Rainbow: Uma Ode à Adolescência, com Algumas Nuvens no Céu
Três anos após seu lançamento, ainda me pego pensando em Rainbow, o filme de Paco León que, apesar de algumas imperfeições, conseguiu me tocar profundamente. A trama acompanha a jornada de amadurecimento de Dora, uma adolescente que, inspirada — digamos, livremente — pela clássica história de Oz, embarca em uma aventura repleta de fantasia, drama e, sim, até mesmo momentos de comédia genuinamente hilários. Não espere uma adaptação fiel do livro; este é um filme que utiliza a estrutura mítica de Oz como um trampolim para explorar a complexidade da adolescência.
A direção de León é, sem dúvida, um dos pontos altos do longa. Ele equilibra com maestria os tons, transitando entre a leveza da comédia e a profundidade do drama adolescente com uma sensibilidade admirável. A paleta de cores, vibrante e saturada, funciona como uma extensão da própria jornada emocional de Dora, refletindo seus altos e baixos com precisão. A escolha de locações também contribui para criar uma atmosfera mágica e onírica, que nos transporta para um mundo próprio, sem nunca perder o pé na realidade.
O roteiro, assinado por León e Javier Gullón, é onde o filme tropeça um pouco. Embora os temas sejam relevantes e bem explorados, alguns diálogos soam forçados, especialmente em alguns momentos de humor mais forçado. Apesar disso, a trama consegue prender a atenção do espectador, graças à força da protagonista e à construção inteligente da narrativa não linear, que brinca com nossas expectativas e nos deixa intrigados até o final.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Paco León |
Roteiristas | Paco León, Javier Gullón |
Produtores | Sandra Hermida, Ghislain Barrois, Álvaro Augustin |
Elenco Principal | Dora Postigo, Carmen Maura, Carmen Machi, Luis Bermejo, Áyax Pedrosa |
Gênero | Fantasia, Drama, Comédia, Música |
Ano de Lançamento | 2022 |
Produtoras | Andy Joke, Colosé Producciones, Los Amigos de Dorothy, Telecinco Cinema |
O elenco, por sua vez, é impecável. Dora Postigo, no papel principal, entrega uma performance extraordinária, transmitindo a vulnerabilidade, a força e a confusão inerentes à fase da adolescência com uma naturalidade impressionante. O suporte de Carmen Maura, Carmen Machi e Luis Bermejo é fundamental, cada um dando vida a personagens complexos e multifacetados, que contribuem para a riqueza da narrativa. Áyax Pedrosa, como Muñeco, adiciona um toque peculiar e memorável.
Um dos pontos fortes de Rainbow é, sem dúvida, sua capacidade de abordar temas importantes com sensibilidade e sutileza. A jornada de Dora é uma metáfora poderosa para o processo de autodescoberta, a busca pela identidade e a superação dos desafios inerentes à transição para a vida adulta. O filme não oferece respostas prontas, mas sim, convida o espectador a refletir sobre esses temas, a partir de uma perspectiva singular e emocionante. Por outro lado, achei o ritmo um pouco irregular em alguns pontos, com momentos que poderiam ter sido mais concisos.
No fim das contas, Rainbow é um filme que me surpreendeu positivamente. Apesar de suas pequenas falhas, a potência da sua mensagem, aliada à sensibilidade da direção e às atuações excepcionais, tornam-no uma experiência cinematográfica memorável. Recomendo a todos que apreciam filmes que equilibram fantasia e realismo, explorando os complexos labirintos da adolescência com poesia e humor. É uma obra que merece ser vista e revisitada, talvez até para descobrir novos detalhes, novas nuances que passaram despercebidos na primeira vez. Afinal, assim como um arco-íris, Rainbow se revela em diferentes cores a cada observação.