Ah, o Natal! Tem uma magia única, não tem? E com essa magia, vem também um turbilhão de emoções, de gente, de barulho e, claro, de filmes. Eu, particularmente, tenho um fraco por aquelas comédias familiares que, mesmo no meio da bagunça, nos lembram o porquê de tudo valer a pena. E é exatamente por isso que, mesmo com a folha virada para 2025, Pai A Gente Só Tem Um 3 ainda ecoa aqui na minha memória, como um daqueles hinos natalinos que a gente cantarola em qualquer época do ano.
Quando a gente fala em famílias grandes e festas de fim de ano, a cena que me vem à mente é quase sempre a mesma: um cenário de caos orquestrado, onde cada membro é uma nota dissonante que, de alguma forma inexplicável, forma uma melodia. E é nessa sinfonia caótica que o diretor e protagonista Santiago Segura nos mergulha mais uma vez. O terceiro capítulo dessa saga não foge à regra, entregando-nos um enredo que, à primeira vista, parece simples, mas desdobra-se em uma série de peripécias que só uma família grande e um Natal iminente poderiam gerar.
O estopim para toda a confusão? Um presépio. Mas não é qualquer um, tá? É aquele presépio. Uma peça antiga, única, daquelas que a gente herda e guarda com um misto de carinho e terror, sabendo que um movimento errado pode virar desastre. E, como era de se esperar de um bando de crianças cheias de energia – aqui representadas com uma efervescência contagiante por Martina D”Antiochia, Calma Segura e Luna Fulgencio –, o desastre acontece. A quebra do presépio vira um gatilho. Não é só um objeto quebrado; é a responsabilidade que recai sobre os ombros miúdos, a corrida contra o tempo, o medo da bronca paterna, e a busca desesperada por uma substituição que se mostra impossível. Quem, na vida adulta, já não sentiu um frio na barriga ao tentar consertar algo quebrado pelas crianças antes que o “chefe” chegue?
Santiago Segura, no papel de Javier García, é o pai que a gente conhece, o homem que tenta manter a sanidade num lar que mais parece um centro de operações de guerra. Ele atua e dirige com uma precisão que só quem vive a paternidade (e o caos familiar) de perto consegue. A Marisa Loyola de Toni Acosta é a bússola moral, a voz da razão que, de vez em quando, se deixa levar pela onda de histeria coletiva, porque, vamos ser sinceros, com essa gente toda em casa, é quase impossível não surtar um pouquinho.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Santiago Segura |
| Roteiristas | Marta González de Vega, Santiago Segura |
| Produtores | María Luisa Gutiérrez, Santiago Segura |
| Elenco Principal | Santiago Segura, Toni Acosta, Martina D’Antiochia, Calma Segura, Luna Fulgencio |
| Gênero | Comédia, Família |
| Ano de Lançamento | 2022 |
| Produtoras | Bowfinger, Atresmedia, Sony Pictures International Productions, Mogambo Films |
O que me prende nesse filme, e nos anteriores, é a capacidade de “mostrar, não contar”. A gente não precisa que digam que a família está estressada; a gente vê o esgotamento nos olhos do Javier, a gente escuta o coro de vozes sobrepostas, a gente sente a tensão quando uma piada sai errada. A busca pelo presépio, por exemplo, não é só uma corrida contra o relógio; é uma analogia perfeita para a pressão que o Natal impõe a todos nós, um lembrete de que, às vezes, o maior presente não é o que está debaixo da árvore, mas o que aprendemos juntos no caminho. A gente vê a Marisa, talvez com os cabelos um pouco mais bagunçados que o normal, tentando equilibrar mil pratinhos, enquanto o Javier, com a testa franzida, tenta decifrar o próximo passo de seus filhos. É palpável, sabe?
Os roteiristas Marta González de Vega e Santiago Segura têm o dom de pegar o ordinário — brigas de irmãos, tarefas domésticas, a expectativa do Natal — e transformá-lo em algo extraordinariamente divertido. As conversas entre os personagens são autênticas, cheias de interrupções e digressões, exatamente como acontece em qualquer jantar em família. Não há diálogos artificiais para avançar a trama; há trocas genuínas que revelam quem eles são, suas frustrações e seus amores.
E o ritmo? Ah, o ritmo é uma montanha-russa. Frases curtas, diretas, que traduzem a agitação, intercaladas com momentos de respiração, de reflexão, que nos permitem absorver a nuance de uma expressão facial ou de um gesto. Essa variação mantém o engajamento, como se a gente estivesse conversando com um amigo que está nos contando uma história hilária e cheia de reviravoltas.
No fim das contas, Pai A Gente Só Tem Um 3 não é uma obra-prima de arte cinematográfica no sentido mais acadêmico, e nem se propõe a ser. É uma comédia familiar calorosa, talvez um pouco previsível em sua estrutura, mas incrivelmente humana em seu coração. É um lembrete de que, por mais que a vida familiar seja uma confusão constante, cheia de quebras e remendos (literalmente, no caso do presépio!), é essa mesma confusão que tece a tapeçaria de memórias que chamamos de lar. E, convenhamos, num mundo que muitas vezes parece tão sério, ter um filme que nos faz rir e sentir um quentinho no peito sobre a beleza do caos familiar, principalmente em tempos de festa, é um presente e tanto. Ele captura a essência da “holiday” e da “christmas party” com todas as suas peculiaridades, e faz a gente pensar: pai, a gente só tem um, mas as histórias que ele nos dá, essas são para sempre.




