Periféricos

Navegando entre Tempos Mortos: Um Olhar Pessoal sobre Periféricos

Olha, de vez em quando, a gente se depara com uma história que gruda na alma, sabe? Não é só um passatempo; é um convite a olhar para o nosso próprio futuro, ou a falta dele. E, para mim, Periféricos (The Peripheral), que pintou na Amazon Prime Video lá em 2022, é exatamente esse tipo de série. Três anos se passaram, e o eco de Flynne Fisher ainda ressoa aqui dentro, me fazendo pensar. Por que eu ainda estou remoendo essa série, você me pergunta? Porque ela é um espelho. Um espelho distorcido, talvez, mas que reflete as nossas próprias ansiedades sobre o que vem pela frente, sobre as escolhas que fazemos e, mais ainda, sobre aquelas que não podemos fazer.

A série nos joga num canto esquecido dos Estados Unidos de um amanhã, um futuro próximo que parece mais um presente estagnado. A vida de Flynne Fisher, brilhantemente encarnada por Chloë Grace Moretz, é uma rotina de remendos. Ela tá lá, tentando juntar os cacos de uma família que teima em se desintegrar, num ambiente onde as oportunidades são tão escassas quanto chuva no deserto. É palpável a tensão que Moretz imprime em Flynne: cada movimento, cada olhar dela, mostra a garota sagaz e ambiciosa que está presa, a condenada a um destino que parece já ter sido escrito. Sabe aquela sensação de ter o mundo nas mãos, mas as mãos estarem amarradas? É isso que a gente sente junto com ela. O futuro de Flynne é uma estrada sem saída, até que o futuro de verdade decide dar um alô.

E que alô, né? Criada por Scott B. Smith, a série nos apresenta a uma premissa de ficção científica que, à primeira vista, pode parecer complexa, mas que, no fundo, fala sobre conexões humanas. De repente, Flynne é convocada, não para outro emprego sem perspectiva, mas para uma realidade virtual que se mostra ser muito mais do que um jogo. É um portal. Um convite para um Londres futurista, um século à frente do dela, onde a tecnologia é um espetáculo visual à parte. Os cenários, as cidades que parecem feitas de néon e vidro, as interações com o “outro lado” – tudo isso, sob a direção de uma equipe de peso com produtores como Halle Phillips e Jamie Chan, é um colírio para os olhos, um banquete sensorial que nos puxa sem dó para dentro da tela. A Amazon Studios e a Warner Bros. Television, junto com a Kilter Films, realmente capricharam na produção, construindo um mundo que é ao mesmo tempo sedutor e assustadoramente familiar em sua estranheza.

Atributo Detalhe
Criador Scott B. Smith
Produtores Halle Phillips, Jamie Chan, Sara Desmond, Jay Worth, Noreen O'Toole
Elenco Principal Chloë Grace Moretz, Gary Carr, Jack Reynor, T'Nia Miller, Katie Leung
Gênero Ficção Científica e Fantasia, Drama
Ano de Lançamento 2022
Produtoras Kilter Films, Amazon Studios, Warner Bros. Television

Mas não se engane, não é só sobre visuais deslumbrantes. Periféricos é um drama que se desenrola no fio da navalha da ficção científica e da fantasia. A série mergulha fundo nas relações. O elo de Flynne com seu irmão, Burton Fisher (interpretado por Jack Reynor, que entrega uma performance robusta de protetor e guerreiro ferido), é o coração da história. É um amor incondicional que os faz arriscar tudo um pelo outro. E é nessa dinâmica familiar que a série encontra sua verdade, seu calor humano, mesmo em meio a tanta frieza tecnológica. Gary Carr como Wilf Netherton, T’Nia Miller como Cherise Nuland, e Katie Leung como Ash, todos entregam atuações que adicionam camadas de mistério, perigo e, por vezes, um toque de humanidade a um enredo já fervilhante.

A série, sim, pode ser vista por algumas lentes como “centrada na mulher”, onde o poder feminino é o motor da trama. E, de fato, Flynne é a protagonista inquestionável, a força motriz. Mas reduzir a complexidade da série a essa única observação seria perder a riqueza da tapeçaria que Periféricos tece. O ponto não é rebaixar ninguém, mas focar na jornada de Flynne, uma mulher que, mesmo “condenada” em sua própria linha do tempo, encontra agência e propósito em outra. É sobre quem tem o poder de decidir, de influenciar, de mudar. E, nesse futuro particular, é a sagacidade e a resiliência de Flynne que movem as engrenagens. Burton, por exemplo, é um homem forte, um ex-fuzileiro, mas sua força é um escudo para a inteligência e audácia da irmã. Ele é o alicerce que permite a Flynne ousar. Não é uma desvalorização, mas uma complementariedade que, de certa forma, subverte as expectativas tradicionais de quem “salva” quem.

O que me prendeu, e me faz revisitar Periféricos na mente, é a forma como ela brinca com a ideia de agência. Você se sente preso na sua realidade? Imagina só ter a chance de literalmente “conectar” com outra, de vivenciar uma vida diferente, com riscos e recompensas inimagináveis, sem nunca realmente deixar o seu corpo para trás. É a fantasia de escape levada ao extremo, mas com consequências pesadas. É um comentário afiado sobre o nosso desejo de controle, de escapar das nossas próprias limitações, de reescrever um destino que parece imutável.

Três anos depois de sua estreia, Periféricos continua sendo um lembrete vívido de que a ficção científica, quando bem feita, não é apenas sobre naves espaciais e tecnologia avançada. É sobre pessoas. É sobre a luta por um futuro, por um sentido, por uma família, por uma vida que valha a pena ser vivida, mesmo quando essa vida parece estar à deriva, num tempo que já morreu. E enquanto a gente segue navegando nos nossos próprios “tempos mortos”, a história de Flynne Fisher ainda nos provoca: e se o futuro viesse te convocar? Você atenderia? Eu, de alguma forma, sinto que Periféricos nos preparou um pouquinho para a possibilidade. E isso, por si só, já é um baita presente.

Trailer

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