Pelotão em Apuros

Sabe aquele tipo de filme que você assiste criança e ele te marca de um jeito que, anos depois, com a vida um pouco mais vivida e o senso de humor talvez mais apurado (ou só diferente), ele ainda consegue te arrancar gargalhadas genuínas e um sorriso bobo? Pois bem, para mim, Pelotão em Apuros é exatamente isso. Em pleno outubro de 2025, olhando para trás, para aquele longínquo 1995, percebo que a comédia estrelada por Damon Wayans é mais do que apenas uma sessão da tarde nostálgica; é um lembrete vívido de como o humor, quando bem executado, pode amadurecer conosco.

A motivação para revisitar esta obra? É simples. É a capacidade de um filme tão despretensioso conseguir costurar uma história sobre disciplina, pertencimento e, acredite ou não, afeto, no meio de um turbilhão de piadas sobre ineptidão militar e personagens caricatos. É um “porquê” que se manifesta em cada risada que ainda dou com as falas e expressões do Major Benson Payne.

O Terror de Casaca Verde: Major Payne em Ação

Damon Wayans encarna o Major Benson Payne, um veterano de guerra de casca grossa que, de repente, se vê sem um combate para lutar. Sua vida, até então, era definida pelo serviço militar, pela hierarquia, pelo rugido da batalha e pela precisão quase cirúrgica em suas operações. De uma hora para outra, a guerra acaba, e ele se vê à beira da dispensa, um peixe fora d’água em potencial no vasto oceano da vida civil. A solução? Seu oficial comandante, com uma dose de compaixão e talvez um pingo de desespero, arranja-lhe um posto como instrutor na Academia Madison. Não em um headquarter militar propriamente dito, mas em uma base de treinamento para adolescentes desajustados.

AtributoDetalhe
DiretorNick Castle
RoteiristasDean Lorey, Gary Rosen, Damon Wayans
ProdutoresEric L. Gold, Michael I. Rachmil
Elenco PrincipalDamon Wayans, Karyn Parsons, William Hickey, Michael Ironside, Albert Hall
GêneroAventura, Comédia, Família
Ano de Lançamento1995
ProdutorasUniversal Pictures, Wife 'n' Kids

Aí é que a mágica acontece. A didática do Major Payne? Inexistente. Ele é um touro numa loja de cristais, acostumado a comandar homens-bomba, não a moldar jovens com problemas de autoestima e habilidades motoras duvidosas. E Damon Wayans faz isso com uma maestria que, para mim, é a essência do filme. Ele não está apenas interpretando um “hard ass” – como o trecho de crítica que eu li outrora apontava –, ele é o Major Payne. Você sente o peso de sua presença, o olhar penetrante que poderia derreter aço, e a cadência de sua voz que transforma qualquer ordem em um ultimato. Lembra-se de quando ele se aproxima do cadete mais fraco, e a câmera foca nos seus olhos semicerrados? Ali, ele não está apenas “nervoso”, ele está avaliando, calculando, e talvez, bem lá no fundo, sentindo um pingo de compaixão que ele jamais admitiria.

Entre Desordem e Descoberta: O Pelotão Desafiador

O contraste entre a máquina de combate que é Payne e o pelotão em apuros que ele recebe é a mina de ouro da comédia. Não são recrutas de base prontos para o serviço militar; são crianças, adolescentes sem a menor vocação para a disciplina. Tem o garoto que chora por qualquer coisa, o que só pensa em comer, o intelectual que questiona tudo… É um desfile de estereótipos que, nas mãos de Damon Wayans (que também assina o roteiro com Dean Lorey e Gary Rosen), viram ferramentas para um humor físico e de situação impecável. Nick Castle, na direção, soube como enquadrar esses momentos, dando espaço para as reações dos jovens e para a implacável (e hilária) paciência zero do Major.

A premissa é um clássico “military spoof”, mas Pelotão em Apuros não se contenta em ser apenas isso. No meio dos treinos absurdos – quem diria que um boneco de “boneca de ventríloquo” se tornaria um personagem tão central? –, emerge uma inesperada trama familiar. A figura de Emily Walburn (Karyn Parsons), a professora que tenta incutir humanidade nos métodos do Major, é crucial. Ela é o contraponto, a voz da razão e, por vezes, a única pessoa capaz de ver além da fachada durona de Payne. E essa ambiguidade é o que torna o filme tão rico. Não é um “preto e branco” de herói e vilão; é um encontro de mundos que, contra todas as expectativas, acabam se fundindo.

Mais do que Risadas: Um Legado de Afeto

É fácil rotular Pelotão em Apuros como mais uma comédia dos anos 90, e de fato é. Mas a profundidade que ele alcança em explorar o tema de um homem que encontra um novo propósito – não na guerra, mas na paternidade, na mentoria – é o que o eleva. Payne, o war veteran que só conhecia a sede de combate, aprende a cuidar, a nutrir, a ensinar, mesmo que à sua maneira peculiar e muitas vezes explosiva.

Os produtores Eric L. Gold e Michael I. Rachmil, junto com as produtoras Universal Pictures e Wife ‘n’ Kids, nos entregaram um filme que se perpetuou. Sim, é “one of the funniest movies I’ve ever seen”, como a crítica bem resumiu, mas é também um filme sobre a desconstrução e reconstrução de um homem, sobre encontrar sua “base” em um lugar totalmente inesperado. É a aventura de um pelotão que, mesmo em apuros, encontra seu caminho graças a um instructor que, no fundo, só precisava de um novo combate para vencer: a batalha pela humanidade. E, para mim, essa é uma vitória que vale a pena celebrar sempre.

Trailer

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