Mas, para minha grata surpresa, este filme de 2022, lançado no Brasil em 17 de novembro do mesmo ano, conseguiu me conquistar, mesmo que de forma um pouco peculiar.

O longa acompanha Alice e Paul, irmãos com uma relação complicada, forçados a comparecer ao casamento da meia-irmã rica no interior da Inglaterra ao lado da sua mãe, Donna. A sinopse já entrega a essência: uma comédia sobre uma família disfuncional, reunida por uma ocasião que ninguém queria realmente celebrar. E é nesse cenário aparentemente trivial que Lizzie Molyneux-Logelin, a roteirista, constrói uma narrativa inteligente e divertida.

Claire Scanlon, na direção, demonstra um talento nato para a comédia física e para a construção de personagens vibrantes. Não se trata de uma comédia pastelão, mas sim de uma abordagem mais sutil, com o humor surgindo das interações entre os personagens e dos seus próprios defeitos. As piadas são bem-humoradas, sem cair em gracejos grosseiros ou ofensivos, criando um clima leve e agradável, que consegue equilibrar momentos de pura comédia com outros de genuína emoção.

O elenco, um verdadeiro time de estrelas, brilha. Kristen Bell, como Alice, entrega uma performance que transita com maestria entre a irritação e a vulnerabilidade. Ben Platt, como Paul, o irmão mais ingênuo e sensível, também convence. Mas, a grande revelação para mim foi Allison Janney como Donna, que rouba a cena em cada aparição com sua interpretação hilária e cheia de nuances da mãe desequilibrada, mas adorável. Cynthia Addai-Robinson e Dustin Milligan completam o time com performances sólidas, contribuindo para a dinâmica familiar complexa e divertida.

Agora, vamos aos pontos fortes e fracos. Entre os pontos altos, está a capacidade do filme de explorar temas universais como as relações familiares complexas, a busca pela aceitação e o amadurecimento individual, tudo com um tom leve e divertido. Ele consegue ser engraçado sem ser superficial, tocante sem ser piegas. A construção dos personagens é outro ponto forte. Cada um deles é rico em detalhes, com seus medos, inseguranças e desejos, o que os torna críveis e empáticos.

Porém, o filme não é perfeito. Em alguns momentos, a trama se mostra um pouco previsível, especialmente para quem já assistiu a diversas comédias românticas ou familiares. Alguns conflitos poderiam ter sido explorados com mais profundidade, adicionando mais complexidade à narrativa.

Apesar desses pequenos deslizes, Os Odiados do Casamento é um filme encantador, que me surpreendeu pela sua sensibilidade e humor. Ele não tenta reinventar a roda, mas executa a fórmula da comédia familiar com competência e charme. Ao lembrar da crítica em que li algo como “nível de chefe de videogame, mas em outro plano de existência”, compreendo, não o nível de grandiosidade, mas a experiência de assistir a um filme que, apesar de comum em sua estrutura, entrega algo muito satisfatório.

A mensagem final, de uma forma leve e sutil, é um abraço para aqueles que, assim como Alice e Paul, carregam bagagens de uma família disfuncional. O filme é uma prova de que mesmo no caos da vida familiar, existe espaço para amor, risos e, principalmente, redenção.

Minha recomendação? Assista. Se você curte comédias familiares inteligentes e bem-feitas, com um elenco de peso, Os Odiados do Casamento é uma ótima pedida para uma noite de cinema em casa, via streaming ou em alguma plataforma digital. Passados três anos desde seu lançamento, ele continua sendo uma escolha segura e divertida.