Presidentes: Uma Comédia Presidencial que Cai em Algumas Armadilhas
Confesso, quando vi o anúncio de Presidentes, em 2021, minhas expectativas eram, digamos, contidas. A premissa – dois ex-presidentes franceses, arqui-rivais, unindo forças para… bem, para algo – soava como uma receita para um filme mediano, no melhor dos casos. Mas Jean Dujardin como Nicolas Sarkozy? Aí a curiosidade me picou. Quatro anos depois, tendo finalmente assistido ao longa na plataforma de streaming, posso dizer que a experiência foi… complexa.
A sinopse, sem spoilers, é simples: Nicolas, ex-presidente e agora aposentado (ou quase), arquiteta um plano audacioso envolvendo seu antigo inimigo político, para, digamos, voltar aos holofotes. A trama gira em torno dessa tentativa de ressurreição política, recheada de humor, claro.
A direção de Anne Fontaine é competente, conduzindo a narrativa com leveza e um ritmo ágil. Não há grandes momentos de inovação visual, mas o filme cumpre seu papel de entretenimento sem se esforçar muito. O roteiro, por sua vez, é a parte mais fraca. Ele apresenta boas sacadas, momentos genuinamente engraçados, principalmente por conta da dinâmica entre Dujardin e Gadebois, mas peca em sua construção. Há momentos em que a comédia parece forçada, o tom oscila entre a sátira política afiada e a piada fácil, sem um equilíbrio convincente. Essa inconsistência narrativa, embora não destrua totalmente a experiência, impede que Presidentes alcance seu potencial máximo.
Atributo | Detalhe |
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Diretora | Anne Fontaine |
Produtor | Philippe Carcassonne |
Elenco Principal | Jean Dujardin, Grégory Gadebois, Doria Tillier, Pascale Arbillot, Jean-Michel Lahmi |
Gênero | Comédia |
Ano de Lançamento | 2021 |
Produtoras | Ciné-@, Universal Pictures France, La Production Dujardin |
As atuações, porém, são o ponto alto indiscutível. Dujardin, mais uma vez, prova seu talento para a comédia, imbuindo Nicolas de uma complexidade que vai além do estereótipo do político egocêntrico. Sua performance equilibra perfeitamente o charme com a arrogância, criando um personagem memorável. Grégory Gadebois, como François Hollande, também entrega uma atuação impecável, contrastando a seriedade do personagem com momentos de hilária inépcia. O resto do elenco dá o suporte necessário, sem roubar a cena dos protagonistas.
Os Pontos Fortes e Fracos
Presidentes acerta ao explorar o lado humano, e às vezes ridículo, da política. A dinâmica entre os dois ex-presidentes é o coração do filme, e a química entre Dujardin e Gadebois funciona maravilhosamente. A comédia, quando acerta o alvo, é hilariante, e há momentos que ficarão gravados na minha memória. Mas, como mencionei, a inconsistência do roteiro e a falta de profundidade em alguns aspectos da trama são seus principais defeitos. O filme, apesar de seu potencial satírico, opta por vezes por um humor superficial, perdendo oportunidades de uma crítica mais incisiva ao sistema político francês.
Temas e Mensagens
Embora a comédia seja predominante, o filme aborda temas interessantes como a ambição política, a perda de poder e a complexa relação entre imagem pública e realidade. Ele faz um comentário perspicaz, embora sutil, sobre a natureza efêmera do poder e a dificuldade de deixar para trás a vida pública. No entanto, o filme não aprofunda essas reflexões, optando pela leveza e pela diversão.
Conclusão
Presidentes não é um filme perfeito. Ele oscila entre momentos de brilho e outros de previsibilidade, mas a força do elenco e a dinâmica central compensam em parte suas falhas. Recomendo-o para aqueles que buscam uma comédia leve, com boas performances e um olhar divertido (mesmo que superficial) sobre o mundo da política francesa. Se você espera uma sátira implacável e profundamente crítica, talvez fique um pouco desapontado. Mas se quer rir um pouco com Dujardin e Gadebois em uma performance magistral, então corra para as plataformas de streaming! Vale a experiência, apesar de suas imperfeições.