Plano de Aula

A Faca na Escola: Um Thriller Polonês Que Corta Fundo

Três anos se passaram desde que “A Faca na Escola” estreou no Brasil em 23 de novembro de 2022, e até hoje a obra de Daniel Markowicz me persegue. Não se trata de um filme fácil, nem de uma experiência agradável em todos os sentidos, mas de uma obra que, apesar de suas falhas, gruda na memória como um espinho. A sinopse, simples mas eficaz, nos apresenta Damian Nowicki, um ex-policial que se infiltra numa escola para investigar a morte de seu melhor amigo e desvendar uma perigosa gangue. A premissa, clichê em sua essência, é ressignificada pela abordagem crua e, por vezes, desconfortável do diretor.

A direção de Markowicz é o ponto alto do filme. Ele não se deixa levar pelo frenesi barato de ação típico do gênero, mas opta por uma construção de suspense lenta e meticulosa. A fotografia, escura e claustrofóbica, reflete o clima de opressão que paira sobre a escola e os personagens. A escolha de locações, com seus corredores sombrios e salas de aula abafadas, contribui para a sensação de aprisionamento e perigo iminente. É um trabalho visualmente impactante, que cria uma atmosfera tensa e perturbadoramente real.

No entanto, o roteiro de Daniel Bernardi, apesar de apresentar momentos de brilho, peca em alguns pontos. O desenvolvimento de alguns personagens secundários é superficial, e a trama, por vezes, se perde em subplots desnecessários que desviam a atenção do núcleo central da história. A narrativa poderia ser mais concisa, mais focada, evitando alguns meandros que prejudicam o ritmo.

AtributoDetalhe
DiretorDaniel Markowicz
RoteiristaDaniel Bernardi
ProdutoresDaniel Markowicz, Mike Zawadzki
Elenco PrincipalPiotr Witkowski, Jan Wieczorkowski, Antonina Jarnuszkiewicz, Nicolas Przygoda, Daniel Namiotko
GêneroAção, Crime
Ano de Lançamento2022
ProdutoraLightcraft

As atuações, porém, são consistentemente boas. Piotr Witkowski, como Damian, entrega uma performance visceral, carregada de dor e determinação. A jornada de seu personagem, abalada pela perda e marcada pela culpa, é retratada com nuances e sutileza. Jan Wieczorkowski, como Leszek, seu parceiro, funciona como um contraponto interessante, adicionando um tom de cinismo e pragmatismo à narrativa. Antonina Jarnuszkiewicz, como a professora Agata, e os demais atores do elenco de apoio também entregam performances sólidas, contribuindo para a credibilidade do mundo apresentado.

A força de “A Faca na Escola” reside em sua abordagem dos temas centrais. O filme não se esquiva da violência escolar, retratando-a com realismo cru e desconcertante. O contexto da produção polonesa, com suas peculiaridades sociais, também é interessante, adicionando camadas de complexidade à história. A mensagem do filme, porém, é ambígua. Não há um final maniqueísta, e a violência não é simplesmente condenada ou justificada. A obra nos deixa com uma sensação incômoda, um amargor na boca, que é, ao mesmo tempo, seu maior trunfo e sua maior fragilidade.

O que fica após os créditos finais? A sensação de um filme ousado, que se arrisca em um território delicado sem concessões. Ele não é perfeito. A irregularidade do roteiro e a lentidão em alguns momentos podem afastar alguns espectadores, mas a força da direção, a intensidade das atuações e a abordagem intransigente do tema compensam as falhas. Recomendo “A Faca na Escola” para aqueles que buscam um thriller policial diferente, que não se limita aos clichês do gênero, e que se prepara para uma experiência cinematográfica tensa, perturbadora e, acima de tudo, memorável. Preparem-se para um filme que, mesmo três anos após sua estreia, continua a incomodar e a provocar reflexões sobre a violência, a perda e a fragilidade humana. Vale a pena a busca nas plataformas digitais, mesmo que você tenha que procurar um pouco.

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