Ah, Resident Evil 4: Recomeço… 2010. Já se passaram uns bons quinze anos desde que ele chegou aos cinemas brasileiros, lá em 17 de setembro, quase simultaneamente com o lançamento global. E aqui estou eu, em pleno 2025, pensando nele de novo. Por quê? Talvez porque, para nós que crescemos com a saga nos consoles e acompanhamos a transição para as telonas, cada novo capítulo era um evento, mesmo que com a certeza de que a coerência narrativa seria, digamos, flexível. E “Recomeço” é um desses filmes que marcam um ponto, para o bem ou para o mal, na nossa memória fílmica.
Para quem se aventurava nesse mundo pós-apocalíptico, a premissa de “Recomeço” prometia uma virada. A Alice da Milla Jovovich, com sua aura de super-heroína melancólica e poderes que pareciam não ter limites, aqui vê suas habilidades sobre-humanas serem neutralizadas – um movimento que, para mim, sempre pareceu um jeito um tanto forçado de nivelar o campo de jogo e reintroduzir um senso de vulnerabilidade. De repente, ela precisa contar mais com a astúcia e, claro, com a companhia. E é aí que o filme, dirigido e escrito por Paul W. S. Anderson, a joga num cenário desolador, fugindo dos zumbis criados pelo vírus T e se reunindo a rostos familiares.
A Ali Larter como Claire Redfield já era uma figura conhecida da saga, mas a grande novidade, o Wentworth Miller como Chris Redfield, trouxe um quê de “Prison Break” para o apocalipse zumbi. E quer saber? Funcionou bem até, ele tem aquele ar de herói relutante que combina com o universo. Juntos, eles se refugiam com outros sobreviventes, incluindo personagens como Bennett (Kim Coates) e Crystal (Kacey Barnfield), numa prisão abandonada. Esse cenário, para mim, sempre evocou uma sensação claustrofóbica e de esperança falsa. A promessa de “Arcadia”, um santuário seguro, serve como o macguffin perfeito para a jornada, com um bando de zumbis selvagens – e uns mutantes bem mais agressivos – se interpondo entre eles e essa suposta segurança.
Agora, se você me perguntar sobre a ação… bom, “Resident Evil” nunca pecou pela falta dela, e “Recomeço” não é exceção. Paul W. S. Anderson tem uma queda por slow motion e coreografias estilizadas que, por vezes, são de tirar o fôlego e, por outras, te fazem rir um pouco da grandiosidade excessiva. Aquela cena na prisão abandonada, com os zumbis correndo em câmera lenta e os tiros pipocando, é um espetáculo visual. Mas a gente vê que a crítica sobre os “efeitos visuais irregulares” tem um fundo de verdade. Há momentos de puro deslumbramento e outros que me fazem pensar: “Será que economizaram no CGI ali?”. É uma balança instável que oscila entre o impressionante e o questionável, como em muitos filmes de ação com grandes ambições. E o clímax? Ah, o clímax. A comparação com “Matrix” que um crítico fez não é de todo injusta. É uma dança de balas e golpes que busca ser épica, mas que às vezes beira o pastiche.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Paul W. S. Anderson |
| Roteirista | Paul W. S. Anderson |
| Produtores | Paul W. S. Anderson, Jeremy Bolt, Don Carmody, Bernd Eichinger, Samuel Hadida, Robert Kulzer, 小林裕幸 |
| Elenco Principal | Milla Jovovich, Wentworth Miller, Ali Larter, Kim Coates, Kacey Barnfield |
| Gênero | Ação, Aventura, Terror, Ficção científica |
| Ano de Lançamento | 2010 |
| Produtoras | Screen Gems, Constantin Film, Davis Films/Impact Pictures |
Falando em roteiro… é onde a coisa complica para quem busca profundidade. “Recomeço” não se preocupa muito em amarrar pontas ou em desenvolver arcos complexos para seus personagens. A história é uma corrida desenfreada de um ponto A para um ponto B, com a promessa de “Arcadia” como um farol de esperança – um artifício narrativo que, a essa altura da série, já era quase uma piada interna. Mas, pera lá, será que a gente espera um roteiro shakespeareano de um filme com zumbis e super-soldados? Talvez não. O prazer aqui, para mim, reside mais na adrenalina bruta, na fuga constante, e na (muitas vezes bizarra) criatividade dos mutantes que a Umbrella joga na tela. É pura distopia, um futuro pós-apocalíptico onde a sobrevivência é o único mandamento e a corporação do mal, a Umbrella, é a onipresente sombra de um biohazard global, sempre com um Albert Wesker à espreita para escalar o nível de perigo. E para os persistentes, o filme entrega um “duringcreditsstinger” que mantém a tradição da série, deixando um gostinho para o próximo capítulo.
Então, quinze anos depois, como eu vejo Resident Evil 4: Recomeço? Ele é, sim, barulhento, talvez um pouco vazio no seu cerne e certamente não é um marco do cinema de terror ou ficção científica. Os produtores Paul W. S. Anderson, Jeremy Bolt, Don Carmody, Bernd Eichinger, Samuel Hadida, Robert Kulzer e 小林裕幸, com o apoio da Screen Gems, Constantin Film e Davis Films/Impact Pictures, entregaram o que se esperava de um Resident Evil de Paul Anderson: um espetáculo visual que prioriza a ação em detrimento da trama.
Mas ele tem um lugar. É um divertimento culposo? Talvez. Uma explosão de ação sem grandes pretensões? Definitivamente. Para os fãs da saga, é mais um capítulo na jornada de Alice, com a adição bem-vinda de personagens queridos dos jogos. Para o espectador casual, pode ser uma montanha-russa visual que nem sempre faz sentido, mas que te mantém grudado na cadeira com a promessa de mais um zumbi desfigurado ou uma explosão grandiosa. No final das contas, ele faz o que se propõe: entrega espetáculo, mesmo que o cérebro precise ser deixado um pouco de lado. E, às vezes, é só isso que a gente quer depois de um longo dia, né?




