Sachertorte: Uma Fatia de Doçura e Amargura em Viena
Confesso: cheguei a Sachertorte: Como Encontrar o Amor com certo ceticismo. A sinopse, admito, soou um tanto piegas, quase uma receita de comédia romântica genérica temperada com o exótico cenário vienense. Mas, três anos depois de seu lançamento em 2022, aqui estou, surpreendido e, ouso dizer, encantado. Este longa-metragem, dirigido por Tine Rogoll, transcende a previsibilidade inicial e oferece uma experiência cinematográfica tão rica e complexa quanto a própria Sachertorte.
O filme acompanha Karl, um homem que perde o número da mulher de seus sonhos, Nini, e a busca, quase obsessiva, por reencontrá-la em um café vienense icônico. Essa premissa, aparentemente simples, abre espaço para uma exploração mais profunda da solidão moderna, da busca pelo amor e, surpreendentemente, da amizade. Não espere explosões de romance hollywoodiano; “Sachertorte” é uma comédia romântica, sim, mas com um sabor amargo e realista, que se aproxima mais de um conto de fadas para adultos.
A direção de Rogoll é primorosa. A câmera passeia pelas ruas charmosas de Viena com uma delicadeza que captura a beleza da cidade sem ser intrusiva. A trilha sonora, discreta, mas presente, contribui para a atmosfera melancólica e encantadora que permeia a narrativa. O roteiro, assinado por Stephanie Leitl, Wenka von Mikulicz e Robin Getrost, consegue equilibrar o humor com momentos de profunda introspecção, evitando cair nos clichês do gênero.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretora | Tine Rogoll |
| Roteiristas | Stephanie Leitl, Wenka von Mikulicz, Robin Getrost |
| Produtores | Christoph Daniel, Kirstin Wille, Marc Schmidheiny |
| Elenco Principal | Max Hubacher, Maeve Metelka, Detlev Buck, Maria Happel, Karl Fischer |
| Gênero | Drama, Comédia, Romance |
| Ano de Lançamento | 2022 |
| Produtoras | DCM Pictures, Film AG |
O elenco entrega performances sólidas. Max Hubacher, como Karl, consegue transmitir a vulnerabilidade e a obsessão do personagem sem soar caricato. Maeve Metelka, como Miriam, a confeiteira que entra na vida de Karl, rouba a cena com sua energia contagiante e sua interpretação sutil, mas poderosa. A química entre os atores é palpável, contribuindo para a construção de uma narrativa envolvente. Os atores coadjuvantes, apesar do tempo de tela reduzido, completam o quadro com performances eficazes.
A maior força do filme reside em sua capacidade de explorar temas complexos com leveza e sensibilidade. A busca incansável de Karl por Nini, inicialmente percebida como uma obsessão, revela-se uma metáfora para a busca por um sentido de pertencimento e felicidade. A amizade que ele desenvolve com Miriam mostra como o amor pode surgir nos lugares mais inesperados, e a importância das conexões humanas. É nesse delicado equilíbrio entre a comédia e o drama que “Sachertorte” encontra sua força maior, em sua humanidade despretensiosa.
Apesar de seus muitos acertos, o filme não está livre de suas falhas. Alguns diálogos poderiam ser mais ágeis, e o ritmo da trama apresenta alguns momentos de lentidão. Mas, sinceramente, essas pequenas falhas são perdoáveis, superadas pela beleza da narrativa e pela mensagem de esperança que o filme transmite.
Em resumo, Sachertorte: Como Encontrar o Amor é uma comédia romântica diferente, um filme que te convida a saborear lentamente cada momento, como uma fatia de Sachertorte. É uma obra que vai te surpreender, te emocionar, e talvez até te fazer refletir sobre a complexidade do amor e da vida. Para quem busca um filme leve, mas com profundidade, com uma pitada de melancolia e uma dose generosa de charme vienense, a recomendação é uma só: assista. Você não se arrependerá. Acho até que, daqui a alguns anos, este filme vai ser considerado um pequeno clássico cult. Deixe-me adivinhar, já disponível em plataformas digitais para você saborear!




