Sem Escalas: Um Thriller em Alturas que Decola e Cai
Onze anos se passaram desde que embarquei em Sem Escalas, e a experiência continua a me assombrar, não pela qualidade cinematográfica em si, mas pela sua ousadia e pela forma como, apesar de suas falhas, consegue prender a atenção do início ao fim. Lembro-me de ter saído do cinema com uma mistura de admiração e frustração, uma sensação que, olhando retrospectivamente, em 24/09/2025, se mantém praticamente intacta.
O filme nos joga em um voo transatlântico de Nova York a Londres, onde Bill Marks (Liam Neeson, sempre impecável nesse tipo de papel), um agente federal aposentado, recebe mensagens anônimas: um passageiro será morto a cada 20 minutos se US$ 150 milhões não forem depositados numa conta offshore. A trama se desenvolve em um cenário claustrofóbico, o interior de um avião, com o tempo correndo contra Bill, que precisa desvendar a ameaça antes que mais sangue seja derramado. A atmosfera de suspense é palpável, construída com maestria na edição e na fotografia, que utilizam o espaço confinado para intensificar a tensão. Sem spoilers, adianto apenas que a solução do enigma é tão instigante quanto inesperada, o que justifica o sucesso em manter a narrativa tensa até os créditos finais.
A direção de Jaume Collet-Serra, que mais tarde dirigiria Neeson em outros filmes de ação, é eficiente na construção do suspense, mas peca em alguns momentos por optar por soluções visuais fáceis. A câmera treme excessivamente em algumas cenas de ação, um recurso que, em vez de aumentar a tensão, acaba por causar um certo cansaço visual. O roteiro, assinado por John W. Richardson, Christopher Roach e Ryan Engle, tem seus momentos brilhantes, com reviravoltas inteligentes e diálogos tensos, mas também sofre de algumas inconsistências e conveniências narrativas que, em uma análise fria, soam artificiais.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Jaume Collet-Serra |
Roteiristas | John W. Richardson, Christopher Roach, Ryan Engle |
Produtores | Alex Heineman, Andrew Rona, Joel Silver |
Elenco Principal | Liam Neeson, Julianne Moore, Scoot McNairy, Michelle Dockery, Nate Parker |
Gênero | Ação, Thriller, Mistério |
Ano de Lançamento | 2014 |
Produtoras | Silver Pictures, StudioCanal, Anton Capital Entertainment, LOVEFiLM International |
As atuações, no entanto, salvam a produção. Liam Neeson, como sempre, está à altura do desafio, transmitindo a fragilidade e a determinação de seu personagem com naturalidade. Julianne Moore, como Jen Summers, a médica que se torna cúmplice de Bill, também entrega uma performance sólida, apesar de seu personagem ser, convenhamos, um pouco subdesenvolvido. O elenco de apoio, incluindo Scoot McNairy e Michelle Dockery, contribui para criar um ambiente de desconfiança generalizada a bordo.
Um dos pontos fortes do filme é a sua capacidade de manter o espectador em suspense até o final. A trama se desenrola de forma inteligente, com pistas cuidadosamente distribuídas, levando a uma conclusão surpreendente. Por outro lado, a falta de aprofundamento em alguns personagens e a insistência em alguns clichês de thriller de avião são pontos fracos que, apesar do bom trabalho da direção, ficam explícitos. A ausência de uma exploração mais profunda das motivações dos vilões também se destaca como uma falha.
Sem Escalas se propõe a discutir temas como terrorismo, conspiração e a paranoia inerente a uma sociedade globalizada e tecnologicamente interconectada. Entretanto, a profundidade do tema fica em segundo plano, em detrimento da ação frenética. A mensagem, se é que existe uma, é leve e se limita à necessidade de questionar tudo e todos em situações extremas.
No final das contas, Sem Escalas é um thriller eficiente, que cumpre sua proposta de entreter, mas que não se destaca pela sua originalidade ou profundidade. Em 2014, gerou uma discussão moderada entre críticos, e em 2025, a percepção permanece bastante similar. Se você procura um filme de ação com Liam Neeson para assistir em uma noite, este longa-metragem supre bem a necessidade. Mas não espere uma obra-prima ou uma análise social profunda. Ele entrega exatamente o que promete: suspense, ação e uma dose considerável de adrenalina. A recomendação é para os fãs do gênero que buscam entretenimento descomprometido. A experiência é satisfatória, mas não transformadora.