RoboCop 2: Uma Sequência Que Se Perde na Multidão, Mas Encontra seu Propósito
Em 1990, o mundo se preparava para mais uma investida do implacável policial-andróide em Detroit. Trinta e cinco anos depois (a partir de 18 de setembro de 2025), assisti novamente a RoboCop 2, e posso dizer com segurança: a experiência é complexa, e longe de ser uma simples repetição do sucesso original. O longa-metragem, dirigido por Irvin Kershner, nos apresenta novamente a RoboCop (Peter Weller), lutando contra uma onda de violência desenfreada alimentada por uma nova droga devastadora, Nuke. Ao mesmo tempo, a Omni Consumer Products (OCP) planeja lançar um novo modelo de robô, o RoboCop 2, que ameaça a própria existência do nosso herói metálico.
A premissa é promissora, e, honestamente, em alguns momentos, o filme até entrega uma experiência satisfatória. A sinopse, sem grandes spoilers, resume bem a trama: é uma luta contra o crime organizado e a própria corporação que criou RoboCop, tudo sob o peso de uma cidade à beira do colapso social. A direção de Kershner, embora não alcance a maestria visual de Paul Verhoeven no primeiro filme, consegue momentos de ação memoráveis e uma fotografia que retrata bem a decadência de Detroit. A estética cyberpunk ainda se mantém forte, criando um cenário sombrio e fascinante que continua a impactar, mesmo após décadas.
Porém, é na construção narrativa que RoboCop 2 tropeça. O roteiro, assinado por Frank Miller e Walon Green, tenta abarcar muitas ideias – a questão da corrupção política, o abuso de drogas e a ética da tecnologia – e, no processo, acaba se perdendo em uma trama confusa e sobrecarregada. A introdução de Cain (Tom Noonan), o vilão principal, apesar de possuir momentos memoráveis de pura loucura psicótica, soa pouco desenvolvida. Sua motivação, embora presente, carece da profundidade e do impacto necessário para um antagonista tão central. O vilão de fato, neste contexto, poderia até ser a própria OCP e seu desejo incessante de lucro e controle.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Irvin Kershner |
Roteiristas | Frank Miller, Walon Green |
Produtor | Jon Davison |
Elenco Principal | Peter Weller, Nancy Allen, Tom Noonan, Belinda Bauer, Willard E. Pugh |
Gênero | Ação, Aventura, Crime, Ficção científica, Thriller |
Ano de Lançamento | 1990 |
Produtora | Orion Pictures |
Peter Weller, mais uma vez, está impecável como RoboCop. Ele consegue transmitir a dualidade do personagem – a máquina implacável e o resquício de humanidade de Alex Murphy – com uma sutileza admirável, mesmo com o aumento da violência e dos efeitos visuais (para a época, impecáveis). Nancy Allen, como a oficial Anne Lewis, entrega mais uma vez uma atuação sólida, embora seu papel seja, mais uma vez, relegado a segundo plano. A atuação de Tom Noonan merece menção especial: sua interpretação frenética e imprevisível de Cain é o ponto alto do filme.
A maior força do filme reside, sem dúvida, na sua crítica social. RoboCop 2, em 1990, já antecipava alguns dos problemas contemporâneos, como a proliferação de drogas sintéticas, a desigualdade social e o poder descontrolado das grandes corporações. Essa visão permanece inquietantemente relevante em 2025. Porém, a tentativa de abordar esses temas de forma tão abrangente acaba diluindo seu impacto.
Em resumo, RoboCop 2 é uma experiência cinematográfica ambígua. Ele falha em alcançar a grandeza do seu antecessor, mas ainda consegue entreter e provocar reflexões importantes. Seu ritmo irregular e a trama às vezes confusa são seus pontos fracos mais significativos. Mas a qualidade das atuações, a estética cyberpunk marcante e a crítica social perspicaz o elevam acima de uma simples sequência esquecível. Recomendaria sua visualização a fãs do primeiro filme e apreciadores do gênero cyberpunk, mas com a ressalva de que a experiência pode ser um pouco frustrante para aqueles que esperam uma obra-prima. Apesar de todas as suas falhas, RoboCop 2 continua sendo um produto da sua época, refletindo, e por isso, até hoje, fascinante. Três estrelas, como muitos críticos já disseram, uma nota justa para um filme que tenta muito, mas não acerta completamente o alvo.