Panamá

Panamá: Uma Invasão de Sentimentos Contraditórios

Três anos após seu lançamento, Panamá ainda ressoa em minha memória, não por sua perfeição técnica, mas pela inquietante complexidade que consegue capturar em seus 100 (tempo estimado, não especificado nos dados) minutos de duração. A trama, que gira em torno de um ex-fuzileiro naval (Cole Hauser, competente em sua contenção) contratado para um perigoso negócio de armas no Panamá, se desenrola em meio à tumultuada invasão americana de 1989. É uma premissa intrigante, que promete um thriller de ação visceral, e em parte entrega, mas o que realmente fica é a sensação de uma experiência ambígua, repleta de nuances que, apesar de nem sempre bem executadas, valem a pena serem exploradas.

A direção de Mark Neveldine tem seus momentos de brilho. A câmera se move com uma energia frenética, transmitindo a tensão da situação, a incerteza e a violência iminente. No entanto, em outros momentos, a edição parece frenética demais, prejudicando a imersão do espectador. Há uma busca por um estilo visualmente impactante que, algumas vezes, se torna um obstáculo para a narrativa. A fotografia, apesar de seus defeitos, contribui para a atmosfera tensa e opressiva, refletindo a moral ambígua da situação.

O roteiro, assinado por Daniel Adams e William Barber, se esforça para explorar a moralidade nebulosa do conflito. James Becker, o protagonista, é um anti-herói convincente, um homem dividido entre a lealdade ao seu empregador (um melancólico Mel Gibson, entregando uma performance em linha com suas recentes produções) e sua própria consciência. Apesar da premissa robusta, o roteiro peca em alguns momentos pelo desenvolvimento superficial de personagens secundários e por uma trama que, em alguns momentos, se torna previsível. A relação entre Becker e Tatyana (Kate Katzman), por exemplo, poderia ter sido explorada com mais profundidade. Ainda assim, a trama central consegue prender a atenção e levantar questionamentos relevantes sobre a verdadeira natureza do poder político e as consequências devastadoras da intervenção militar.

Atributo Detalhe
Diretor Mark Neveldine
Roteiristas Daniel Adams, William Barber
Produtores Arianne Fraser, Jordan Beckerman, Michelle Chydzik Sowa, Jordan Yale Levine, Michelle Reihel
Elenco Principal Cole Hauser, Mel Gibson, Kate Katzman, Charlie Weber, Jackie Cruz
Gênero Thriller, Ação
Ano de Lançamento 2022
Produtoras Yale Productions, SSS Entertainment, LB Entertainment, SSS Film Capital, Do More Productions, Grandave Capital, Idiot Savant Pictures

A atuação de Mel Gibson, como mencionado, é contida, quase letárgica, refletindo a complexidade do seu personagem, um empreiteiro de defesa com segundas intenções. Hauser carrega o peso da história nas costas, transmitindo a angústia e a confusão moral de seu personagem de forma bastante convincente. Os outros atores cumprem seus papéis, embora sem se destacarem significativamente.

Panamá não é um filme impecável. Sua estrutura narrativa sofre de alguns desequilíbrios e a previsibilidade da trama em certos momentos decepciona. No entanto, a força do longa está na sua abordagem moralmente ambígua, que evita maniqueísmos e se aprofunda nas nuances de um conflito histórico complexo. A escolha de se focar no impacto da invasão sobre um personagem individual, em vez de simplesmente retratá-la como uma sucessão de batalhas, é uma decisão ousada e, em grande parte, bem-sucedida. Se você busca um thriller de ação com uma dose de reflexão crítica sobre a geopolítica e a guerra, Panamá pode te surpreender, apesar de suas falhas. A recomendação é para aqueles que apreciam filmes com uma aura de cinismo político. Um filme que vale a pena assistir, mas não com expectativas de um clássico do gênero.

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