Red: Crescer é Uma Fera

Ah, Red: Crescer é Uma Fera! Toda vez que o nome desse filme surge numa conversa, sinto uma pontada de nostalgia agridoce, como se o meu próprio eu adolescente – aquele que passava horas no quarto com a porta fechada, sonhando com bandas de meninos e tentando entender quem diabos eu era – voltasse à tona. É por isso que, mesmo anos depois do seu lançamento em 2022, ele ainda pulsa forte na minha memória. Porque, vamos ser sinceros, quem é que nunca se sentiu como uma fera, prestes a explodir, no meio da puberdade?

A Pixar, tão conhecida por suas narrativas que nos aconchegam no sofá com um cobertor de sentimentos, aqui deu um passo ousado. Sai o carro falante e entra a Meilin Lee, a Mei, uma garota de 13 anos em Toronto, no ano 2002. Ela é a personificação da perfeição aos olhos da mãe, Ming: notas impecáveis, filha prestativa no templo da família, e uma energia borbulhante que parece estar sempre no lugar certo. Mas a vida, a vida mesmo, não é um algoritmo de perfeição. E é nesse ponto que Domee Shi, a diretora e corroteirista, junto com Julia Cho, acerta em cheio.

Quando Mei fica excessivamente excitada – seja pela paixão desenfreada por uma boy band como o 4Town ou pela raiva mais pura e indomável – puf! ela se transforma num panda vermelho gigante. E não é um panda fofo de zoológico, mas uma criatura peluda e desajeitada que exala as inibições, os desejos e a fúria que a sociedade, e especialmente sua mãe superprotetora, a ensinou a reprimir. A fera é, claro, uma analogia brilhante para a puberdade feminina: a menstruação, as mudanças corporais, a explosão de hormônios e a sensação de estar desmoronando sob o peso das expectativas. A animação digital da Pixar nunca esteve tão expressiva, com os pelos do panda se eriçando em momentos de embaraço ou alegria, quase como se pudéssemos sentir a textura sob os dedos.

O que me prendeu em “Red” não foi apenas a premissa fantástica, mas a forma crua e sem filtros com que a amizade é retratada. Miriam, Priya e Abby não são apenas coadjuvantes; elas são a âncora de Mei. Vemos o trio reunido, inseparável, vibrando com a mesma intensidade pelos mesmos meninos do 4Town, planejando ir ao show, sonhando alto juntas. As interações delas são tão genuínas que dá para sentir a energia e a lealdade que as une. Não tem julgamento, só um apoio incondicional, mesmo quando a amiga vira um panda gigante. Isso é ouro puro, gente. É a essência da adolescência, onde os amigos são o nosso espelho e o nosso porto seguro, a primeira família que a gente escolhe. Rosalie Chiang (Meilin), Ava Morse (Miriam), Hyein Park (Abby) e Maitreyi Ramakrishnan (Priya) dão vida a essas vozes com uma autenticidade que é palpável.

AtributoDetalhe
DiretoraDomee Shi
RoteiristasJulia Cho, Domee Shi
ProdutoraLindsey Collins
Elenco PrincipalRosalie Chiang, Sandra Oh, Ava Morse, Hyein Park, Maitreyi Ramakrishnan
GêneroAnimação, Família, Comédia, Fantasia
Ano de Lançamento2022
ProdutoraPixar

E a mãe, Ming? Ah, Sandra Oh dá uma performance vocal que é um estudo de caso sobre amor materno asfixiante e a pressão cultural. Ming não é uma vilã de conto de fadas; ela é uma mulher que carrega o peso das próprias expectativas e tradições familiares, projetando-as na filha. A relação delas é um emaranhado de carinho profundo e controle sufocante, uma dança que muitas de nós, filhas e mães, reconheceremos. É um ciclo que precisa ser quebrado, mas com amor, com compreensão, com a dor de se desapegar e a coragem de ser quem você realmente é, sem medo de ser “demais”.

Red: Crescer é Uma Fera é uma explosão de cores e emoções, um turbilhão que mistura o folclore chinês, a cultura pop dos anos 2000, e uma trilha sonora que nos faz querer dançar e gritar. O cenário de Toronto, vibrante e cheio de detalhes, serve como um pano de fundo perfeito para essa jornada de autodescoberta. É um filme sobre herança, sobre aceitar quem você é, as partes que brilham e as que uivam, e sobre entender que a sua “fera” pode ser a sua maior força. Domee Shi, depois de nos encantar com o curta “Bao”, entrega aqui uma obra que é um verdadeiro grito de libertação, especialmente para as mulheres que se veem divididas entre o que a família e a sociedade esperam delas e o que o seu coração, ou o seu panda interior, realmente quer.

Não é só um filme para crianças; é uma carta aberta para qualquer um que já se sentiu deslocado, ou que já teve medo de mostrar o seu verdadeiro eu. É sobre crescer, sim, e sobre como essa experiência pode ser, de fato, uma fera. Mas uma fera que, no fim das contas, nos ensina a rugir com orgulho.

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