Palm Springs

Sabe, de vez em quando, a gente se depara com um filme que você pensa: “Ah, não, outro desse…” e ele simplesmente te pega de surpresa, te puxa para dentro da tela e não te solta mais. Como um abraço inesperado que você nem sabia que precisava. Foi exatamente isso que Palm Springs, lá de 2020, fez comigo – e, se você me conhece, sabe que eu não sou o maior fã de comédias românticas, muito menos de filmes que reciclam aquela premissa do “preso no tempo”. Mas o quê, meu amigo, o quê!

Palm Springs, que chegou aqui no Brasil em meados de 2022, é uma daquelas pérolas que pega um conceito batido e o subverte de um jeito tão irreverente, tão espertinho, que a gente só consegue aplaudir. Imagine o seguinte: um casamento. Na ensolarada Palm Springs, claro, com suas piscinas cristalinas, palmeiras balançando e aquele calor que faz você querer mergulhar de cabeça em qualquer coisa gelada, seja água ou um bom drinque. Nyles (interpretado com uma preguiça genial por Andy Samberg) está lá, solto, despreocupado, meio que flutuando pela vida sem grandes amarras, até que ele encontra Sarah (a impecável Cristin Milioti), a irmã mais velha da noiva e, honestamente, a madrinha de casamento mais caótica que você já viu.

A coisa complica quando, por um infortúnio que envolve uma caverna misteriosa, uma luz estranha e talvez uns goles a mais, ambos acabam presos num loop temporal. Acordam todo dia no mesmo 9 de novembro, o dia do casamento, sem poder escapar. É como o Dia da Marmota, sim, mas com um toque de nihilismo existencial misturado com uma dose cavalar de humor ácido e um coração surpreendentemente terno. E é aí que a mágica acontece.

O que me prendeu nesse filme não foi só a premissa, que, convenhamos, já vimos antes. Foi a forma como Max Barbakow, na direção, e Andy Siara, no roteiro, transformaram a maldição de viver o mesmo dia repetidamente em uma tela para explorar o que significa viver de verdade. Nyles, que já estava preso há sabe-se lá quanto tempo, abraçou o caos. Experimenta de tudo – usa drogas, bebe sem parar, faz loucuras com o carro, se joga na piscina, porque, afinal, as consequências não importam, né? Ele é o epítome do “carefree” até a exaustão. Mas Sarah, ah, Sarah… ela não se conforma. Ela traz uma energia diferente, uma ânsia por desvendar o mistério e, mais importante, por encontrar um sentido na repetição. Milioti entrega uma performance que oscila entre a exasperação cômica e uma vulnerabilidade palpável, mostrando que, mesmo presa, a mente humana anseia por progresso.

Atributo Detalhe
Diretor Max Barbakow
Roteirista Andy Siara
Produtores Andy Samberg, Akiva Schaffer, Jorma Taccone, Becky Sloviter, Dylan Sellers, Chris Parker
Elenco Principal Andy Samberg, Cristin Milioti, J.K. Simmons, Peter Gallagher, Meredith Hagner
Gênero Comédia, Romance, Ficção científica
Ano de Lançamento 2020
Produtoras Limelight, The Lonely Island, Sun Entertainment Culture Los Angeles

E como não falar do elenco coadjuvante que enriquece essa jornada? J.K. Simmons, como Roy, é um capítulo à parte. De repente, surge uma espécie de nêmesis, alguém que já estava no loop antes de Nyles, e sua busca por vingança adiciona uma camada de comédia sombria e imprevisibilidade que é deliciosa de assistir. Peter Gallagher como Howard e Meredith Hagner como Misty completam o quadro do casamento perfeito e perfeitamente irritante, servindo de pano de fundo para as escapadas cada vez mais bizarras dos protagonistas.

A beleza de Palm Springs está na forma como ele se recusa a ser apenas uma coisa. É uma comédia de largar o queixo, com diálogos afiados e situações hilárias. É um romance que floresce de uma forma inusitada, porque o “para sempre” ganha um significado totalmente novo quando se está preso no tempo. E é ficção científica, sim, com uma leve exploração das regras do tempo e do espaço que, embora não seja o foco principal, dá a base para a loucura toda. A produção, com nomes como Andy Samberg e os rapazes da The Lonely Island (Akiva Schaffer, Jorma Taccone) por trás, garante que o humor seja inteligente e com uma pitada de irreverência que é a marca registrada deles.

A vida real, às vezes, parece um loop temporal, não é? A gente acorda, faz as mesmas coisas, enfrenta os mesmos desafios. Palm Springs me fez pensar: e se eu tivesse a chance de viver o mesmo dia de novo e de novo? Eu aceitaria a estagnação como Nyles fez por um tempo, ou buscaria ativamente uma saída como Sarah? Ou, quem sabe, aprenderia a encontrar a beleza e a conexão humana na repetição, como eles acabam fazendo juntos?

Para mim, este filme não é apenas uma “comédia romântica aquecedora”, como um trecho de crítica que li por aí sugere. Ele é um lembrete pulsante de que, mesmo quando a vida parece estagnada, ou quando nos sentimos “stuck”, sempre há espaço para o riso, para o amor e para a coragem de tentar algo novo – mesmo que seja apenas uma maneira diferente de olhar para o mesmo dia. É um convite para abraçar o absurdo, encontrar alegria na repetição e, quem sabe, até pular numa piscina no meio de um deserto, só porque você pode. E isso, para mim, vale cada segundo do loop.

Trailer

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