Reset: Um Olhar Intenso na Máquina do Tempo Humana
Quatro anos se passaram desde que Reset, a série documental apresentada por Dexter Thomas, chegou às plataformas digitais em 2021. E, acredite, ainda me pego pensando nela. Não é uma daquelas séries que te deixa com a sensação de dever cumprido e pronto para seguir em frente. Reset te persegue, escava memórias, e questiona – com uma brutal honestidade – o que realmente significa a experiência humana.
A série explora, sem entregar os detalhes, o impacto da memória na construção de nossa identidade. Através de entrevistas impactantes e imagens viscerais (algumas que eu mesmo ainda evito reviver), Thomas guia o espectador por uma jornada introspectiva que investiga os mecanismos de como nossas lembranças moldam quem somos e o que fazemos. É um trabalho profundamente pessoal, mas com ressonância universal.
A direção é impecável. Não há firulas, não há cortes desnecessários. A simplicidade é, em si, um ato revolucionário. A câmera acompanha o olhar de Thomas, intensificando a sensação de intimidade e vulnerabilidade que ele transmite ao longo da série. Cada entrevista é conduzida com uma sensibilidade rara, um respeito silencioso que permite que os depoimentos se desenvolvam organicamente, sem pressa, sem julgamentos. O roteiro, por sua vez, é um exercício de precisão cirúrgica, construindo uma narrativa lenta e reflexiva, mas sempre engajadora. Nunca senti que estava assistindo a um documentário; a sensação era muito mais próxima de uma profunda conversa.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Elenco Principal | Dexter Thomas |
| Gênero | Documentário |
| Ano de Lançamento | 2021 |
E Dexter Thomas? Meu Deus, Dexter Thomas. Ele não é só o apresentador, ele é o coração pulsante da série. Sua vulnerabilidade é comovente, sua sinceridade brutalmente honesta. Ele se expõe completamente, permitindo-nos testemunhar sua jornada pessoal em busca de compreensão e autoaceitação. É uma performance que transcende o mero ato de apresentação; é uma performance visceral e inesquecível.
Os pontos fortes de Reset são inúmeros. A ousadia em abordar temas tão delicados com tamanha sutileza, a construção intimista da narrativa, a força da direção, e sobretudo, a excepcional atuação de Thomas. Mas, como qualquer obra-prima, a série também tem seus momentos de fragilidade. Em alguns momentos, a narrativa pode parecer vagarosa demais para alguns espectadores. A escolha por uma estrutura narrativa não linear pode ser desconcertante para aqueles que preferem narrativas mais diretas. No entanto, eu acredito que a lentidão, a fragmentação, são escolhas deliberadas e essenciais para a experiência proposta pela série.
A mensagem principal de Reset é complexa e multifacetada. Ela não oferece respostas fáceis, não propõe soluções mágicas. Ao contrário, a série convida o espectador a uma profunda introspecção, a confrontar suas próprias memórias, seus próprios traumas, suas próprias verdades. É um convite para questionar a natureza efêmera da memória e a construção fluida de nossa identidade.
Concluindo, Reset não é uma série para todos. Ela exige tempo, paciência, e uma disposição para mergulhar em águas profundas e turbulentas. Mas, se você está disposto a se entregar à sua experiência, será recompensado com uma jornada cinematográfica que ressoará em você muito depois dos créditos finais. Eu recomendo Reset sem hesitar, especialmente para aqueles que apreciam documentários reflexivos, introspectivos e corajosamente humanos. A série é um testamento da capacidade de uma obra audiovisual provocar mudanças profundas em quem a observa. No dia 23 de setembro de 2025, ainda a considero uma das produções mais importantes da última década.




