Resident Evil: Bem-Vindo a Raccoon City

Raccoon City: Uma Necrópole que Merece um Enterro Digno (ou não?)

Há quatro anos, em 2 de dezembro de 2021, chegava aos cinemas brasileiros Resident Evil: Bem-Vindo a Raccoon City, um reboot da franquia cinematográfica baseado nos primeiros jogos da saga. Lembro-me bem da expectativa, misturada com ceticismo. A franquia, até então, tinha um histórico… conturbado. Este novo filme prometia fidelidade aos games, mergulhando na atmosfera sombria e nos personagens icônicos dos títulos originais. Mas será que cumpriu a promessa? A resposta, como a maioria das coisas em Raccoon City, é complexa.

O filme nos apresenta à cidade decadente que dá nome ao longa, outrora lar da poderosa Umbrella Corporation. Com a saída da empresa, Raccoon City se transformou numa cidade fantasma, onde um mal horrendo, cuidadosamente cultivado em laboratório, está prestes a ser libertado. Um grupo de sobreviventes, entre eles a inesquecível Jill Valentine e o sempre durão Chris Redfield, precisa lutar pela sobrevivência enquanto descobrem a verdade por trás dos experimentos secretos da Umbrella. Tudo isso, envolto em uma atmosfera opressiva e repleta de sustos.

Johannes Roberts, diretor e roteirista, demonstra um carinho evidente pelos jogos. O filme consegue capturar a estética sombria e claustrofóbica dos primeiros Resident Evil, especialmente o terror psicológico que permeava a mansão Spencer. A escolha de filmar com uma estética mais próxima dos anos 90 também colabora para a imersão. No entanto, a tentativa de fidelidade, por vezes, se mostra um tiro pela culatra. O roteiro, embora repleto de referências aos jogos, sofre com uma estrutura narrativa atropelada e com algumas escolhas narrativas questionáveis. A trama tenta abarcar muitos elementos dos jogos originais, resultando numa narrativa fragmentada e que, em alguns momentos, deixa o ritmo cansativo.

Atributo Detalhe
Diretor Johannes Roberts
Roteirista Johannes Roberts
Produtores Robert Kulzer, Hartley Gorenstein, James Harris
Elenco Principal Kaya Scodelario, Hannah John-Kamen, Robbie Amell, Tom Hopper, Avan Jogia
Gênero Ação, Terror, Ficção científica
Ano de Lançamento 2021
Produtoras Constantin Film, Screen Gems, Davis Raccoon Films

As atuações são um ponto misto. Kaya Scodelario e Hannah John-Kamen se saem bem em seus papéis como Claire e Jill, respectivamente, transmitindo a fragilidade e a determinação das personagens. Já Robbie Amell, como Chris, me pareceu um tanto apático, faltando-lhe a força e a brutalidade do personagem dos games. Tom Hopper, como Wesker, consegue impor presença, mas sua interpretação poderia ser mais trabalhada. Avan Jogia como Leon, aparece num papel bem breve, pouco impactante. Em resumo, o elenco cumpre o seu papel, mas não se destaca excepcionalmente.

Pontos Fortes e Fracos

Resident Evil: Bem-Vindo a Raccoon City acerta na atmosfera. A fotografia escura, a trilha sonora tensa e os cenários sombrios criam um clima de constante apreensão. A ambientação claustrofóbica da delegacia de polícia e a sinistra mansão Spencer são cuidadosamente reproduzidas, levando o espectador de volta à experiência de jogar os games originais.

Por outro lado, o roteiro sofre com problemas de ritmo e falta de coesão. A tentativa de encaixar tantos elementos dos jogos em um único filme resulta em uma narrativa apressada e pouco desenvolvida. Alguns personagens são pouco explorados, enquanto outros parecem servirem apenas para cumprir cota. O filme também peca por não explorar ao máximo o potencial do terror psicológico, caindo mais em sustos baratos do que em momentos verdadeiramente perturbadores. E a presença de um during credits stinger – que, honestamente, achei desnecessário – só serve como um aviso de que a produtora tinha mais ideias do que capacidade de implementá-las num único longa-metragem.

Temas e Mensagens

O filme aborda temas relevantes, como o perigo da ambição desmedida e as consequências da experimentação científica irresponsável. A Umbrella Corporation, a corporação fictícia, serve como uma metáfora para as grandes empresas que colocam o lucro acima da vida humana, um tema atemporal e inquietante.

Conclusão

Bem-Vindo a Raccoon City é um filme irregular. Um experimento corajoso, mas falho em certos aspectos. Para os fãs hardcore dos games, certamente será uma experiência nostálgica. Aquele sentimento de reviver momentos e locações conhecidas poderá compensar as falhas narrativas. No entanto, para quem não está familiarizado com a franquia, o filme pode ser um tanto confuso e decepcionante. Ao final das contas, a experiência ficou mais próxima de uma visita a um cemitério de Raccoon City do que a uma celebração verdadeira dos jogos que o inspiraram. Recomendo apenas para aqueles que se sentem atraídos pela nostalgia ou que são fãs obstinados da franquia. Caso contrário, há inúmeras outras opções de terror e ficção científica no catálogo de streaming de sua preferência.

Trailer

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