Ah, os cães! Sabe, eu sempre achei que não existe amor mais puro e desapegado que o de um cachorro. Eles são nossos companheiros, nossos confidentes silenciosos, e, para muitas famílias, um membro de quatro patas que preenche a casa com uma alegria indescritível. É por isso que, quando me deparei com a premissa de Procura-se Gonker, lá em 2023, senti aquele arrepio familiar na espinha. Não é só mais um filme sobre um animal de estimação, tá? É sobre a alma de uma família posta à prova, uma busca que transcende a aventura e mergulha no coração humano.
Olha, se você já teve um bichinho, ou se já sentiu aquele pânico gelado de não saber onde ele foi parar por cinco minutos que pareceram uma eternidade, então você entende a urgência, a dor silenciosa que permeia cada frame desse filme. O diretor Stephen Herek, com uma delicadeza notável, nos joga direto no drama da família Marshall. Fielding, interpretado com uma vulnerabilidade palpável por Johnny Berchtold, é o jovem cujo mundo desmorona quando Gonker, seu cãozinho amado, se perde na vastidão da floresta. Mas não é só dele. A perda de um pet é um buraco que se abre na vida de todos ali, e vemos isso nos rostos preocupados de John e Ginny Marshall, vividos com uma intensidade tão real por Rob Lowe e Kimberly Williams-Paisley, respectivamente.
O roteiro de Nick Santora é astuto, porque não se limita a ser uma caça ao tesouro canina. Ele explora as fraturas e as fortalezas de uma família sob pressão. A aventura de procurar Gonker é, na verdade, uma jornada interna para os Marshall. Eles não estão apenas buscando um cachorro; estão tentando resgatar um pedaço de si mesmos, de sua normalidade, de sua felicidade. E é aí que a profundidade e a nuance do filme realmente brilham. Não é tudo “preto no branco”, sabe? Há momentos de desespero esmagador, dúvidas, frustrações. Você vê a exaustão nos olhos de Rob Lowe, a esperança teimosa no sorriso cansado de Kimberly Williams-Paisley, e a agonia de Johnny Berchtold, que carrega o peso de uma culpa que talvez nem seja dele, mas que o consome.
E a direção de Herek? Genial na forma como nos faz sentir o frio da floresta, o silêncio opressor da noite, a ansiedade de cada passo incerto. Não há grandes explosões ou reviravoltas mirabolantes. A tensão se constrói na expectativa, no olhar de um personagem que varre o horizonte, na brisa que balança as folhas e que, por um instante, parece trazer um latido distante. É um exercício de “mostrar, não contar” primoroso. Em vez de dizer que a família estava unida, o filme nos mostra as mãos dadas enquanto caminham, o apoio silencioso em um momento de desânimo, o olhar de cumplicidade que dispensa palavras. Até os personagens coadjuvantes, como o Nate de Nick Peine e a Peyton de Savannah Bruffey, adicionam camadas, mostrando como a ausência de Gonker afeta não só o núcleo familiar, mas todo o seu entorno.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Stephen Herek |
| Roteirista | Nick Santora |
| Produtor | Jeremy Kipp Walker |
| Elenco Principal | Johnny Berchtold, Rob Lowe, Kimberly Williams-Paisley, Nick Peine, Savannah Bruffey |
| Gênero | Família, Aventura, Drama |
| Ano de Lançamento | 2023 |
| Produtoras | Blackjack Films, Story Ink |
O ritmo do filme, devo dizer, é quase como o bater de um coração em ansiedade. Há momentos de pausa, de reflexão, seguidos por explosões de busca frenética. Essa variação mantém a gente grudado na tela, torcendo com cada fibra do ser. E o mais interessante é como a produção da Blackjack Films e Story Ink, sob a batuta do produtor Jeremy Kipp Walker, conseguiu dar a esse drama familiar uma escala de aventura sem perder a intimidade. A floresta não é apenas um cenário; é um personagem, um labirinto verde que guarda tanto perigos quanto a promessa de um reencontro.
Depois de quase dois anos do seu lançamento no Brasil, Procura-se Gonker ainda ressoa comigo. É o tipo de filme que te lembra o quanto o amor, em suas formas mais simples e puras, é o verdadeiro motor da vida. Não é um “trabalho de amor” no sentido clichê, mas uma exploração sincera e comovente da resiliência humana e do vínculo inquebrável que temos com aqueles que amamos, sejam eles de duas ou quatro patas. Se você procura uma história que te faça sentir, que te lembre o valor de cada momento e de cada ser que habita sua casa, então, meu amigo, você encontrou. E sim, leve um lencinho. É inevitável.




