Os Simpsons: O Filme

Ah, Os Simpsons: O Filme. Por que escrever sobre isso agora, em 2025? Porque, para mim, existe algo quase mítico em uma série de televisão que moldou gerações de humor e crítica social, finalmente ganhando sua tela grande. É como ver um amigo de longa data subir ao palco principal; você sabe o que esperar, mas ainda assim há uma antecipação nervosa para ver se ele consegue preencher um espaço tão vasto. Não sou o fã mais fervoroso que maratonou todas as 30 e tantas temporadas — e sim, sei que há quem diga que nunca entendeu a graça, como um crítico que li por aí —, mas a influência dos Simpsons é inegável, uma espécie de ar que respiramos na cultura pop. E este filme de 2007, lançado quase duas décadas após a estreia da série, tinha a monumental tarefa de ser fiel à sua essência, ao mesmo tempo em que se justificava como uma experiência cinematográfica à parte.

A trama, para quem ainda não embarcou nessa, começa com a mais pura e clássica estupidez homérica. Homer Simpson, em sua busca por satisfação imediata e com um novo bicho de estimação – um porco adorável, mas perigosamente prolífico –, protagoniza um ato de irresponsabilidade ambiental que só ele conseguiria. Ele descarta um silo perfurado, cheio de fezes de porco, em um lago de Springfield já saturado de poluição. O resultado? Um desastre de grandes proporções que não apenas transforma o lago em uma sopa tóxica, mas choca a cidade com uma imagem quase apocalíptica de uma esquila mutante. É o tipo de cenário que grita ecology em tom de piada, mas com um fundo de verdade desconfortável sobre a garbage que produzimos.

Aí a coisa escala. Rapidamente, Springfield é jogada em uma crise que atrai a atenção de Washington. No centro dessa crise, temos não um presidente qualquer, mas Arnold Schwarzenegger, dublado por Harry Shearer com aquela inflexão perfeita, que delega o problema ao chefe da Agência de Proteção Ambiental, o maquiavélico Russ Cargill. Albert Brooks empresta sua voz inconfundível a Cargill, transformando-o em um villain com uma calma perturbadora enquanto planeja uma solução drástica: colocar toda a cidade de Springfield em quarantine dentro de um gigantesco dome de vidro. É um plano que ele descreve como “genial”, mas que nós, de fora, sabemos ser diabólico, um lembrete irônico de como a environmental protection agency pode, nas mãos erradas, tornar-se a maior ameaça.

Enquanto a cidade enfrenta seu confinamento, os Simpsons, como sempre, estão em sua própria crise existencial. A angry mob de Springfield, sedenta por vingança contra Homer pelo caos que causou, os persegue até sua casa. Eles escapam por um triz, mas a partir daí, a dysfunctional family se fragmenta. Marge, a âncora da família, questiona o dysfunctional marriage com Homer, a confiança é abalada. Bart, sempre em busca de atenção paterna, tem sua parent-child relationship com Homer ainda mais testada, encontrando talvez uma figura paterna alternativa em Ned Flanders. Lisa, por sua vez, encontra um first love em Colin, um ativista ambiental irlandês, o que adiciona uma camada de romance e idealismo à sua busca por salvar o planeta. É uma família de fugitives, wanted por um crime que é, em essência, a personificação da irresponsabilidade de Homer.

AtributoDetalhe
DiretorDavid Silverman
RoteiristasAl Jean, David Mirkin, James L. Brooks, Matt Selman, Sam Simon, Mike Scully, Jon Vitti, Mike Reiss, Matt Groening, George Meyer, Ian Maxtone-Graham, John Swartzwelder
ProdutoresFelicia Nalivansky, Richard Sakai, Jay Kleckner, Matt Orefice, Amanda Moshay, Al Jean, Matt Groening, Mike Scully, James L. Brooks, Peter Gave, Claudia Katz
Elenco PrincipalDan Castellaneta, Julie Kavner, Nancy Cartwright, Yeardley Smith, Hank Azaria, Harry Shearer, Pamela Hayden, Tress MacNeille, Albert Brooks, Karl Wiedergott
GêneroAnimação, Comédia, Família
Ano de Lançamento2007
ProdutorasGracie Films, 20th Century Fox

O que me pega nesse filme, e acredito que seja o ponto forte de Os Simpsons: O Filme, é como ele consegue manter o ritmo e o humor da série, mesmo em um formato mais alongado. Os roteiristas — uma constelação de talentos como Al Jean, Matt Groening, James L. Brooks e muitos outros que moldaram a série por décadas — conseguiram costurar uma narrativa que é simultaneamente uma grande aventura e uma crítica social afiada. A jornada dos Simpsons, que os leva até o isolamento do Alaska, é uma exploração hilária e às vezes tocante de seus laços familiares.

A direção de David Silverman, que conhece a série como poucos, é impecável. Ele sabe como enquadrar uma piada, como usar a linguagem visual icônica dos Simpsons para contar uma história com um escopo maior. Os detalhes visuais são um deleite, desde a abertura que zomba do 3D até as inúmeras referências e Easter eggs espalhados pelo filme. E o elenco de voz? Ah, o elenco! Dan Castellaneta, Julie Kavner, Nancy Cartwright, Yeardley Smith, Hank Azaria e Harry Shearer são mestres em seus ofícios. Eles não apenas dublam personagens; eles são Springfield. A versatilidade de Azaria e Shearer em dar vida a tantos habitantes diferentes é uma proeza por si só, e a performance de Albert Brooks como Cargill é tão ameaçadora quanto divertida.

Este filme não é apenas uma aventura de animação e comédia familiar; é um evento cultural. Em 2007, ele ressoou com a urgência das questões ambientais, mas o fez com o coração e a irreverência que só os Simpsons poderiam oferecer. Para os fãs, foi um presente, uma extensão bem-vinda de um universo amado. Para os não iniciados, talvez não os tenha convertido em devotos — lembro-me do crítico que, mesmo depois de 31 temporadas, ainda não entendia o “fuss” —, mas acredito que Os Simpsons: O Filme serve como uma excelente porta de entrada para entender o apelo duradouro da família amarela.

E quando os créditos rolam, não vá embora! Há sempre um duringcreditsstinger com os Simpsons, e este não decepciona. É uma pitada final de humor que sela o acordo: este filme é uma carta de amor à série, um abraço caloroso para os fãs e uma grande gargalhada para quem busca uma comédia lighthearted com uma mensagem séria embalada por Homer, Bart, Marge, Lisa e Maggie. É uma prova de que, mesmo depois de tantos anos, os Simpsons ainda têm muito a dizer e a fazer, e de preferência, de uma maneira espetacularmente desastrosa.

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